A realidade da enfermagem

Como é a vida de quem corre risco diariamente em profissões que desafiam os perigos do coronavírus

Felippe Jobim
Redação Beta
Published in
3 min readMay 5, 2020

--

O assunto saúde tomou proporções gigantescas nas últimas semanas. Boa parte da sociedade voltou suas atenções para as maneiras de impedir que o Covid-19 chegue em suas casas. Porém, uma categoria de profissionais são muito importantes nesse combate.

Enquanto a população se esforça para ficar em casa e diminuir a propagação do vírus, os técnicos de enfermagem estão na primeira linha para tratar os contaminados, se colocando em risco. Todo esse esforço é apenas um lado da moeda. O amor pela profissão faz com que sacrifícios tenham que ser feitos na sua vida pessoal.

Eduarda Marmitt, de 24 anos, trabalha como técnica de enfermagem no Hospital Moinhos de Vento e assiste de perto a luta contra o coronavírus. Por ser grupo de risco, não está cuidando diretamente de pacientes com a doença ou com suspeita dela, mas vive diariamente correndo perigo, pois continua trabalhando normalmente. Devido à isso, toma todos os cuidados possíveis quando volta para casa: “A minha rotina pessoal mudou muito. Saio de casa só para questões essenciais, como trabalho, mercado e farmácia. Estou evitando o máximo a exposição porque tenho asma, o que é um fator de risco”, comenta.

Algumas mudanças precisaram ser feitas na vida pessoal para diminuir o risco de levar o Covid-19 para casa. Além de evitar contato com seus familiares, Eduarda sempre que chega do trabalho e se higieniza antes de fazer qualquer outra coisa. “Tomei várias medidas pra evitar contaminar meu esposo e meu filho, a creche do hospital foi fechada então ele tem ficado com a minha sogra. Todos os dias antes de buscá-lo eu passo em casa e tomo banhorelembra a funcionária.

No hospital, medidas preventivas foram tomadas para evitar colocar em risco os funcionários. Todos receberam capacetes especiais com placa transparente de uso individual, chamados de face shield (escudo facial em inglês), aventais de isolamento e máscaras tanto cirúrgicas quanto N95. Em relação aos pacientes, diminuíram o fluxo de visitas, limitaram a apenas um acompanhante sem qualquer outro contato. Até hoje não teve casos de Covid-19 na área de pediatria no hospital.

Segundo Raquel Carboneiro, enfermeira e assessora técnica da coordenação de ISTs, HIV/AIDS, Hepatites Virais e Tuberculose da Secretaria de Saúde de Porto Alegre, nos serviços essenciais os profissionais estão trabalhando de forma presencial, em outras funções o trabalho remoto é o mais indicado. Por isso, as reuniões da secretaria agora são feitas apenas via internet. Nos postos de saúde, o movimento diminuiu consideravelmente. Entretanto, a meta de vacina da gripe deste ano foi batida em apenas três semanas de campanha, algo que nunca foi alcançado.

A secretaria conta com um monitoramento das UTIs nos hospitais de Porto Alegre, detalhando os leitos disponíveis, quantos estão bloqueados, o número de pacientes, de casos suspeitos e confirmados. Junto desses dados, há também a porcentagem de lotação de cada hospital. Segundo o órgão, por hora a quarentena irá até o dia 15/05.

Tabela fornecida com a ocupação das UTIs na capital. (Arquivo: Secretaria de Saúde)

Os profissionais da saúde se empenham em dobro para manterem seus familiares e a si próprios saudáveis, enquanto enfrentam a doença para ajudar quem necessita. Muitas vezes, os esforços de quem está nesta profissão não são reconhecidos, a luta diária contra o Covid-19 também é de todos. Cabe a cada um que puder ficar em casa e evitar a propagação para contribuir com o trabalho dos enfermeiros, médicos e demais áreas da saúde.

--

--