Após guerra generalizada, Gravataí reduz o número de homicídios

Cidade soma 52 casos até outubro de 2019. O menor número foi registrado em 2010, quando a SSP-RS contabilizou 39 ocorrências

Thiago Greco
Redação Beta
3 min readOct 16, 2019

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Insegurança, pavor, medo, horror, receio. Com os números de homicídios ultrapassando os dois dígitos, esses sentimentos fizeram parte da rotina dos moradores de Gravataí nos últimos anos, em especial em 2017.

“Na verdade, tivemos uma guerra generalizada no município há dois anos, quando ocorreram 146 homicídios. Em 2018 houve uma redução para 61 casos e, em 2019, estamos registrando uma queda extremamente considerável”, comenta o delegado Eduardo Amaral, 34 anos, que está à frente da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Gravataí (DPHPP) desde janeiro.

Segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública, casos de homicídio cresceram em Gravataí entre 2007 e 2017, mas apresentam queda nos últimos dois anos (Arte: Thiago Greco/Beta Redação)

A maior causa desse tipo de crime é o tráfico de drogas. Além de Gravataí, a Região Metropolitana é caracterizada pelos altos índices de criminalidade. Levando isso em consideração, a DPHPP mapeou, por meio de um sistema de monitoramento eletrônico, os principais pontos de tráfico de drogas na cidade e iniciou um trabalho de prevenção e combate às facções.

“A principal estratégia da delegacia de homicídios foi ir direto à matéria-prima das mortes em Gravataí: o tráfico. Como a Brigada Militar ganhou efetivo, se iniciou um trabalho integrado para repressão, baseado nos boletins de ocorrência. Com isso, teve início um efeito dominó, reduzindo a venda de entorpecentes, o financeiro das facções e o arsenal para cometer homicídios”, explica o jornalista e especialista na área policial de Gravataí, Gabriel Siota, 23 anos. “Eles não estão mais matando, pois se tornaram um alvo fácil e perderam poder de fogo”, completa.

Além dos dados anuais da SSP-RS registrados nos últimos 12 anos, a Delegacia de Homicídios de Gravataí registrou, mês a mês, os homicídios em 2019, totalizando 52 casos até 14 de outubro.

Segundo a DPHPP, início de 2019 foi o período mais violento do ano (Arte: Thiago Greco/Beta Redação)

Desde janeiro, o município registrou 724 prisões e, segundo o Major do 17° Batalhão de Polícia Militar de Gravataí, Luis Felipe Neves Moreira, apesar de não haver registros exatos de quantas dessas mortes estão relacionadas a casos de homicídios, “uma parte considerável está ligada a este tipo de crime, somado ao tráfico de drogas. Mas é tudo muito relativo. Há alguns dias, por exemplo, prendemos uma pessoa que respondia por 18 homicídios”, enfatiza.

“A Delegacia de Homicídios tem noção da situação de criminalidade de Gravataí. Mesmo não estabelecendo nenhuma meta de redução desse número, ele vem diminuindo com nossas ações, o que transmite para a comunidade gravataiense uma sensação de maior de segurança”, comenta o delegado Amaral.

O educador e morador do bairro Cohab, Maurício Fernandes, 44 anos, admite não conhecer esses dados. “Pensando agora, faz algum tempo que os barulhos de tiros, sirenes e os relatos de violência diminuíram. Moro aqui praticamente a vida inteira e isso sempre fez parte da nossa rotina. Quando bate 21h30, 22h, a gente já começava a esperar os barulhos e, na manhã seguinte, se ouvia notícias dos acontecimentos na vizinhança”, revela.

Fernandes comemora os números, mas alerta: “Tenho consciência das coisas que acontecem na cidade. A gente escuta, né?! Mas é muito bom saber que essa realidade está mudando, nem que seja devagar. Mesmo assim, sempre fico ligado ao chegar e sair de casa, pois não podemos dar sorte ao azar”, frisa.

Caso 2019 mantenha a média mensal de homicídios, apesar da diminuição drástica entre 2017 e 2018, assim como entre 2018 e 2019, Gravataí encerrará o ano com mais de 60 homicídios. Manterá então a estatística do ano anterior que foi de 61 casos. Em uma comparação com Porto Alegre, segundo o programa RS Seguro do Governo Estadual, até o último mês de agosto, a capital registrou queda de 45,2%: 218 homicídios de janeiro a agosto de 2019 e 398 no mesmo período do ano passado. Indo além, ainda segundo dados do Governo, o estado do Rio Grande do Sul, entre os meses de janeiro a agosto, registrou 397 homicídios a menos em 2019. Comparado a 2018 houve queda de 24,3%–1.631 contra 1.234.

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