Candidato do MDB foi o escolhido por 370.550 pessoas, com 54,55% dos votos válidos. (Foto: Mateus Raugust/Divulgação)

“É hora de paz”, afirma Sebastião Melo, prefeito eleito de Porto Alegre

A chapa com o vice Ricardo Gomes deverá administrar a Capital até 2024

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3 min readDec 1, 2020

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Um segundo turno com competição acirrada e cheia de polêmicas marcou as eleições municipais em Porto Aleggre. A chapa vitoriosa, composta por Sebastião Melo (MDB) e Ricardo Gomes (DEM), totalizou 370.550 votos. No seu discurso de vitória, o futuro prefeito declarou: “É hora de paz. Vamos fazer uma transição pacífica”.

Além de agradecer à militância e à coligação de partidos de sua campanha, Melo ainda lembrou dos apoios no governo estadual e federal, afirmando que irá visitar o governador na terça-feira (1º/12) na intenção de alinhar propostas. "E quero conversar, na quarta-feira, com o presidente, para simbolizar que a gente deseja governar com união. Ideologia não resolve problemas”, disse.

Manuela D’Ávila (PCdoB) totalizou 307.745 votos. A candidata desejou sorte ao futuro prefeito: “Quero agradecer a Porto Alegre por ter nos trazido até aqui e desejar boa sorte ao nosso adversário. A sorte e o trabalho dele serão a sorte da nossa cidade, do nosso povo, das mulheres e homens que vivem em Porto Alegre, e, portanto, é aquilo que nós desejamos”. Além disso, alfinetou a campanha do adversário afirmando sua tranquilidade com “a ideia de chegar em casa à noite e seguir dizendo aos nossos filhos que falar a verdade vale a pena”.

Manuela D’Ávila (PCdoB) em seu discurso de agradecimento (Foto: Danilo Christidis/Divulgação)

Mas o que mais se destacou nessa eleição não foram as fake news, carros de som com palavras de ordem rodando a capital ou aglomerações durante uma pandemia. A taxa de abstenção ultrapassou 30% (cerca de 354 mil eleitores não votaram), ou seja, pouco menos que o número de votos dados ao candidato que saiu vitorioso.

Bruno Lima Rocha, cientista político e professor dos cursos de Relações Internacionais e de Jornalismo da Unisinos, avalia que as eleições municipais deste ano mostraram que a onda de extrema direita, iniciada em 2014, começa a passar. “Quem ganhou as eleições foi o ‘Centrão’, ou seja, o pacto da transição negociada que vai do bipartidarismo da ditadura, passa pelo colégio eleitoral e depois, neste sistema político fragmentado, fortalece as relações oligárquicas permanentes”, analisa.

O professor aponta, ainda, que o bolsonarismo é quem realmente saiu empobrecido: “Nacionalmente, o maior derrotado foi Bolsonaro e seus candidatos, conquistando poucas capitais e perdendo nas mais influentes”. Em Porto Alegre, o cientista político afirma que o papel das igrejas pentecostais influenciou na trajetória que levou à vitória do MDB: “A eleição de 2020 se nacionaliza na campanha mas se decide nos bairros e zonas eleitorais. Daí o papel de pastores, comerciantes de zonas empobrecidas e o custo do voto, indicado pela alta taxa de abstenção, brancos e nulos, que exigiu maior mobilização para sua conquista”, reflete.

Confira a porcentagem de votos válidos conquistados por cada um dos dois candidatos no segundo turno:

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Tentando inserir um pouco de realidade num universo de fake news.