Roma Tropical

Renan Honorato
Besouros Verdes Gigantes
2 min readNov 5, 2020

Os Pontapés que guiam a Democracia

Depois duma acirrada & polarizada disputa presidencial, as eleições municipais tornaram-se a nova atração dos confinados pela pandemia. Segundo o Datafolha divulgado nessa quinta-feira (22), Bruno Covas (PSDB) & Celso Russomano (Republicanos) são as duas pessoas que lideram as intenções de voto. Esse banho de água gelada depois de um dia quente de verão me fez perguntar: afinal de contas o que é ser cidadão?

Em Roma, após a queda do último rei romano Lúcio Tarquínio Soberbo (que sobrenome!) foi instaurada a República romana aos moldes atenienses. O “cidadão ativo” era todo aquele capaz de exercer as atividades políticas, desde que fosse: homem, rico, não tão jovem e nascido em Roma. Todavia, ao decorrer das conquistas territoriais e comerciais sobre outras regiões, o conceito de cidadão foi levemente modificado. A partir desse momento, a cidadania passou a ser uma ferramenta de exercer poder, autoridade & contenção. Outra coisa que acompanhou ativamente a democracia romana foram as crises & disputas: Tibério & Caio Graco, Mario César & Sula e, não podendo esquecer, Júlio César & Pompeu.

Depois de muitas iniciativas destrutivas por parte dos “casais romanos”, a Democracia abandonou os cumes da península itálica dando lugar as Monarquias Absolutistas. Vários foram os filósofos que começaram a indagar sobre o destino divino de governar de seus reis, sendo os Iluministas os maiores exemplos. Filósofos, em sua maioria franceses, elaboraram ideias acerca da Liberdade & da Igualdade, entre eles Locke, Voltaire e Rousseau. Surgiram também os Direitos Civis (XVIII), os Direitos Políticos & Sociais (XIX) & os Direitos Humanos (XX). O “cidadão iluminista” era livre e igual perante as leis, tendo direito a vida e ao saber, ou seja, o Estado deveria fornecer as condições não só de sobrevivência, mas de vivência, como educação, lazer & esperança no Futuro.

Enquanto essas reviravoltas & pontapés ocorriam na Europa, o Brasil passava por uma série de golpes, ditaduras, novas constituições & leis contra biquínis. Porém, sobrevivemos & aqui estamos, em meio a uma pandemia de um vírus que já matou mais de 150 mil brasileiros, governados por um milico que se recusa a comprar uma vacina de origem “esquerdista”, os conceitos de cidadão parecem ainda uma herança romana: homens, brancos & endinheirados. As eleições municipais serão a prova viva se nós, brasileiros, temos mesmo a memória fraca para a História, portanto, não façamos novamente como os romanos, não deixemos na mão de “casamentos perfeitos” o destino de nossos filhos, pois de seu divórcio sairá o fogo, a perda & o luto.

Nero, o Presidente do Brasil (Reprodução: Superinterresante/ Wildner Lima)

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Renan Honorato
Besouros Verdes Gigantes

Como diria Trevisan: tira essa câmera de mim e vai ler um livro! Crônicas, análises e resenhas. Às vezes, um conto. Às vezes, um tonto.