Amizade, trago e futebol ditam a história do Atlético Pumas

Clube de futebol de Gravataí tem nas partidas de sábado a válvula de escape para as adversidades da semana

Milene Magnus
Redação Beta
4 min readNov 7, 2017

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Time atuante na partida contra a equipe do Reysol. (Foto: Milene Magnus/Beta Redação)

Em meio a gritos e esbravejos do técnico o jogo segue empatado. Entre sol e chuva, os 11 jogadores do Atlético Pumas se empenham para vencer o time adversário. A partida, mesmo com um pênalti defendido, termina com a derrota do Pumas, no campo do Savana, em Gravataí. Ainda que indesejado, o resultado não influi no sábado à tarde que tem como propósito a confraternização e a união.

“Nos reunimos no sábado para esquecer os problemas pessoais e profissionais da semana” — Tiago Nunes, cofundador e goleiro do Atlético Pumas.

Criado em agosto de 2004, o grupo teve início com um time de futebol sete que contava com os vizinhos e amigos Tiago Nunes, Vinicius Isoppo, Marcos Sita, Bruno Sanco, Lucas Reis e Otacílio Nunes. Logo no próximo ano, a equipe se transmudou em futebol de 11. Treze anos se passaram e algumas mudanças puderam ser percebidas, entretanto “o futebol não mudou muito”, diz Vinicius — mais conhecido como Ratão. Depois de jogar dois ou três campeonatos intermunicipais, os amigos perceberam que priorizam muito mais a companhia, a cerveja no fim do jogo e, principalmente, a amizade construída através das quatro linhas.

Instagram do clube atualiza os seguidores e tem forte interação. (Foto: Divulgação/Atlético Pumas)

Apesar da descontração e da informalidade, o Pumas tem uma organização apreciável: a comissão conta com oito jogadores. Financeiro, criação e venda de uniformes, material de passeiro, manutenção e lavagem do fardamento, relação pessoal com atletas, eventos, festas, mídias sociais — Facebook e Instagram — e, até mesmo, materiais como bolas e água são responsabilidades distribuídas entre a comissão. Concretizado como entidade sem fins lucrativos, o time envolve cerca de 25 pessoas. “É uma brincadeira séria”, diz Michael Balotelli, atleta do clube. Todos possuem voz ativa dentro da equipe que sempre buscou estender suas atividades ao extracampo. “Como somos de lugares diferentes, precisamos adquirir diversas visões da realidade para a melhor organização do grupo”, completa Tiago.

Intervalo de jogo é o momento em que o grupo se reúne para a reorganização tática. (Foto: Milene Magnus/Beta Redação)

Com uma média de 39 jogos por ano, o time tem diversas gerações implicadas pela manutenção e seguimento do Atlético Pumas. Primeiro presidente do grupo, Otacílio Nunes era a voz que ecoava na beira do campo no início do jogo. Hoje técnico do time, o aposentado aos 65 anos não deixa a desejar em comparação aos mais jovens. Sentado à ponta da mesa, ele conta histórias e momentos marcantes do Pumas enquanto pede mais um “litrão de gelada” (cerveja) para os amigos.

A seleção de novos jogadores passa por uma série de especificações. Após serem convidados por algum jogador, passarem por três jogos de teste e serem aprovados por meio de eleição, os novos atletas são incluídos no time. Outro diferencial é também a votação — anônima — para determinar o melhor atleta do jogo, conhecido por todos através do grupo de whatsapp que o time possui. O acolhimento presenciado pelos novos jogadores é provado pela postagem de Matheus Brenner em seu Facebook. “Apesar da minha passagem estar no início, sei que posso ajudar o grupo tanto dentro, quanto fora de campo, assim como posso contar com cada um de vocês, como uma família”, declara Matheus.

Luan Silva, torcedor número um do Pumas, sempre se faz presente nas partidas. (Foto: Milene Magnus/Beta Redação)

Torcedor número um do time, Luan Santos da Silva, de 11 anos, é presença confirmada em todos os jogos. Festejando com os atletas, o menino, irmão do atleta Lucas Santos, é sempre receptivo com os presentes, abraçando e brincando com os que dele se aproximam. “É nosso fã número um, não falta um jogo!”, conta Michael. Apadrinhado pelo clube, Luan leva estampado no rosto o sorriso que todos buscam no final da tarde do sábado.

Festa de final de ano do Atlético Pumas de 2016. (Foto: Divulgação/Atlético Pumas)

Organizada depois do fim da agenda de jogos, a festa de confraternização reúne jogadores, amigos e familiares para celebrar mais um ano de Atlético Pumas. Reproduzindo os sábados à tarde dos jogadores, a comemoração, além de fraternização, é, também, dia de entrega de prêmios — considerados através de votações -, muita alegria e desejos ainda melhores para o próximo ano.

Em treze anos, a história do Atlético Pumas foi construída por diversas mãos e muitos pés. Buscando sempre o acolhimento de novos atletas e amigos, o grupo tem como princípio o respeito e a humanização. A mesa do campo do Savana está cheia de garrafas vazias e a conversa segue alta entre diferentes assuntos. Os jogadores se distraem enquanto o sábado não finda e as preocupações não voltam à cabeça. Em meio às gargalhadas e às histórias, os amigos colocam em desempenho os princípios do Atlético Pumas: a amizade, o trago e o futebol. O próximo sábado já é um desejo.

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Milene Magnus
Redação Beta

Jornalista formada pela Unisinos. Apaixonada por contar histórias, por esportes, por moda.