A turbulência econômica pós prisão de Temer

Como o mercado se comportou e quais são as perspectivas para o bolso dos brasileiros

Stephany Foscarini
Redação Beta
3 min readMar 22, 2019

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Os impactos da prisão do ex-presidente Michel Temer (MDB) chegaram a todos. Ele foi preso na manhã da última quinta-feira, 21, em sua residência, na zona oeste de São Paulo. O juiz federal Marcelo Bretas foi o encarregado pelo mandado de prisão de Temer. Bretas é o responsável pela operação Lava Jato no Rio de Janeiro. Historicamente, a economia sofre influências diretas quando governos e governantes são abalados de forma crítica. Para os especialistas, o Brasil deve viver dias de incerteza e turbulência.

Índice de mercado às 20h de sexta-feira, 22.

Como fica a economia brasileira?

Para o coordenador do curso de administração de empresas e tecnólogo da gestão industrial da Unisinos, Douglas Rafael Veit, há dois pontos de vista distintos. O primeiro lado é positivo. Está na hora de mostrar para o mundo a seriedade do país. É a chance do mercado e da população verificar qual a melhor forma do Brasil se colocar economicamente diante de tantas acusações envolvendo governo. “É claro que tem toda a discussão política, de ter ou não provas, mas o ideal é caminhar na linha enquanto tentam encontrar culpados”, ressaltou.

Já o lado negativo é que pode acontecer o famoso “toma lá dá cá”, ou seja, as trocas frequentes de cargos. Veit acredita que, por mais que se tente dar fim ao jogo político, ele vai prevalecer. “A reforma da previdência é o assunto do momento e já foi ameaçada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O mercado a enxerga como ponto positivo para entrar no Brasil, mas eu como bom otimista que sou, prefiro acreditar que o país tem tudo para voltar a crescer”, destacou.

Visão neutra, ética, moral e recuperação do Brasil

Segundo o coordenador, atualmente a economia brasileira sofreu um crescimento interessante na primeira parte do governo Lula. Já com a ex-presidente Dilma Rousseff começou a cair e declinou ainda mais quando os escândalos políticos recentes vieram à tona. “Com a mudança radical, os indicadores econômicos começaram a dar alguns sinais de melhora já na época do Temer. Portanto foi um período muito curto para dizer se vai melhorar ou piorar”, salientou.

Veit confirma que até o cidadão comum percebeu as alterações. Ele creditou a mudança de visão, à forte alta do índice Bovespa, que alcançou os 100 mil pontos. O episódio motivou a queda do preço da gasolina e do dólar. “Agora com o aumento (de preços) já vem o pensamento pessimista. Estamos vivendo altos e baixos em um momento político de instabilidade. Não temos um sinal que podemos considerar se vai subir ou descer”, explicou o coordenador, que se considera otimista, independente do governo, pois o objetivo é pregar aos alunos e mostrar que eles podem fazer a diferença no futuro.

Economia no Brasil é uma incógnita

O gestor financeiro da plataforma de investimentos, Warren Brasil e especialista em finanças e economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Thomaz Lysakowski Fortes, também vê o mercado com incertezas. Na opinião dele é possível estabelecer alguns cenários possíveis: político brasileiro e mercado externo. Ambos terão alívio do sentimento de risco por conta de novos dados e informações que surgirão mostrando que o receio de recessão no mundo não seja justificado. “A tendência é que o otimismo volte. Este tipo de flutuação é inevitável, especialmente no Brasil. A bolsa não sobe em linha reta, vai subindo e caindo”, pontuou.

Quer saber mais sobre o que pode ou não acontecer na economia brasileira nos próximos dias. Escute a avaliação de Fortes referente ao assunto:

Relembre o governo Temer

O governo teve início no dia 12 de maio de 2016 e com apenas 10 meses como presidente da República, Temer foi acusado de corrupção passiva, juntamente com seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures. Poucos meses adiante, em setembro de 2017, em mais uma oportunidade o ex-presidente foi denunciado. Desta vez por organização criminosa e obstrução de justiça. As acusações não pararam por aí e Temer foi acusado de ter comprado o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (preso) e do operador Lúcio Funaro. As descobertas durante o governo Temer continuaram até o final do mandato. No dia 19 de dezembro, ele foi denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

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