A cultura vive através da música

Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo mescla clássico e contemporâneo, mantendo-se em meio a tempos incertos

Milena Riboli
Redação Beta
4 min readMay 5, 2018

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A Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo (OSNH) encanta e leva cultura à população há mais de 65 anos. O maestro, Lincoln da Gama Lobo, 56 anos, conta que ela foi fundada, em 1952, por Arlindo Ruggeri, porque o município precisava de uma banda própria. Foi somente a partir de 1996 que a OSNH passou a se apresentar sentada, em formação de orquestra.

Atualmente é mantida pela Secretaria Municipal de Cultura de Novo Hamburgo (SECULT), além de contar com apoiadores da iniciativa privada. Tombada em 2008 como patrimônio histórico, cultural e artístico da cidade, a orquestra — que atualmente conta com 35 músicos — mostra a que veio já nos ensaios.

OSNH ensaiando um clássico de Tchaikovsky. O compositor escreveu esta peça em comemoração à vitória da Rússia sobre Napoleão Bonaparte, durante as Guerras Napoleônicas. Originalmente eram usados sinos e canhões para finalizar o ato. (Vídeo: Milena Riboli/Beta Redação)

Na noite de 26 de abril, uma quinta-feira, o grupo fez mais um de seus ensaios, agora na Sociedade Aliança de Novo Hamburgo. O local é espaçoso, bastante iluminado e possui palco, o que facilita a organização dos músicos. Além disso, o ambiente lembra muito as casas de festa dos anos 50, com direito a escada trabalhada em madeira no formato de espiral. O conjunto da obra torna o visual muito bonito e, embalados ao som da orquestra, é possível que esqueçamos por alguns momentos que estamos em 2018.

Imagens mostrando as fundações da Sociedade Aliança de Novo Hamburgo, onde a OSNH ensaia atualmente. (Fotos: Milena Riboli/Beta Redação)

Mas a sensação e o visual, ambos nostálgicos, não envelhecem nem um pouco o grupo, é preciso ressaltar. Engana-se quem pensa que a orquestra fica apenas no erudito. O repertório da OSNH navega entre o clássico e o popular, dando oportunidade, inclusive, para uma parada aqui e ali em canções que se consagraram como trilhas sonoras de filmes variados.

A formação instrumental da orquestra se estrutura a partir de instrumentos de sopro e percussão. Bastante versátil, o grupo já performou ao lado de solistas, corais e outros instrumentistas. Mesmo lendo algumas das partituras pela primeira vez no ensaio do dia 26, os músicos mostram seu profissionalismo e potencial. Com algumas poucas dicas e correções do maestro Lincoln, logo arrumam uma ou outra nota fora do tom e fazem a “mágica” acontecer. Para Aurea Feijó, 55 anos, diretora cênica da orquestra, os músicos são excelentes e aprendem tudo com extrema facilidade e rapidez.

O ensaio é uma preparação para a próxima apresentação da orquestra, que acontecerá no dia 13 de maio (domingo), às 18h, na sede da Sociedade Aliança. Os ingressos podem ser adquiridos no local pelo valor de R$ 10 mais doação de 1 kg de alimento não perecível, que será entregue ao banco de alimentos. Na apresentação, Jacson Jaques e Fernanda Lopes, músicos que participavam do extinto Grupo Mas Bah!, farão um participação especial.

Mesmo com a ausência de alguns músicos que não puderam comparecer ao ensaio, aos ouvidos dos leigos as canções não deixam nada a desejar. “Faltando alguns músicos dá para perceber alguns buracos na harmonia”, explica Lincoln.

É conversando com o diretor artístico e também saxofonista da OSNH, Gustavo Arthur Müller, 36 anos, que conhecemos alguns dos projetos do grupo. Os Concertos de Igreja transitam por diferentes templos da cidade, em diversos bairros. Os Concertos de Escolas, por sua vez, funcionam de duas maneiras: por vezes a orquestra vai até as instituições, e por vezes ocorre o oposto. A ideia, de acordo com Gustavo, é iniciar uma espécie de núcleo de orquestras jovens, onde serão montados quatro projetos, em quatro escolas diferentes, cada uma com cerca de 25 alunos. Com o tempo, a intenção é ir aumentando o número de instituições participantes.

Para o maestro, o contato prematuro com a música é válido porque a habilidade para aprender instrumentos diversos é muito maior na infância, sem contar que grupos como a OSNH acabam sendo uma grande vitrine para artistas que sonham fazer grandes carreiras na área. “Vários dos nossos antigos músicos já foram chamados para outras orquestras, tanto no Brasil quanto no exterior, muitos deles bastante jovens”, recorda Lincoln.

Como forma de se manter, os músicos recebem uma pequena ajuda de custo cada um. Assim, uma das missões da OSNH é buscar, cada vez mais, empresas que queiram contribuir dentro das leis de incentivo que distribuem recursos às instituições culturais.

Músicos da Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo, durante o início do ensaio que aconteceu na quinta-feira, 26 de abril. (Foto: Milena Riboli/Beta Redação)

Bastante confortáveis e despojados, os ensaios são descontraídos e não requerem que os músicos se vistam a caráter. Durante as apresentações oficiais todos vestem trajes a rigor, como manda o figurino. Sem dúvidas, grupos como a OSNH são ótimos para aqueles que sabem e querem apreciar o melhor de dois universos da música, prefiram eles algo mais tradicional ou moderno.

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Milena Riboli
Redação Beta

Estudante de Jornalismo, quase formada, entusiasta de Fotografia e Gastronomia. Apaixonada por música e gatos. E segue.