Pinturas em bueiros promovem a conscientização ambiental
Beta Redação conversou com moradores de Farroupilha para entender o impacto do projeto, que reduziu a poluição na cidade
Com o objetivo de conscientizar sobre a importância da água para a manutenção do planeta, a equipe da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente de Farroupilha, na Serra Gaúcha, em parceria com o artista Rafael Barbosa, transformou mais de 20 bueiros da região central da cidade em obras de arte.
Segundo a gestora da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente do município, Cristiani Girelli, a intervenção urbana iniciada no dia 22 março, quando se comemora o Dia da Água, pretende "mostrar que o descarte incorreto de resíduos pode entupir bueiros e bocas de lobo, ou, ainda, contaminar rios e prejudicar a segurança hídrica da região”.
A iniciativa desenvolvida em Farroupilha foi inspirada na campanha, lançada em 2019, pela Organização das Nações Unidas (ONU) e intitulada “Mares Limpos — o Mar começa aqui”.
O projeto pode ser visto nas ruas Pinheiro Machado, Júlio de Castilhos, Tiradentes, Coronel Pena de Moraes, Rui Barbosa, República, 13 de maio e Independência. Além das pinturas, a intervenção nos bueiros apresenta uma mensagem de conscientização, indicando que o "rio começa aqui".
Questionada sobre a distribuição das artes apenas na região central da cidade, Cristiani relatou que foram escolhidos os pontos com maior circulação de pessoas para assegurar que todos os moradores sejam impactados.
A gestora também comentou sobre a possibilidade de reproduzir a ação no âmbito educacional em 2023, proporcionando às crianças a possibilidade de participação direta. “Desde que o projeto foi implementado, a poluição tem sido controlada e, até hoje, o impacto é visível”, pontua.
Moradora da Rua Coronel Pena de Moraes, no Centro de Farroupilha, há mais de 39 anos, Lizete Macalossi, 63 anos, nunca havia visto uma intervenção artística a favor do controle da poluição nas redes pluviais. A novidade chamou a atenção, ajudando a recordar sobre a importância do uso consciente da água.
Lizete, que reside num apartamento, se preocupa com o meio ambiente, coletando resíduos deixados fora dos lugares devidos e realizando a separação do lixo. Mãe de duas meninas e de um menino, educou os filhos para cuidar daquilo que é patrimônio público. “Eu acredito que essa obra vai além de conscientizar as pessoas mais velhas, educa os mais jovens”, relata.
A farroupilhense observa que a maioria dos moradores zela pela limpeza das ruas. Ela também destaca que, de forma geral, o embelezamento da cidade melhorou, o que contribui para o cuidado no descarte de resíduos.
Lizete acredita que “as pessoas estão amadurecendo com o tempo e constatando que saneamento é importante e básico para o mantenimento das águas em condições adequadas para as gerações futuras". Segundo ela, a conscientização deve ser desenvolvida em todos os bairros da cidade, pois a arte gera impactos e melhora a qualidade de vida.
A estudante de Nutrição Júlia Brustolin, 19 anos, enxerga Farroupilha como um local bonito e limpo se comparado com cidades maiores. De acordo com a jovem, as pinturas nos bueiros, além de bonitas, são importantes para promover a conscientização ambiental e provocar uma reflexão sobre as atitudes que tomamos a partir do lixo gerado no dia a dia.
“Apesar de ainda ter muito a ser feito, são essas pequenas iniciativas que fazem a diferença”, reitera.
Júlia destaca que é importante espalhar a iniciativa por toda a cidade, assim como nas escolas. “Nem todos possuem acesso a essas informações e a manifestação delas em forma de arte é uma opção para disseminar a consciência ambiental. Quanto mais cedo for criada a consciência, mais fácil é tornar isso um hábito”, destaca.
No dia a dia, a estudante controla o uso de água, utiliza transportes públicos e prefere alimentos com pouca ou nenhuma embalagem plástica. Ao iniciar o curso de nutrição, adquiriu o hábito de preparar os alimentos de forma integral, utilizando as cascas e os talos. Assim, aquilo que não aproveita serve como adubo para a horta caseira. Já a água que consome para cozinhar legumes, por exemplo, não vai fora. Ela a reutiliza como caldo para outros pratos.
Segundo Júlia, as intervenções artísticas podem, devem e são utilizadas como uma forma de expressão. “Realizar críticas, orientar e provocar reflexões devem ser os princípios destes projetos”, conclui.