Janaína

Iniciamos nossas conversas com a Janaína por WhatsApp, solicitamos conversar com ela e explicamos brevemente sobre a pesquisa. Prontamente ela nos respondeu, sempre muito solicita e disposta a nos ajudar. Mas o que nos chamou a atenção nas conversas com ela foi a sua voz forte e potente. Ficamos imaginando a mulher da qual vinha aquela voz, construímos mentalmente nossa imagem, e fomos no hora e dia marcados. Que surpresa ao encontrarmos com ela, pois é pequena, esguia, pele e cabelos muito claros e tem movimentos rápidos. Em nada essa Janaina real se relacionava com a que havia sido criada em nosso imaginário. Mas foi apenas ela começar a falar, entre muitos sorrisos e um bom café que entendemos a força que Janaína tem e percebemos que sua voz combina perfeitamente com sua personalidade.

Janaína é uma mãe de santo que pratica benzimentos através de seus guias, ou entidades. Ela é praticamente da umbanda almas e angola. Mas a sua relação com benzimentos vêm de muito tempo, pois sua vó materna era benzedeira.

“A mãe da minha mãe era uma benzedeira nata. Era a Dona Dolores, muito conhecida aqui no Saco dos Limões, já é falecida a mais de 17 anos. E a vó fazia, vinha gente de todos os lugares, ela benzia responso, cobrero, quando alguém perdia algum objeto, ela ensinava orações, tem uma até hoje eu faço e sempre me dá certo. (…) E enfim a vó benzia crianças com verme, bronquite, curou muita coisa, pessoas que sumiam, pessoas que roubavam objetos até moto, carro, ela conseguia ver, copinho de água, benzia, achavam! Então assim, já vem de família.” E depois explicou

“A vó benzia, a vó mesmo, sem a incorporação da Preta Velha, da entidade.” E nos explica que com ela é difernte, ela benze com a incorporação dos guias ou entidades.

“tenho muita fé mas não tenho também nunca tentei benzer ninguém sem o meu guia. Nunca tentei morro de medo! Porque não sei, sei orações, mas eu acho que eu não sou pura o suficiente pra fazer isso entendeu? Eu não me sinto preparada pra isso.”

Janaína nos ensinou uma reza, que sua vó fazia para encontrar objetos perdidos.

“Mão que tampastes o objeto (celular, a chave), mão que destampe. Mão que tampastes, mão que destampe. Mão que tampastes, mão que destampe. Em nome de Deus, da Virgem Maria, amém.”

Oração para quando a criança no está dormindo bem, que “troca o dia pela noite”.

“Pega um galhinho de alecrim, faz uma cruzinha, não pode amarrar não pode dar nó, só enrola com a linha branca, faz um galhinho. Vai no travesseiro da criança. Aí o nome da criança, vamos supor, eu vou usar o nome do Gabriel aqui. “Gabriel, vou benzer tua cama porque vais te deitar. Assim como Nosso Senhor Jesus Cristo benzeu o altar.”Repete três vezes, na terceira vez acrescenta: “Em nome de Deus e da Virgem Maria, amém.” Pega a cruzinha de alecrim bota debaixo do travesseiro da criança, deixa ali por 7 dias, quando secar, vai no mar, que a gente chama de calunga grande, vai no mar, despacha, despacha essa cruzinha “Em nome do nosso Pai Oxalá, peço licença pra nossa mãe Iemanjá, pra fazer essa entrega na sua morada.” Entrega, salva de novo, dá três passinhos pra trás e vai embora.

Outra oração que ela nos ensinou é para Olho Grande

“Que esse olho grande que existe na Terra não vai cair em mim. Porque Oxalá, que é Deus, Jesus Cristo, me proteje.

Que esse olho grande que existe na Terra não vai cair em mim. Porque Oxalá, que é Deus, Jesus Cristo, me proteje.

Que esse olho grande que existe na Terra não vai cair em mim. Porque Oxalá, que é Deus, Jesus Cristo, me proteje.

Em nome de Deus, da Virgem Maria, das santas almas benditas — que são todos os Pretos Velhos — amém.”