Alpargatos inicia novo ciclo após lançar terceiro disco
Grupo irá se apresentar no Salão de Atos da UFRGS, em novembro, com a estreia do espetáculo “Trilogia dos Erros”
Desde a sua formação, em 2012, a banda porto-alegrense Alpargatos já lançou quatro singles autorais e um cover. Depois, vieram três discos — , Rodovia do Parque (2015), considerado um dos 100 melhores álbuns brasileiros daquele ano pela RockInPress, Essa cidade cheia de heróis (2017) e O Chão é Lava (2018). Agora, o grupo fecha um período de sete anos de trajetória para iniciar um novo ciclo. A estreia do Espetáculo Trilogia dos Erros, no dia 13 de novembro, no Salão de Atos da UFRGS, marca esse momento.
A banda, formada por Afonso Antunes (vocalista, guitarrista e compositor), Bruno dos Anjos (baixista e produtor executivo), Leo Braga (guitarrista e produtor musical) e Pedro Nectoux (baterista), pensa em novos projetos para a sequência. “Pensamos em gravar um disco maior, que nos daria mais trabalho, participar de mais festivais e tocar em outras cidades, o que é possível já que a indústria da música independente no Brasil tem se estruturado cada vez mais”, avalia Bruno.
O vocalista Afonso destaca a evolução da banda desde 2012. “Inicialmente, a Alpargatos era conhecida como a banda do recreio do Colégio Santa Inês, um dos primeiros lugares em que nos reuníamos para tocar, na época em que a banda começou a surgir. Nos consolidamos de uma forma mais séria no momento em que começamos a cantar músicas autorais. Criamos uma identidade e estamos desenvolvendo cada vez mais”, declara.
O guitarrista e produtor musical Leonardo Braga pondera que os lançamentos da banda fizeram com que o grupo crescesse e a resposta do público ajudou muito no desenvolvimento de todos. “A banda sempre teve um crescimento forte, desde quando começaram os primeiros lançamentos. Acredito que no nosso último disco o crescimento foi maior em todas as esferas, tanto nos shows quanto na resposta do público pelas redes sociais e demais plataformas”, nota. Na avaliação da banda, o último trabalho, O Chão é Lava, foi o melhor conceitualmente, tanto na parte musical quanto no visual, levando a um alcance maior de pessoas.
A banda
A história do grupo Alpargatos é um tanto quanto interessante. Desde sua formação inicial, a banda já teve três mudanças nos componentes. Inicialmente, eram cinco integrantes. Hoje em dia, os remanescentes são Afonso, Bruno e Pedro, que se conheceram de uma forma curiosa.
“Não nos conhecíamos, na verdade. Um amigo em comum de todos, que gostava de música também, nos reuniu em um estúdio em um domingo à tarde. A partir daí, começamos a nos conhecer melhor e os encontros viraram frequentes. Esse amigo, que fazia parte do grupo também na época, decidiu sair e, a partir do momento que o Afonso trouxe suas músicas autorais, a gente percebeu que poderia ter uma banda em mãos”, conta Bruno.
Afonso lembra da escolha do nome do grupo. “Não teve um acontecimento que deu origem ao nome Alpargatos. Surgiu quando começamos a fazer shows, tanto na escola quanto em lugares fora. Tentamos propor uma estética mais debochada no nome, e como a alpargata era moda na época, acabou surgindo essa brincadeira entre o calçado e o animal, que acaba fazendo uma referência a nossa estética. Algo totalmente irônico”, comenta.
Com referências que vão da MPB ao indie rock, a banda busca sempre se reinventar e fortalecer o cenário da música autoral. Além disso, Bruno relata que existem alguns grupos que a Alpargatos se inspira pelo Brasil. “Essas referências surgiram muito das nossas influências, do que a gente ouvia em casa. Sempre tivemos um apreço maior pelo estilo brasileiro de fazer música. Nos inspiravam muito, tanto musicalmente quanto como trajetória. As nossas referências são O Terno e Boogarins, uma banda de Goiânia. Nunca conseguimos atribuir um estilo à banda, sempre usamos esses dois estilos para descrever o som”, explica.
O guitarrista e produtor musical da Alpargatos destaca que todos os shows e eventos em que a banda participou serviram de aprendizado e crescimento para todos do grupo. Mas, claro, nem sempre tudo sai como planejado, e alguns imprevistos podem prejudicar a performance no palco. “No final do ano passado, participamos de um evento grande aqui no interior do Estado. Abrimos o show de uma banda que é conhecida nacionalmente, tinha muita gente. Chegamos lá para passar o som, e tivemos que trabalhar com o técnico de som da casa porque não temos um próprio. Esse técnico estava alterado, e deu tudo errado durante o show. Foi um acontecimento que certamente serviu de aprendizado para nós”, conta Leonardo.
Bastidores das gravações
Bruno ressalta que na época de gravações dos singles, antes dos lançamentos dos discos, a banda se organizava de maneiras diferentes. “No início, era uma coisa bem formal, de conseguir estúdio. A gente se reunia o mais rápido possível, para não gastar muito em horas no local, e afinávamos os arranjos, dividindo com o que cada componente iria fazer no decorrer da música. Essa era a primeira etapa. Depois voltávamos para o estúdio pra finalizar tudo, ouvindo algumas dicas do produtor Leo Braga, que hoje em dia faz parte da banda como guitarrista também”, diz.
Falando ainda dos singles criados pelo grupo, Afonso destaca um que marcou mais a trajetória do grupo. “É difícil escolher apenas uma música de destaque. No primeiro momento lançamos apenas singles, depois começamos a lançar discos com músicas que se destacaram de uma forma gigantesca. Se tivermos que destacar uma seria a música Super-Homem, Astronauta que nos consolidou em todo o cenário”, comenta.
Ouça a música no vídeo a seguir, durante o show da Alpargatos, no Teatro de Arena, em 2017.
