Alunos com deficiência têm dia de atletas olímpicos nos ParaJogos Escolares Municipais

Ação contou com a participação de estudantes de escolas municipais e estaduais de São Leopoldo

Karolina Bley
Redação Beta
5 min readAug 30, 2022

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Alunos participaram dos ParaJogos Escolares Municipais na pista de atletismo da Unisinos. (Foto: Thales Ferreira/Prefeitura Municipal de São Leopoldo)

Oferecer aos jovens com deficiência o que já é oferecido para jovens não-deficientes. Esse é um dos principais objetivos dos ParaJogos Escolares Municipais (ParaJEM) de São Leopoldo, que teve a abertura de sua primeira edição realizada na tarde do dia 23 de agosto. Ocorrido na pista de atletismo da Unisinos, o evento contou com sete atividades esportivas, além de brinquedos infláveis e apresentações musicais de alunos.

Estudantes de escolas municipais e estaduais foram misturados em sete grupos, que intercalavam as atividades. Na pista, os alunos disputavam corrida. Na caixa de areia, acontecia o salto em distância. No gramado, praticavam o arremesso de dardo, peso e disco. Já na lateral do estádio, aconteciam partidas de xadrez e de tênis de mesa.

Além do atletismo, alunos praticaram xadrez e tênis de mesa. (Foto: Karolina Bley/Beta Redação)

Com cerca de 100 alunos inscritos e 12 escolas participantes, a ação organizada pela Secretaria Municipal de Educação (SMED) de São Leopoldo e pelo Sesc-Fecomércio também contou com ampla participação de professores e pais dos jovens. Mãe de aluno da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) João Carlos Von Hohendorff, Caroline Rodrigues da Silva elogiou a iniciativa. “Acho que atividades assim são extremamente importantes, porque essas crianças têm muitas habilidades, muitas potencialidades. Então elas precisam aparecer, precisam mostrar o que elas podem fazer”, destaca.

Coordenador de projetos da SMED, Éderson dos Santos relata que realizar o ParaJEM era um desejo de anos da prefeitura. “Nossa intenção para 2023 é promover mais vezes esse encontro ao longo do ano. Em 2022, queríamos ter essa primeira experiência para ver como iria funcionar”, enfatiza.

Os ParaJogos Escolares Municipais tiveram sua primeira edição em 2022 como forma de experimentação para futuras edições. (Fotos: Karolina Bley/Beta Redação)

Segundo dados da SMED, a maior parte das inscrições era de alunos com deficiência intelectual (38,7%), seguida de jovens com transtorno do espectro autista (20,4%) e deficientes físicos (14%). Também disputaram as provas alunos com Transtorno Global de Desenvolvimento (TGD), deficiência visual, deficiência auditiva e paralisia cerebral.

Caroline Rodrigues comemorou o fato de, cada vez, o poder público e a sociedade investirem na inclusão de jovens atletas com algum tipo de deficiência. “Antigamente, ninguém olhava pra isso. Acho que todas as outras oportunidades que são dadas para crianças que não têm deficiência deveriam ser dadas também para essas crianças”, reivindica.

Éderson possui opinião parecida. “Nossa ideia é que um dia não precisemos mais de dois espaços e atividades distintas, mas que consigamos fazer com que as atividades ocorram com todos os estudantes, com ou sem deficiência. Porém, entendemos as especificidades de cada aluno e cada deficiência”, argumenta o coordenador de projetos da SMED.

No gramado, atletas disputam as provas de arremesso de disco, peso e dardo. (Fotos: Karolina Bley/Beta Redação)

Outra mãe, mas de aluno da EMEF João Belchior Marques Goulart , Ieda Cleonice Zeni Müller estava feliz com a primeira participação do filho em um evento esportivo para crianças com deficiência. Porém, para ela, há uma carência na divulgação de eventos nos moldes do ParaJEM, assim como de informações mais gerais sobre Pessoas com Deficiência (PcD). “A prefeitura poderia lançar um projeto ou um programa que fale mais sobre crianças com deficiência. Não somente para alunos, mas também para pais e sociedade geral, pois o que falta, muitas vezes, é informação. O que falta é conscientizar”, comenta.

A professora Luana Belchior de Souza, da EMEF Francisco Cândido Xavier, elogiou a estrutura inclusiva da escola em que trabalha, mas acha que fora do ambiente de estudos há muitos aspectos a serem trabalhados e discutidos. “Nós ensinamos o que dá dentro da escola e eles vão plantando dentro de casa. A gente nota que na questão da acessibilidade há muito o que melhorar”, sinaliza.

Com a Língua Brasileira de Sinais como uma de suas formações, Luana lamenta a falta do ensino de Libras no currículo da maioria das instituições de ensino. “É uma língua nossa que as crianças não sabem, e nem nós adultos. Acho que temos que começar a dar valor para o que é nosso e começar a inserir devagarinho. Ir plantando para colher daqui alguns anos”, sublinha a professora.

Na caixa de areia, alunos se divertiram com o salto em distância. (Foto: Karolina Bley/Beta Redação)

No final das competições do ParaJEM, o momento mais esperado: a premiação. Como o principal lema da ação era a inclusão, todas as crianças foram premiadas pela participação nos jogos. Ao som da música tocada nos Jogos Olímpicos nos momentos em que atletas sobem ao pódio, os alunos das redes municipais e estaduais de ensino receberam a sua medalha.

Os ParaJogos Escolares Municipais tiveram sua abertura na penúltima semana de agosto, pois integram a programação da Semana Municipal das Pessoas com Deficiência, Mobilidade Reduzida e Altas Habilidades/Superdotação, realizada pela Secretaria de Direitos Humanos de São Leopoldo entre os dias 22 e 26 de agosto. O lema para esses dias representa o que alunos com deficiência demostraram na pista de atletismo da Unisinos: protagonismo que empodera e concretiza novas oportunidades.

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