Abel Braga: ídolo do Sport Club Internacional completa 70 anos

Treinador foi Campeão do Mundo e do Gauchão com uma diferença de apenas dois anos

Amanda Wolff
Redação Beta
9 min readOct 31, 2022

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Abel Carlos da Silva Braga, mais conhecido como Abel Braga, é um ex-futebolista e ex-treinador que, no dia 1° de setembro, completou 70 anos de idade. A história profissional de Abel começou cedo, atuando em grandes times do Brasil e chegando até a Seleção Brasileira.

Abel Braga comemorou 70 anos no dia 1° de setmbro (Fonte: via Instragram @scinternacional)

Em 1968, o jogador ingressa nas categorias de base do Fluminense carioca, aos 16 anos, na categoria juvenil. Com somente 19 anos, em 1971, estreia no time titular, ano em que conquistou seu primeiro título, o Campeonato Carioca, repetindo este feito em 1973, 1975 e 1976 todos pelo mesmo clube.

Em 1977, o jogador se transferiu para o Vasco da Gama, onde se consagrou campeão carioca novamente. Foi pelo clube de São Januário que o Abelão, como também ficou conhecido — principalmente pelos mais apaixonados pela sua carreira — , se firmou como titular.

Três anos após a chegada ao Vasco da Gama, foi a vez de Abel Braga sair de solo brasileiro para defender o time do Paris Saint-Germain, mesma equipe em que, hoje, atuam Neymar Jr. e Messi, entre outros. Abel permaneceu na França de 1978 a 1980, disputando 45 partidas e marcando nove gols, até regressar ao Brasil para jogar pelo Cruzeiro-BH e, depois, pelo Botafogo.

Abel jogava como zagueiro e foi para essa posição que foi convocado para integrar a Seleção Brasileira, na Copa do Mundo de 1978, na Argentina. O futuro treinador Abel também integrou a Seleção Olímpica. Na Copa de 1978, foi reserva do zagueiro Oscar, na época, da Ponte Preta.

O ídolo do Sport Club Internacional

Talvez o melhor trabalho de Abel tenha sido treinando o time de Porto Alegre, Sport Club Internacional, ele teve sete passagens pelo time, sendo as de mais notoriedade de 2006 à 2008 e a de 2020.

Abelão tem um marca de 338 jogos no comando do clube Internacional (Fonte: via Instragram @scinternacional)

Em sua primeira passagem pelo Inter, entre os anos de 1988 e 1989, Abel Braga mostra estar predestinado a fazer história com grande feiots para o clube. O se concretizou em 2006, o ano de grandes vitórias e inumeroas alegrias para os colorados.

Em 2006 Abel veio para Porto Alegre para assumir o comando do Internacional, novamente. Esta passagem se torna a mais vitoriosa dele em todos os clubes. O começo foi de derrotas, em que o Inter acabou perdendo o título do Campeonato Gaúcho, após dois empates com o Grêmio, mas Abel foi mantido pela diretoria para a disputa da Copa Libertadores, que já estava ocorrendo. Primeiro, em agosto, veio a Libertadores, conquistada através de oito vitórias, cinco empates e apenas uma derrota em 14 jogos.
A confiança foi retribuída pelo treinador, que conduziu o Internacional ao seu primeiro título da competição, após uma final disputada com o São Paulo. O título garantiu a presença do Internacional no Mundial de Clubes da FIFA, em dezembro daquele ano. No dia 17 de dezembro de 2006, Abel e o Inter conquistaram o título mundial após derrotar o Barcelona na final, tido por toda a crônica como o melhor time do mundo. Predestinado, o comandante foi cirúrgico ao colocar em campo Adriano Gabiru, que substituiu o lesionado capitão Fernandão para marcar o único gol da final.E ainda com todos estes feitos o Inter se manteve na 2° posição do Campeonato Brasileiro.

A Taça do Mundial de Clubes, uma das maiores realizações de Abel Braga e de qualquer torcvedor colorado. (Fonte: Ricardo Duarte, fotógrafo oficial do Inter)

Com as conquistas, Abel foi mantido para o ano seguinte para a continuidade do trabalho, renovando o contrato por mais um ano. Mas os bons resultados não se repetiram. No Campeonato Gaúcho a equipe colorada não passou da primeira fase, e na Libertadores sequer chegou às oitavas-de-final. Após os fracassos, Abel foi demitido do cargo.

