Como as culturas colaborativas incentivam o desenvolvimento profissional nas organizações?

Bemind
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5 min readDec 19, 2016

Você já deve ter reparado que há princípios e comportamentos bastante diferentes entre empresas, certo? Isso ocorre porque suas culturas organizacionais diferem. Aqui estão abarcadas normas, regras internas, missão, visão e valores que regem a identidade organizacional e o comportamento de seus profissionais. A cultura organizacional norteia estratégias, decisões e procedimentos internos.

O especialista em administração de empresas e recursos humanos, Idalberto Chiavenato, no livro Gestão de Pessoas, delimita a existência de culturas organizacionais não-adaptativas (conservadoras na manutenção de ideias, valores e práticas que não evoluem ao longo do tempo e não acompanham as alterações do mercado) e as culturas adaptativas (empresas que apresentam maior maleabilidade e flexibilidade, tendo grande foco em inovação e no desenvolvimento profissional).

No artigo de hoje, daremos mais ênfase às empresas de cultura organizacional adaptativas, que estimulam a colaboração e a cocriação. Se você deseja trabalhar em uma empresa com esse foco ou mesmo transformar a organização em que já atua, confira as dicas a seguir!

Ambiente corporativo atual

Após as mudanças ocorridas nas organizações a partir do cenário de recessão, crise e surgimento de novas tecnologias, surgiu a expressão “novo normal” (new normal) para designar o ambiente corporativo de nossos dias.

Neste cenário, muitas empresas (sobretudo as de cultura adaptativa) já perceberam que, para criar diferencial e vantagem competitiva, o capital humano é fundamental.

Por isso, passaram a perceber que, para ter uma equipe engajada, é preciso pensar nos colaboradores como os primeiros clientes da empresa (visão de cliente interno), uma vez que eles precisam ter senso de pertencimento e a percepção de que seu trabalho é significativo e tem valor.

Aqui, o interesse não está em ganhar apenas salários maiores, mas sim em sentir-se inserido em um ambiente em que colaboração, valorização do colaborador, objetivos compartilhados e desenvolvimento profissional falam mais alto.

Uma das estratégias para isso é criar uma cultura colaborativa dentro da empresa.

O poder das equipes conectadas e em sinergia: perfil das empresas colaborativas

As empresas colaborativas são as que incentivam seus funcionários a aplicarem continuamente seus talentos particulares a projetos cocriados em equipes. Todos têm voz e têm vez para expor seu conhecimento e gerar aprendizado social. Isso gera a satisfação de se ter um objetivo em comum alcançado, não apenas o ganho pessoal do processo.

De acordo com estudo, há uma relação entre colaboração e inovação, o que torna as empresas colaborativas mais competitivas em um mercado que exige, cada vez mais, a entrega de valores junto a qualquer produto ou serviço.

Nesse tipo de organização, consegue-se combinar o senso de propósito compartilhado a uma estrutura de apoio conjunto, gerando projetos inovadores, criativos e diferenciados, além da agilidade, produtividade, escalabilidade e eficiência dos profissionais, que perceberão o papel fundamental que possuem para os resultados da empresa. Com isso, há um incremento na satisfação dos colaboradores, que trabalham mais motivados, integrados e focados nos objetivos do negócio e em seu desenvolvimento profissional.

São exemplos de organizações que incentivam a cultura colaborativa a IBM, o Citibank e a Nasa. Conforme publicado pela Harvard Business Review, a adoção desse modelo de ambiente colaborativo de trabalho contribuiu para a redução das taxas de erros em 75% e para o incremento da produtividade das equipes em 10%.

O papel do RH na implantação de um ambiente colaborativo

Nas empresas colaborativas, o papel do RH foi ressignificado, assumindo uma centralidade na implementação desse tipo de ambiente.

As funções tradicionais de departamento pessoal, treinamento e recrutamento e seleção foram atualizadas visando dar mais agilidade e efetividade para os processos.

A tecnologia é utilizada como grande aliada, possibilitando dinâmicas de seleção por meio de hackatons, aprendizado de máquina (Machine Learning) para criar ações de motivação e retenção dos funcionários e utilizando metodologias como o Learning Paths (método de aprendizagem que auxilia no desenvolvimento de indivíduos e equipes).

Além disso, o RH também é responsável por impulsionar a criação de um ambiente e clima interno em que se valorize e recompense o comportamento colaborativo das equipes e o desenvolvimento das lideranças, que passam a não mais serem vistos como “chefes”, mas como “facilitadores” para seus times.

Como reforçar um ambiente de colaboração?

Entre os meios para reforçar o ambiente colaborativo e de empoderar o colaborador está a descentralização do processo de tomada de decisões, a flexibilidade para que o funcionário resolva suas demandas de acordo com sua avaliação sobre o melhor método, o reconhecimento das equipes e a criação de espaços físicos colaborativos, com objetos e layout que estimulem a interação e a cocriação de ideias.

Além disso, há métodos de gestão e tecnologia social, como é o caso da holocracia (holacracy), que retira o poder hierárquico apenas do topo da pirâmide organizacional e o redistribui aos colaboradores, que passam a desenvolver papéis e não cargos nas empresas, atuando em círculos semi-independentes e sobrepostos.

A holocracia adiciona à cultura da empresa a valorização de seus profissionais e de seu poder criativo, gerando empoderamento do colaborador e contribuindo para maior agilidade no processo de tomada de decisões, otimização do fluxo de informação (conectando os funcionários em prol de um mesmo objetivo), incentivo à inovação e na preparação das organizações para aprenderem e a responderem mais rapidamente às mudanças de mercado e às demandas de seus clientes.

A Zappos e a startup Medium são exemplos de organizações que já utilizam a holocracia. O líder de implementação da holocracia na Zappos, em entrevista à Harvard Business Review, afirmou que o principal desafio encontrado foi fazer essa nova cultura ser entendida e aplicada na empresa, por isso, foi estipulado um período para treinamento e educação, mas não apenas para divulgar as novas regras do jogo, mas para compartilhar os motivos dessa mudança e os benefícios que uma estrutura não hierarquizada e que estimula a colaboração trazem não apenas para a organização, mas para o desenvolvimento profissional do colaborador. Nesse sentido, novamente, um RH estratégico é fundamental.

A cultura de sua empresa já é colaborativa? Você conhece algum outro exemplo de organização que reforce os ambientes colaborativos? Deixe sua mensagem nos comentários!

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