20 mil corredores são esperados para a Maratona Internacional de Porto Alegre
Atletas locais representam apenas 30% do total de competidores
Rosaura Maria Santos Arruda começou a caminhar durante a pandemia e iniciou na corrida há cerca de um ano, incentivada por amigos e pelo marido. “Sinto-me madura. Minha autoestima aumentou e amo meu corpo. Sou grata pela corrida transformar a minha vida”, vibra a iniciante.
“Além de todos os benefícios para a saúde física, os exercícios ao ar livre também ajudam na parte psíquica. Você libera o estresse acumulado — volta do treino cansado fisicamente, mas com a cabeça leve”, avalia o personal trainer Ricardo Nilson, maratonista desde 1999. Os treinos de Rosaura seguem uma planilha elaborada por Ricardo. “Brinco que muitos problemas eu resolvo correndo”, diverte-se o personal trainer.
Para Rosaura, a corrida representa uma forma de superar crises de ansiedade. “Nem sempre estou motivada ou quero ir. Então, lembro que correr é a minha terapia, onde canso o corpo e descanso a mente. Correr me ajuda a manter meu equilíbrio físico, mental e emocional”, argumenta.
No início, ela não dispunha de um apreço natural pela corrida. Contudo, recentemente alcançou a marca de 10 km. “Foi emocionante, pois a sensação era de poder voar sem ter asas”. A atleta pretende dar continuidade à prática, até correr uma maratona, e confidencia: “Percebi que eu sou a minha maior adversária”.
Milhares de atletas com objetivos semelhantes aos de Rosaura estarão reunidos na capital gaúcha para disputar a 38ª Maratona Internacional de Porto Alegre, cuja programação tem início no dia 31 de maio. A competição, que existe há 40 anos, é dividida em três provas principais: 7 km, meia maratona (com 21 km) e maratona (com 42 km).
A competição surgiu em 1983, quando o médico Antonio Celso Ayub viajou para competir na Maratona de Nova Iorque, nos EUA. Envolvido pela organização e estrutura do evento, o médico fundaria, mais tarde, junto com um grupo de amigos, o Clube de Corredores de Porto Alegre (Corpa), instituição responsável pela Maratona Internacional de Porto Alegre desde sua primeira edição.
Para Paulinho Stone, organizador do evento, a Maratona Internacional de Porto Alegre aproxima os corredores da cidade. “Vemos pelotões de ritmo formados por várias assessorias esportivas onde os atletas estão juntos, treinando com o mesmo objetivo — correr a prova e ajudar uns aos outros. Dentro do objetivo de cada um, os atletas se aproximam, na estrutura que a cidade oferece, como a Avenida Beira-Rio, que é fechada aos sábados e domingos, quando ocorre a maioria dos treinos longos”, observa.
A corrida vem mobilizando atletas profissionais e amadores pelo mundo, unidos através da prática esportiva, sobretudo no período pós-pandemia. Dados do Strava, serviço voltado ao rastreamento de exercícios físicos, indicam que a proporção de corredores brasileiros aumentou consideravelmente em 2022, em relação ao ano anterior, com o retorno de grande parte das maratonas e competições.
O personal trainer Ricardo avalia essa movimentação que transborda os limites da corrida no pós-pandemia. “Hoje, vejo muito mais corredores e ciclistas nas ruas. Tem sido assim também nas competições, que após a pandemia voltaram em maior número, tanto de provas, quanto de corredores competindo”, garante. Ele explica que, no caso dos grupos de corrida, a motivação coletiva aumenta e gera engajamento dos participantes que ocupam esses espaços, como na Avenida Beira-Rio.
Mesmo assim, os atletas locais representam apenas 30% dos corredores que participam da Maratona de Porto Alegre. Paulinho explica que, incentivados pela classificação dessa competição em especial, cerca de 70% dos participantes vêm de fora do Rio Grande do Sul e até mesmo de fora do país.
“Talvez sejamos a maratona que mais classifica atletas para a Maratona de Boston, nos EUA, porque ela exige um índice mínimo para participação. No ano passado, mais de 800 pessoas conseguiram o índice aqui”, destaca. Paulinho atribui esse dado ao fato de se tratar de uma maratona rápida, fria e completamente plana, nas palavras dele. “O Brasil inteiro busca melhorar suas marcas na Maratona Internacional de Porto Alegre”, vibra.
Por ser uma atividade aeróbica, a corrida fornece boas condições cardiorrespiratórias a longo prazo, protegendo o organismo de doenças que afetam o sistema circulatório e cardíaco, como elucida o médico clínico geral Roberto Fülber Júnior. Pela exigência do exercício, ele explica que o atleta deve se manter atento a uma série de cuidados, já que a prática demanda resistência a grandes impactos articulares e desgaste muscular, especialmente em provas muito longas, como é o caso das maratonas.
“Correr significa competir, mesmo que seja consigo mesmo. Exige orientação de um instrutor, uso de calçados apropriados e é altamente impactante para nossos músculos e ossos”, detalha. Em contraponto, ele pontua que a caminhada é uma opção mais leve. “Sem grandes impactos nas articulações, é indicada para qualquer idade e não necessita de maiores preparos físicos”, justifica.
O organizador do evento Paulinho também aconselha que os atletas assumam este tipo de desafio com responsabilidade. “Para participar de uma prova de resistência tem que ter algum tempo de treinamento. Eu diria até alguns anos correndo distâncias menores, ou pelo menos ter corrido algumas meias-maratonas, para só então se aventurar numa prova que exige tanto assim do corpo”, enfatiza.
Neste sentido, ele conta que os atletas de elite costumam correr os 42 km em pouco mais de duas horas, enquanto os amadores levam até seis horas para completar o percurso.
Sobre a programação
Feira e retirada de kits:
Quando: de 31/05 a 03/06, das 10h as 20h (sábado até as 19h)
Onde: Centro de eventos do BarraShopping Sul
Maratona:
Quando: 04/06, com a largada às 7h
Onde: BarraShopping Sul
Custo da inscrição: R$ 250,00
Aos corredores interessados em descobrir mais sobre o evento, informações detalhadas sobre a inscrição, o trajeto e todo o cronograma podem ser consultadas no site oficial da 38ª Maratona de Porto Alegre.