De acordo com Luiz Carlos Reche, amigo porto-alegrense de Abel Braga e comentarista da Rádio Grenal, o treinador enfrentou grandes decisoões. “Em 2006, Abel tinha vários bons jogadores e alguns tinham que sobra Iarley e Luiz Adriano seguidamente ficavam no banco, a decisão de colocar Gabiru no lugar do Fernandão foi arriscada, mas levou o treinador e o jogador à ìdolos do time por levantarem a taça de Campeão Mundial.Talvez,2007 tenha sido o pior momento para ele. Pois, tendo ganhdo o Mundial no anterior, a pressão era maior e daí no anoa seguinte ficar de fora das finais do Gauchão e ainda não passar da primeira fase da Libertadores, é dificil para um treinador.

Retorno de Abel Braga ao Internacional em 2007. (Fonte: Ricardo Duarte, fotógrafo oficial do Inter)

Quando saiu do clube colorado, o treinador declarou ter propostas do exterior incompatíveis com o mercado brasileiro. Depois de recusar várias propostas, Abel acabou por voltar ao Internacional apenas quatro meses após ter sido demitido. Após o retorno ao Internacional, Abel ainda levou o clube gaúcho à conquista do Campeonato Gaúcho de 2008, em uma goleada de 8 a 1 sobre o Juventude no Estádio Beira-Rio. O título para Abel era inédito, embora tenha sido campeão regional em quase todos os times que passou.

Em sua sexta passagem pelo Inter, na temporada de 2014, Abel se torna o primeiro comandante colorado no remodelado Beira-Rio. Na casamata do Gigante reconduz o Clube do Povo à Libertadores, torneio que não era disputado há dois anos.

Chegando no dia 10 de novembro de 2020, para a sua sétima o Colorado sofreu duas eliminações sucessivas nos pênaltis, para o América-MG nas quartas de final da Copa do Brasil, e para o Boca Juniors nas oitavas de final da Copa Libertadores.Porém, após esses percalços, o Internacional engatou noves jogos de invencibilidade no Campeonato Brasileiro, batendo o recorde de vitórias seguidas na era dos pontos corridos. No dia 14 de fevereiro de 2021, se tornou o treinador que mais disputou partidas pelo Internacional, com 338 jogos. O Inter, infelizmente, perdeu a liderança para o Flamengo na penúltima rodada do campeonato, após uma derrota de virada por 2 a 1 em confronto direto contra o time carioca, no Maracanã. Em 25 de fevereiro, necessitando de um gol para ser campeão, não conseguiu o título, devido ao empate contra o Corinthians, no Beira-Rio. Abel foi eleito o melhor técnico do campeonato e deixou o clube, como era o combinado desde o início do contrato.

De volta ao comando do time, Abel Braga fez “milagres” no Internacional no ano de 2020, virou meme, foi artigo de vários sites e com toda a excelencia do trabalho que fez, foi eleito o melhor técnico do Brasileirão Assaí 2020.

Abelão com um quadro com os seus melhores momentos na ultima passagem pelo Internacional. (Fonte: via Instragram @scinternacional e Ricardo Duarte, fotógrafo oficial do Inter)

E com todas estas informações, é difícil acreditar que o Abelão não tenha um sentimento único com o Internacional. De acordo com Eduardo Gabardo, jornalista do GZH, fazendo uma análise da trajetória do treinador no Inter, “ as passagens do Abel pelo Inter mostram como ele é importante na história do time. Foi Campeão da Libertadores, Campeão do Mundo, ganhou o Grenal que talvez seja um dos mais importantes das disputas. É um profissional que acumula grandes resultados como treinador do Internacional. Na última passagem, ele assumiu o time num momento de extrema dificuldade em que poucos acreditavam que o time pudesse fazer algo de importante no Campeonato Brasileiro, já que havia sido eliminado da Copa da Libertadores da América.”

Gabardo também fala do lado afetivo do torcedor colorado com Abel. “Ele me parece ser um profissional muito edificado com o clube, com condutas muito importantes, de bom relacionamento, não apenas com quem comanda o clube, com os jogadores, mas também com o torcedor. O torcedor do Inter gosta muito do Abel, pois ele tem essa característica de bom relacionamento e da identificação. Ele sabe a importância do papel dele em todos os aspectos dentro do clube, então é uma figura histórica dentro do time. Talvez a trajetória dele não tenha terminado, talvez ele não retorne ao Internacional como técnico, mas acredito que terá outra função, mas ele ainda pode voltar”.

