Transporte e habitação pressionam inflação de Porto Alegre em 2018
Enquanto país teve a maior redução do IPCA desde o Plano Real, capital gaúcha segue com preços maiores que a média brasileira
Porto Alegre teve o terceiro maior aumento da inflação no primeiro trimestre de 2018 entre as 13 capitais e regiões metropolitanas pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesse período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cresceu 0,87% na Capital, enquanto no país a alta ficou em 0,70%.
Conforme o IBGE, os maiores aumentos foram sentidos nos setores de habitação (1,68%) e transportes (1,03%). Ambos os componentes são dois dos que mais pesam no cálculo da inflação porto-alegrense, atrás apenas da alimentação.
Com o maior acréscimo entre todas as capitais e regiões metropolitanas, a habitação registrou variações mais fortes nos elementos condomínio (1,62%) e aluguel (0,54%). Os altos custos do setor dificultam a vida de quem quer comprar um imóvel em Porto Alegre.
É o caso do microempresário Eduardo Souza, de 26 anos, que viu mais distante a perspectiva de trocar de domicílio. “Eu estava pensando em vender meu apartamento e comprar outro melhor, mas, olhando os preços, está duas vezes mais caro do que quando comprei o primeiro”, relata Souza.
No caso dos transportes, os sub-itens que mais colaboraram para o avanço da inflação foram o transporte rodoviário (ônibus e lotação), que cresceu 2,27% desde o início do ano, e o transporte metroviário, que subiu 94,1%. O aumento desproporcional se deve a um reajuste nas passagens da Trensurb, no mês de janeiro, que não era feito há pelo menos 10 anos.
O melhor março em 24 anos
Considerado a inflação oficial do país, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,09% em março, bem abaixo dos 0,32% de fevereiro, e foi ao nível mais baixo para o mês desde a criação do Plano Real, em 1994.
De acordo com o IBGE, tanto a variação mensal quanto a taxa no acumulado nos três primeiros meses do ano representam o menor nível para março em 24 anos. Em 12 meses, a inflação acumulada caiu para 2,68%, abaixo do piso da meta do Banco Central, que é de 3%.
Eleições no radar
Apesar do resultado, o economista Guilherme Stein afirma que a projeção para o restante do ano não anima. “Temos uma perspectiva de inflação de aproximadamente 3,5% no acumulado para 2018 e uma inflação próxima a 4% no acumulado nos próximos 12 meses. Evidente que isso são expectativas e, portanto, estão sujeitas a mudanças em função de novos elementos que afetem a economia brasileira, que podem vir tanto de dentro como de fora do país.”
Para Stein, as eleições presidenciais devem influenciar diretamente no IPCA. “Em particular, temos que prestar atenção na questão eleitoral, se os candidatos favoritos estão comprometidos ou não com a boa política econômica, baseada no controle de gastos e metas de inflação, e com as reformas estruturais, como a questão da Previdência”, explica o economista.