Adestramento para o cão e para o dono
Liderança, exercícios físicos e estímulos são fundamentais na hora do treinamento
“É possível ter um cachorro tranquilo, educado, obediente e esperto. Você pode moldar o seu cachorro a ser do jeito que você quiser.” Quem afirma isso é o adestrador canino Ivan Brizola. Ele, que conta com mais de 30 anos de experiência nesse ramo, garante que o segredo está em adotar três hábitos: liderança do dono, exercícios físicos e estímulos/carinho.
A Dog’s School, fundada em 2000 por Ivan, oferece diversas modalidades de treinamento. A mais procurada é o nível básico, que desenvolve a educação emocional do cão e busca a transformação do animal. “O treinamento básico é um conjunto de ações que faz programar ou reprogramar o cérebro do cão através de gatilhos mentais. Durante este período, o treinador gera ações que criam âncoras na mente do cão”, explica o treinador.
Para programar o cérebro canino, o adestrador ressalta que é preciso criar exercícios que estimulem o cão, de acordo com a necessidade de cada caso.
“O cão entende apenas 300 palavras. Dessa forma, é necessário demonstrar o que se deseja por meio de exercícios”, diz o adestrador.
Ana Maria Dorneles, estudante de Engenharia Química, garante que o dono do cão também precisa ser adestrado. “A gente precisa saber como lidar com eles, como ensinar, de que maneira fazer isso. Acho que esse é o maior desafio para garantir a eficácia do treinamento”, revela a dona da Sofia, uma vira-lata de um ano e meio de idade.
Quando o dono já possui controle do cão, tanto na guia quanto solto, está apto a passar para o treinamento avançado, que pode servir para várias funções: cão de show, cão de agility, cão de guarda ou outros interesses. Esse é o caso da pastora alemã Bonie, que concluiu as aulas do nível básico e já vai ingressar no avançado. “Eu comprei a Bonie porque eu e minha esposa precisávamos de um cão de guarda pra cuidar do nosso pátio. Nós fomos assaltados e eu não me sentia mais seguro. A Bonie tá sendo treinada pra respeitar apenas eu e minha mulher”, explica o aposentado Elvir Turati, que foi vítima de assalto e por isso decidiu apelar para o cão de guarda.
Pelas leis da natureza, o cão vive em matilha e nasce para seguir um líder, e é isso o que o deixa tranquilo, calmo e feliz. Quando o cachorro sai do seu habitat natural e passa para dentro de casa, algumas funções são trocadas e ele passa a entender que ele é quem manda. “Um cão que adota o papel de líder acaba demonstrando um comportamento de posse, late muito, não espera o dono abrir a porta, sempre está à frente. É por isso que o dono precisa se impor e mostrar quem manda”, explica o especialista.
A única forma de acalmar e tranquilizar um cachorro é gastando sua energia, caminhando, praticando exercícios. “Precisa ser uma caminhada sadia, correta, onde ele anda ao lado do líder, não puxando. Por isso que nós ensinamos desde postura até condução do animal”, explica.
Para que esse controle seja feito da maneira correta é indicado o uso de uma coleira especial. “O animal precisa de estímulo. Toda vez que ele passar, ou desobedecer, eu dou um toquinho na coleira em direção ao meu corpo. Então, dou um leve toque para dentro e libero a corda. Dessa maneira, o animal deve andar ao lado do dono, com a guia relaxada.”
Mais do que ter um cão tranquilo, bem educado, obediente e esperto, a dona da Sofia, Ana Maria Dorneles, garante que a relação entre as duas também mudou. “O adestramento serviu pra que eu entendesse melhor ela, hoje eu sei quais são as necessidades e eu sei como ajudar ela a não ser tão medrosa e me respeitar quando a gente sair”, finaliza.
