Futsal amador como fonte de renda

Ex-administrador encontrou no futebol de salão sua atividade profissional, sendo responsável por conciliar os jogos entre os times canoenses

Victória Lima
Redação Beta
4 min readOct 9, 2018

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Para organizar os times, os dias e os horários que ocorrem os jogos, Antônio utiliza planilha digital (Foto: Victória Lima/Beta Redação)

Antônio Iarage Soares, 59, é responsável por marcar e tabelar os jogos de times amadores de futsal em Canoas. Os clubes o contratam para garantir seus jogos semanais, sem a preocupação de encontrar times adversários e quadras disponíveis. Com mais de 20 anos de experiência, ele é o único a realizar esse trabalho, que é sua fonte de renda, na cidade de Canoas.

Considerado uma forma de sair da rotina, o esporte amador invade quadras e campos brasileiros. Pessoas comuns formam times de diferentes modalidades para praticar esportes fora do horário de trabalho e nos finais de semana. Em Canoas, muitos desses times são de futebol de salão, que se juntam para eventuais disputas durante a semana.

Para que esses jogos aconteçam, é preciso que os times conciliem os melhores horários e locais de jogo. Esse planejamento, às vezes, é complicado. Considerando isso, o ex-administrador Antônio Soares iniciou seu trabalho, há 24 anos, marcando os jogos entre as equipes canoenses de futsal, facilitando a prática do esporte amador na cidade. “Eu trabalhava em setor administrativo e quando saí da empresa comecei a trabalhar com isso”, afirma.

Mais de 200 times de futsal amador são atendidos por Soares, reunindo jogadores de 25 a 30 anos. Desses, 60 possuem horário e quadra fixos para os jogos e são responsáveis pelo pagamento mensal de 80 reais pelos seus serviços. O restante entra em contato e espera de Antônio o apontamento da quadra e da hora dos jogos, bem como os adversários a serem enfrentados.

As ligações telefônicas foram substituídas por mensagens trocadas via WhatsApp, as quais Antônio recebe diariamente (Foto: Victória Lima/Beta Redação)

No seu apartamento, Soares mantém o escritório. Em planilhas digitais montadas no tablet, organiza os times disponíveis e os jogos que ocorrerão a cada semana. Os contatos são feitos via WhatsApp, por meio de grupos e conversas particulares, tecnologia que facilitou o seu trabalho. “Antes eu tinha chips de todas as operadoras e ligava para o pessoal, agora faço tudo pelo WhatsApp”.

Há 8 anos, o time amador canoense Celta Futsal Club utiliza os serviços do ex-administrador. Para a equipe, o trabalho facilita a ocorrência dos jogos semanais. “Se não tivesse ele, todo sábado teríamos que correr atrás de adversário, o que não é fácil”, afirma o integrante da equipe, Mateus da Silva.

Soares considera como única dificuldade de seu trabalho o fato de times desmarcarem jogos na última hora ou não comparecerem às disputas. “Se alguém marca o horário e desiste no dia, é difícil achar adversário a tempo”, lamenta.

Ideia que gerou empreendimento

Irmão de Antônio, Jorge Henrique Soares, 58, o Jorginho, foi o idealizador desse trabalho. Em 1982 ele já se envolvia com o esporte nas horas vagas, atuando como diretor da Nonoai Tênis Clube, em Porto Alegre. A partir de seu contato com diferentes times, jogadores pediam a Jorginho que encontrasse adversários, o que despertou a ideia de realizar essa atividade e passar a cobrar por ela.

No início, panfletos eram distribuídos nas quadras canoenses (Foto: Victória Lima/Beta Redação)

Vendo que o trabalho estava dando certo, Jorginho convidou o irmão para abrirem juntos uma empresa e atender aos times formalmente, expandindo a atuação do trabalho também para Canoas. “Trabalhei muito por amor nessa época, mas acreditava que existia a possibilidade de expandir isso”, afirma Jorginho. Em 1994, os dois abriam a Lance Certo, empresa que atua até hoje em Porto Alegre e Canoas, com o trabalho dos irmãos na organização de jogos amadores.

“Nós começamos a visitar as quadras para saber quem teria interesse no trabalho”, conta Antônio sobre o início da Lance Certo junto a times de Canoas, cidade que é responsável por atender, enquanto o irmão atua em Porto Alegre. Ele conta que, à época, a organização do trabalho exigia a formulação de tabelas impressas, sendo o contato com os jogadores feito por ligações telefônicas.

Soares ainda mantém em seu escritório planilhas impressas que utilizava em 1997 (Foto: Victória Lima/Beta Redação)

No início, os irmãos também trabalhavam em organizações de campeonatos, mas, após seis meses, decidiram manter somente a marcação de jogos, como é feito até hoje. Para ambos, a brincadeira com o esporte foi, gradualmente, tornando-se atividade profissional. Hoje, o trabalho beneficia tanto suas vidas pessoais quanto a atividade amadora de futsal em Porto Alegre e Canoas.

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