Além de Gabardo,Reche relembra do Grenal do Século e de como o treinador é fora do campo. “Abel é uma figura querida, ele é um cara muito carismático, muito sensível, muito amigo, muito controlador de vestiário, chegou em 88 para treinar o internacional, levou o Inter a um vice campeonato brasileiro, perdendo para o Bahia, o Inter era melhor que o Bahia, ele fez o Grenal do Século virar um marco na história do internacional, conseguiu virar para cima do Grêmio com dez homens, quando o lateral esquerdo do Casemiro foi expulso, ele ficou com dez homens e colocou o Edu para jogar de lateral e ponteiro, depois colocou o Diego Aguirre para correr para todos os lados em zigue-zague e atrapalhou o time do Grêmio, que nada mais, nada menos, era treinado pelo grande Rubens Francisco Minelli.”

Reche, também falou da trajetória de Abel pelos outros times do Brasil e comentou sobre o trabalho incrível dele e como poderia ter sido até técnico da Seleção.”Então, o Abelão treinou bem todos os times do Rio de Janeiro, treinou bem o Internacional, foi bem em Portugal, treinou também na França, uma figura ótima, chegou aqui com um perfil revolucionário, jogava ofensivo, fazia trabalhos diferentes dos outros técnicos que eu estava habituado e na sete passagens que teve no Internacional, acompanhei tudo, tudo muito de cima, devo ter feito cobertura de 90% dos jogos que ele comandou. Um grande técnico, poderia ter treinado a seleção brasileira, tinha o perfil, um bom trato com a imprensa, a torcida o adora, é ídolo, é o técnico que mais vezes treinou o internacional, não é fácil num estado tão rigoroso, tão cobrador como o nosso.”

Carreira como treinador

Abel Braga possui um grande sentimento por cada time que já treinou. (Fonte: via Instragram @scinternacional)

Abel começou a carreira como treinador, no time Goytacaz Futebol Clube, que é uma agremiação esportiva do estado do Rio de Janeiro, que foi o último time que atuou como jogador. Em Portugal ficou conhecido como o salvador por ter tirado dois times da segunda divisão, o Famalicão e o Belenenses e isso deu a notoriedade entre os clubes portugueses.

Vasco Da Gama

Em 1995, assume o Vasco da Gama, clube onde jogou por três anos. Mas sua carreira como treinador do clube carioca não durou tanto tempo e após apenas dois meses como treinador, foi demitido.

Em julho de 2000, Abel saiu da sua segunda passagem pelo Vasco da Gama e foi contratado pelo Olympique de Marseille. Em 16 de dezembro de 2019, acertou seu retorno ao Vasco da Gama. Em 16 de março de 2020, após o Vasco ser derrotado pelo Fluminense, Abel opta por deixar o comando do time.

Flamengo

Em 2004, assume o Flamengo. O rubro-negro carioca tinha um projeto, que visava assegurar uma vaga para a Copa Libertadores da América do ano seguinte. Abel levou o clube ao título do Campeonato Carioca de 2004 e à final da Copa do Brasil do mesmo ano. Porém, na decisão contra o Santo André, foi derrotado no Maracanã por 2 a 0. Após o jogo, Abel declarou que esta tinha sido a maior derrota na sua carreira.
Em dezembro de 2018, acertou seu retorno ao Flamengo. Na segunda passagem pelo clube, Abel foi campeão do Campeonato Carioca de 2019. O treinador pede demissão em maio de 2019.

Fluminense

Em 2005, Abel voltou ao clube onde iniciou a carreira de jogador e assumiu o cargo de treinador do Fluminense. Com o tricolor carioca ele conquistou mais um título do Campeonato Carioca e a oportunidade de disputar outra final da Copa do Brasil.

Na quarta passagem pelo o Fluminense, em 14 de dezembro de 2021, foi anunciado para a partir da temporada 2022. Durante esta passagem, conquistou a Taça Guanabara e principalmente o título do Campeonato Carioca após dez anos de jejum, tendo sido o treinador da última conquista.

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