Acidentes fatais seguem elevados no Vale dos Sinos, mas caem no Rio Grande do Sul
Canoas e Novo Hamburgo apresentam aumento nos casos com morte no período entre janeiro de 2017 e agosto de 2018
No Vale do Sinos, as cidades de Canoas e Novo Hamburgo são as mais violentas no trânsito segundo os dados apresentados em pesquisa do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran RS). Em Canoas, no ano passado, foram registrados 19 acidentes e 19 vítimas fatais. A pesquisa indica, também, que até agosto de 2018 os números já se igualaram aos do ano passado. Já em Novo Hamburgo, em 2017, ocorreram 11 acidentes e 11 mortes, enquanto que, em 2018, já foram registrados 14 acidentes com 15 vítimas fatais.
Quatro operações da chamada “Balada Segura” são realizadas por mês em Novo Hamburgo, conforme dados da Guarda Municipal. O diretor de trânsito do município, Ricardo Schiavon, acredita que o ato de dirigir embriagado agrava o número de vítimas, principalmente nos finais de semana. “Elas [as Baladas Seguras] começam no final da noite de um dia e terminam na madrugada do dia seguinte. São, em média, cinco a seis horas de fiscalização,” afirma.
Segundo Schiavon, o município trabalha a promoção da cidadania como estratégia para a redução dos acidentes, com base nos três “E”. “O planejamento é feito na Educação, Esforço Legal e Engenharia de Tráfego. Cada área realiza as suas atuações. Trabalhamos com essas três questões, mas buscamos o resgate da cidadania. Ela, somada à civilidade, pode oferecer resultado no resgate de valores, gentileza e respeito no trânsito,” destaca.
Em contraste com os dados registrados em Novo Hamburgo e Canoas, no Estado os números indicam queda de 16% nas mortes no trânsito entre janeiro e agosto deste ano. Apesar da redução, os meses de fevereiro, março, abril e junho de 2018 foram mais violentos em comparação com 2017.
Até o final de agosto de 2018, ocorreram 1.002 ocorrências com vítimas fatais no Estado. Essas mortes aconteceram, em sua maioria, em acidentes nas rodovias municipais (39,1%), principalmente no turno da noite (34,5%). Além disso, mais da metade dos incidentes (52,7%) foram registrados entre sexta-feira, sábado e domingo.
Investimentos em ações de trânsito é chave para diminuição de mortes
A coordenadora de Tecnologia a Ensino a Distância do Detran, Adriana Reston, afirma que os gestores de trânsito dos municípios, em geral, devem investir em ações e priorizá-las para conscientizar os motoristas e pedestres. Além disso, eles devem investir em passarelas e faixas de segurança, assim como em semáforos com tempo suficiente para que pessoas com mobilidade reduzida consigam atravessar com segurança, evitando que o pedestre fique aguardando entre duas vias, no caso de uma rua larga com barreiras.
Adriana destaca as principais causas para que acidentes ocorram e outros fatores que colocam em risco a vida do cidadão. Ela diz que o excesso de confiança, por parte do condutor e do pedestre, é o fator comum nas ocorrências desses acidentes.
É preciso sensibilizar as pessoas para que elas compreendam o significado e a importância das regras, de modo que encontrem motivação para segui-las, independente da sua condição pessoal, pensando e refletindo sobre o bem comum e a segurança para o coletivo. — Adriana Reston
De acordo com a coordenadora, é necessário que os gestores priorizem ações de infraestrutura viária em seus municípios, contribuindo para minimizar os erros das pessoas e “tornando a cidade mais segura para pedestres e ciclistas”.
Apesar da queda nos números gerais, o órgão investe em ações para reduzir ainda mais os índices de morte no trânsito, que ainda são elevados. Nesse ano foi realizado o Seminário Nacional de Trânsito, as audiências do Plano Nacional de Trânsito (Penatrans) e as ações da Balada Segura.
Segundo o Detran RS, a Balada Segura ocorre geralmente nos finais de semana, mas também pode acontecer durante a semana, em dias alternados, com um mínimo de quatro blitzes nessas cidades por mês. Quanto às mortes no turno da noite, o órgão não tem uma análise precisa dos motivos. Hipóteses sugerem que motoristas deixam as festas alcoolizados, o que potencializa as chances de acidentes graves.
A Secretaria de Trânsito de Canoas foi procurada, mas não respondeu à reportagem.
