Abaixo à ditadura do liso também nos cortes de cabelo

Mercado de salões de beleza vem se adaptando à revolução dos cabelos crespos e cacheados

Thayná Bandasz
Redação Beta
4 min readOct 18, 2017

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Em julho de 2017, o Google BrandLab lançou o relatório de buscas do Google, o Dossiê BrandLab, que mostrava um crescimento de 232% na busca por cabelos cacheados no último ano. Foi a primeira vez na história que o índice foi maior em relação aos fios lisos. Os números demonstram uma nova tendência no mercado brasileiro de salões de beleza.

O mesmo relatório indicava que 24% das mulheres entre 18 e 24 anos têm maior facilidade de reconhecerem seu cabelo como cacheado. Isso tudo só foi possível por meio de mulheres que incentivam outras pessoas, seja por meio de vídeos, grupos de Facebook ou com a aparição de artistas na televisão.

Houve uma época, não muito distante, em que salões de beleza só sabiam atender meninas lisas, no máximo, onduladas. Por muito tempo, os cabeleireiros não tinham a iniciativa de aprender a mexer com cabelos crespos e cacheados, pois sempre foi mais fácil incentivar as mulheres a alisar.

Diego Rodrigo é proprietário e cabeleireiro do Salão Casa Hair, em Novo Hamburgo. (Foto: Fernanda Salla/Beta Redação)

E é nesse ponto que o resultado do Dossiê BrandLab se destaca, pois esse mercado vem se obrigando a mudar. Os salões estão, aos poucos, aderindo aos especialistas em cachos. É o caso do cabeleireiro Diego Rodrigo dos Santos, que resolveu largar as químicas, pois elas também estavam prejudicando sua saúde.

“No verão, eu chegava a fazer de três a quatro progressivas, e era muita química. Me fazia muito mal, e eu tinha que tomar um litro de leite entre cada cliente, ou seja, antes e depois de cada progressiva”, detalha.

Em 2013, ele abriu, em Novo Hamburgo, o Casa Hair Cabeleireiros, um salão especializado em cabelos cacheados e crespos. Largou de vez a química e migrou para um mercado que ainda era tímido. Na época, só havia cursos voltados ao corte de cabelo liso e, com isso, de forma autônoma, Diego descobriu novas técnicas. “Eu olhava revistas e analisava as formas dos cortes, mas, às vezes, aparecia só o lado esquerdo. Então, eu tentava achar algo parecido, mas com o lado direito”, explica.

O espaço do salão Casa Hair. (Foto: Fernanda Salla/Beta Redação)

Diego encomendou cabeças de manequins que eram utilizadas em cursos de cabeleireiros, mas com perucas em cinco tipos de cabelos, do mais cacheado ao crespo. Mesmo assim, nenhum fio é igual ao outros. “Existem diversos tipos de cacheados e crespos, os cabelos têm texturas diferentes”, afirma o cabeleireiro.

As diferenças nos cuidados com cabelos crespos e lisos são tão importantes que Diego inclusive mandou fazer tesouras próprias para isso.

“Eu desenhei e mandei confeccionar minhas próprias tesouras, porque as normais, na hora de cortar, acabam danificando o cabelo, já que elas são feitas para fios lisos. Então, projetei uma que, ao realizar o corte, não abrisse o fio. Assim ela não gera pontas duplas e nós de fada”.

As tesouras Diego são projetadas especialmente para cabelos cacheados e crespos. (Foto: Fernanda Salla/Beta Redação)

Um mercado que só cresce

Diego conta que, de 2013 a 2016, o crescimento ao ano era de 50% na procura pelos serviços. Mas esse número dobrou em 2017 no salão.

“São mulheres e homens que estão vindo procurar por alguém especializado. E eu acredito que isso tenha sido muito incentivado também por famosas como Taís Araújo e Sheron Menezes, que assumiram seus cachos e estão com eles sempre na mídia”.

Confira mais detalhes do salão e corte de cabelo crespo. (Vídeo: Thayná Bandasz/Beta Redação)

Serviços

O Salão trabalha com diversos serviços especializados em cabelos cacheados e crespos. Eles prezam pelo não uso da química, assim como utilizam produtos naturais, que não utilizam na composição: petrolados, sulfatos e parabenos.

Alguns serviços e valores que são oferecidos no salão. (Foto: Thayná Bandasz/Beta Redação)

Quer conhecer?

O Casa Hair funciona de segunda a sábado, das 8h às 19h, no bairro Canudos, rua Paris, nº178, em Novo Hamburgo.

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