Economia colaborativa, tecnologia e inovação serão o futuro do mercado?

Bemind
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5 min readApr 25, 2017
Fonte imagem: ElPublicista

Imagine viver em um mundo sem propriedades. Você não precisa ter nada, pois tudo o que utiliza no seu dia a dia é alugado e compartilhado com outras pessoas. Você paga exatamente pelo que usa e somente quando usa. Um mundo em que o empréstimo é a norma e ter coisas é apenas um luxo fora de moda. Esta é a “economia colaborativa”, também conhecida como “economia compartilhada”, um conceito que cada vez mais tem se tornado comum em nosso cotidiano.

Na pesquisa The Sharing Economy, a empresa de consultoria PwC fez uma projeção de que a receita anual movimentada por startups que adotaram a economia colaborativa como modelo de negócio passará de US$ 15 bilhões, em 2014, para US$ 335 bilhões, em 2025.

Na América Latina, o Brasil já é líder no mercado de economia colaborativa. Um estudo realizado pela escola de negócios IE Business School, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Ministério da Economia e Competitividade espanhol, mostrou que, entre as empresas colaborativas, 32% delas foram fundadas no Brasil, ultrapassando Argentina e México, com 13% cada.

Os principais setores de operação dessas empresas são os de serviços para empresas (26%), transporte (24%) e aluguel de espaços físicos (19%).

Saiba, no artigo de hoje, como é o mercado da economia colaborativa e como tecnologia e inovação estão relacionadas a esse segmento. Confira!

Tecnologia e inovação na economia colaborativa

O conceito da economia colaborativa já existe há uma década, e tem como seus principais aliados a internet e a tecnologia móvel. Startups tem apostado no compartilhamento, na troca de serviços e objetos, como forma de solucionar problemas e necessidades dos usuários de forma inovadora.

No mundo atual, cada vez menos pessoas compram um CD de música ou um DVD de filme quando é possível fazer uma assinatura para consumir esse tipo de conteúdo online e de forma ilimitada.

No trabalho, você já pode alugar uma mesa e trabalhar em um escritório compartilhado com profissionais contratados por diferentes empresas.

Na esfera pessoal, ao invés de comprar roupas novas, você pode simplesmente trocar por seminovas. Em uma viagem, em vez de ficar em um hotel, você paga para utilizar a casa de um desconhecido.

Essa gentileza entre estranhos é sustentada por sistemas de reputação e recomendações, em um modelo em que o papel de consumidor e de fornecedor se tornam difusos.

É claro, ainda estamos em uma fase inicial da economia colaborativa, o que ainda requer uma mudança radical na nossa cultura do consumo.

Muitas pessoas não alugariam o seu PlayStation ou a sua furadeira para um desconhecido, por exemplo. Muitos não devem estar propensos a emprestar o seu carro para alguém que nunca viram na vida, mas provavelmente já pensam na possibilidade de desistir da compra de um novo carro.

Dessa forma, aos poucos, a economia colaborativa está sendo introjetada nas empresas, nos lares e em nossa forma de ver o mundo.

O movimento por um capitalismo mais consciente, sem os excessos do hiperconsumo, tem ganhado cada vez mais força no mundo, impulsionado principalmente pelas recentes crises econômicas globais e pelo discurso da sustentabilidade e da consciência socioambiental.

De acordo com um estudo, 85% dos brasileiros entendem que o progresso não está relacionado a consumir mais, mas sim a consumir melhor. A mesma pesquisa aponta que 86% dos clientes estão prestando mais atenção ao impacto no meio ambiente ou na área social de suas opções de consumo.

Há uma relação intrínseca entre a economia colaborativa e o conceito de give back, give first. Sob esse prisma, as empresas existem para solucionar os problemas das pessoas e há um entendimento de que, para receber resultados para a organização, ela, primeiramente, deve dar algo. Isso quer dizer que a busca por colaborar na melhoria das comunidades nas quais as empresas estão inseridas faz parte de sua cultura e que consumidores e organizações, juntos, colaboram para um futuro melhor.

Os cases de sucesso

Na economia colaborativa, são comuns os negócios P2P — de pessoa para pessoa –, muitas vezes mediados por soluções tecnológicas inovadoras.

Ainda não sabemos como a economia colaborativa irá evoluir ou como a economia e a legislação vão se adaptar às novas tecnologias, mas já estamos vislumbrando uma parte deste futuro. E também seus desafios.

No Brasil, o Uber é o caso mais emblemático de economia colaborativa. Ele é um aplicativo que oferece motoristas particulares para atender aqueles usuários que tradicionalmente utilizariam o serviço de táxi.

A grande inovação é a experiência do cliente. Na Uber, os carros podem ser solicitados pelo celular, as corridas têm tarifas mais justas, o pagamento é feito pelo próprio aplicativo, entre outras facilidades concedidas para seus usuários.

Entretanto, a inovação tem seu preço. A Uber recorrentemente acaba envolvida em polêmicas a cada nova cidade que a empresa começa a atuar. A pressão dos taxistas é forte e os governos se desdobram para legalizar ou proibir a novidade tecnológica.

Revolução parecida também chegou à indústria hoteleira, com o Airbnb. Hoje, qualquer pessoa pode alugar um sofá, um quarto ou mesmo toda a casa para turistas e mochileiros, oferecendo o mesmo atendimento de um hotel ou até mesmo uma experiência melhor.

No entanto, assim como os taxistas, os donos de hotéis são os principais críticos do serviço, alegando falta de segurança para os usuários, sonegação de impostos ou concorrência desleal.

Para muitos, a economia colaborativa é vista como uma forma de “profissionalização dos bicos”. A verdade é que, em um mundo cada vez mais complexo e mutável, não há garantias de que aquele modelo de negócio tradicional permanecerá rentável no futuro.

O modelo tradicional de economia é baseado na posse e no acúmulo de bens. Já na economia colaborativa, o foco está no usufruir e não na posse. Assim, no modelo tradicional se produz, se vende e se revende ou descarta os produtos adquiridos. Na economia colaborativa, são feitas diversas outras transações após a aquisição inicial, por meio de compartilhamentos.

A inovação é a chave para o futuro e a emergência de uma legislação mais colaborativa é uma questão de tempo. Aquele negócio que não acompanhar as tendências das novas tecnologias e as novas exigências dos consumidores, fatalmente ficará para trás e perderá sua relevância e lugar no mercado.

Você já conhecia a economia compartilhada? Conhece outros cases de sucesso que investiram em tecnologia e inovação? Compartilhe conosco nos comentários!

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