Alta na aquisição e manutenção de veículos faz trabalhadores voltarem ao transporte público

Último IPC divulgado pela Fipe indica aumento nos valores de automóveis usados e novos, além da inflação da gasolina

Jordana Fioravanti
Redação Beta
3 min readDec 1, 2021

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Inflação motiva trabalhadores a voltarem para o transporte coletivo. (Foto: Pexels)

A perspectiva de alta nos preços dos combustíveis se repete quando o assunto é a aquisição e/ou manutenção de veículos. A composição do cenário resulta em muitos trabalhadores que abriram mão de ir trabalhar de carro ou moto e voltaram para o transporte público. Acordar algumas horas mais cedo e caminhar até pontos de ônibus distantes da moradia se tornam rotina mais uma vez. É o caso da estagiária de Administração Stephane Dias, 22 anos, que há cerca de dois meses deixa o carro na garagem e se desloca até o trabalho por meio do transporte público. “Eu tenho que sair bem mais cedo de casa, do que quando eu ia de carro e chegava em dez minutos. Hoje eu espero, levo quase meia hora, mas é uma economia que vale a pena. São 150 reais que ficam para usar em outras coisas, já que não foi só a gasolina que subiu”, conta.

Estudante de Administração abre mão de se deslocar até o trabalho de carro e volta ao transporte público. (Foto: Arquivo pessoal/Stephane Dias)

A livre consulta no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — IBGE e na Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas — Fipe já demonstra o que leva a população a optar ou ter como saída o transporte coletivo. A gasolina inflacionada em 40,44% no último ano é a ponta do iceberg de um problema conjunto: a manutenção. Subitens como óleo lubrificante e pneus tiveram alta de 19,9% e 31,03% respectivamente, nos últimos 12 meses. “É uma distância de cinco quilômetros, mas o que eu economizo indo para o trabalho de ônibus, no fim do mês pode significar uma troca de óleo, por exemplo. É um gasto que eu teria de qualquer forma e assim não pesa tanto”, compara a estudante Stephane, que desde 2018, quando comprou seu carro, não teve mais o hábito de ir trabalhar de ônibus. Ela ainda diz que, mesmo tendo vale-transporte, pela praticidade e agilidade pretende retomar a rotina com seu automóvel. “Em dias de chuva é complicado pegar ônibus, com a questão da pandemia também, porque nos horários de pico é muito cheio. Então se os preços diminuírem, a ideia é voltar a usar meu carro para ir trabalhar também”.

Valor de aquisição também aumenta

Dados da Fipe dão conta de que o preço de aquisição de veículos usados e novos tiveram alta consecutiva de 2,86% e 1,76%. Esse aumento, para algumas pessoas, significa distância do objetivo de conquistar o primeiro carro. O servidor público Lucas Unser, 29 anos, diz que, para ele, o problema começa antes mesmo de ir para a estrada. “Há mais de um ano me programava e economizava para comprar um carro como eu queria e de uns meses para cá isso deixou de valer a pena. O valor que você tem hoje, não paga mais o mesmo carro que pagaria no ano passado, nem seis meses atrás”, disse.

Com alta na Fipe Lucas adiou o plano do primeiro carro. (Foto: Arquivo pessoal/Lucas Unser)

Em uma rápida simulação na plataforma da Fipe em 17 de novembro de 2021, pode-se comprovar que, mesmo no carro mais básico, a mudança é gritante. Por exemplo: um modelo Celta de 2006, quatro portas, que hoje custa R$ 15.314,00 na mesma data em 2020 saía por R$ 12.410,00. Uma diferença de quase R$ 3.000,00. “Pode não parecer muito, em relação ao preço de um carro, mas para quem está comprando isso é uma entrada, bem mais que uma transferência”, comenta Unser, que, por conta do cenário de mercado atual, abriu mão da compra.

São conflitos que, todos os dias, mudam e impactam os planos e rotinas de muita gente como a Stephane e o Lucas.

De tudo isso o que fica em aberto é a expectativa de melhora.

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