Orquestra de Berimbaus atrai crianças carentes para a capoeira

Victor Dias Thiesen
Redação Beta
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2 min readNov 3, 2017
Orquestra de Berimbaus do Centro Medianeira (Foto: Victor Thiesen/Beta Redação)

Ao se aproximar do Núcleo Pe. Graziano Stablum do Centro Medianeira, no bairro Campina, em São Leopoldo, é possível ouvir o batuque dentro da construção de cor laranja. É o ensaio do grupo Orquestra de Berimbaus, formado por trinta jovens entre onze e dezessete anos. Uma vez por semana, eles se sentam em círculo no auditório da instituição para tocar instrumentos.

O objetivo da oficina é aproximar crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social da cultura afro-brasileira. Segundo o educador Israel Oliveira, que deu início ao projeto, houve casos de jovens que não queriam participar da oficina de capoeira do Centro por causa de “preconceitos advindos do seu próprio meio e convívio familiar, pois em sua maioria, os educandos são praticantes de alguma denominação religiosa cristã”.

Os berimbaus ressoam no meio dos pandeiros, agogôs e do atabaque. Foram as mãos dos próprios alunos que produziram os instrumentos utilizados pela orquestra. Depois que os educadores buscaram madeiras propícias para confecção de berimbaus, os jovens utilizaram as ferramentas da oficina de marcenaria, que também é ofertada pelo Centro.

As aulas também envolvem pesquisas sobre a origem do ritmo e qual é sua função dentro da roda de capoeira. A parte histórica da cultura afro-brasileira não é deixada de lado. Na sala de informática, os alunos podem explorar a o que ocorreu com negros escravizados.

Quando o ritmo do batuque aumenta, os jovens ficam contagiados e logo querem fazer um jogo, que consiste nos movimentos corporais. Israel explica para as crianças que a arte marcial foi proibida durante a ditadura militar e que há um toque especial que era utilizado para avisar os capoeiristas quando a polícia chegava.

Ferramentas da oficina de marcenaria ofertada pelo Centro (Foto: Victor Thiesen/Beta Redação)

Durante os cinco dias da semana, crianças e jovens estudam em um turno e vão para o Centro Medianeira no outro. Lá, encontram atividades que não teriam na escola: aprendem música, dança, informática, marcenaria. Os dois últimos são ensinados em oficinas de iniciação profissional para alunos a partir de doze anos.

Além do Núcleo na Campina, a ONG atende no Centro de São Leopoldo. A meta é atingir 300 educandos. Para se manter, a instituição depende do convênio com a prefeitura e com a congregação católica dos Pavonianos. Também promove eventos como bingos, rifas, entre outros, como o torneio beneficente de futsal, que acontecerá no dia 03 de dezembro.

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