Bechara expõe caos geométrico pela primeira vez em Porto Alegre

“Território Oscilante” reúne obras de diversos momentos do artista carioca na Fundação Iberê Camargo

Vanessa Fontoura
Redação Beta
3 min readOct 18, 2019

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Entrada da exposição “Território Oscilante”, no segundo andar da Fundação Iberê Camargo. (Foto: Vanessa Fontoura/Beta Redação)

Com trabalhos que vão de fotografias até esculturas, o carioca José Bechara realiza sua primeira exposição na capital gaúcha. A casa escolhida para abrigar sua chegada foi a Fundação Iberê Camargo, e a exposição pode ser vista de quarta a domingo, das 14h às 19h, até o dia 15 de dezembro deste ano.

Com curadoria de Luiz Camillo Osório, em “Território Oscilante” Bechara apresenta um série de esculturas, pinturas e fotografias, que marcaram sua carreira ao longo de 30 anos de trajetória. Uma de suas principais características é a utilização de formas geométricas, apostando na dissimetria das obras, como a primeira delas, denominada Miss Lu Silver Super-Super, logo na entrada da Fundação — um emaranhado de cubos assimétricos.

“Nuvem para meia altura, 2015”. Papel glassine, vidros e lâmpadas; dimensões variáveis. (Foto: Vanessa Fontoura/Beta Redação)

A geometria e o caos continuam no segundo andar, onde se concentram a maioria das obras expostas. De primeira, Nuvem para meia altura chama atenção do público ao lado da pintura Díptico Macio. Para a jornalista Alice Urbim, a primeira impressão que a exposição passa é de uma casa desconstruída. Sua obra preferida é justamente a Nuvem para meia altura, pois ela se concentra na altura dos olhos. “Conheço o trabalho do artista e a importância dele nas artes plásticas brasileiras. É um cara muito importante, faz mais de 30 anos que ele expõe. Foi ótimo ele ter trazido sua obras aqui para o Iberê”, ressalta.

A exposição segue em obras expulsando o mobiliário de uma casa — fotografias, desenhos e uma grande escultura chamada Ok, Ok Let’s Talk. Nesta, o artista faz uma apropriação de um conjunto de mesas e cadeiras que causaram desconforto ao estudante Lucas Maia. “Não entendi muito bem a mensagem que ele quis passar. São obras muito assimétricas e que causam certa confusão, principalmente este conjunto de mesas e cadeiras. Me trouxe desconforto, mas me fez refletir”, comenta.

O artista utiliza mesas e cadeiras em “Ok, Ok Let’s Talk”. (Foto: Vanessa Fontoura/Beta Redação)

Compõem ainda a exposição as obras A Casa Perna Frontal, A Casa Abstrata, Sobre Amarelos, Série de desenhos Vista lateral, Banco para Janela e obras sem título da série Pequenos Grids.

José Bechara

O artista José Bechara nasceu no Rio de Janeiro, em 1957, onde trabalha e reside até hoje. Iniciou seus estudos em 1987 na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Quatro anos mais tarde passou a integrar um ateliê coletivo na Lapa, centro do Rio de Janeiro, com Angelo Venosa, Luiz Pizarro, Daniel Senise e Raul Mourão.

Somente em 1992 Bechara começou suas experimentações com suportes e técnicas diversificadas, característica marcante de seus trabalhos. O carioca foi fortemente influenciado por Kasimir Malevich (1878–1935), um dos mais importantes pioneiros da arte geométrica abstrata, tendo fundado, em 1913, o Suprematismo.

Confira mais fotos da exposição:

“Miss Lu Silver Super-Super”, 2009–13 (da série “Esculturas Gráficas”); alumínio fundido; dimensões variáveis; coleção do artista. (Foto: Vanessa Fontoura/Beta Redação)
Obras sem título da série “Pequenos Grids”. (Foto: Vanessa Fontoura/ Beta Redação)
“Sobre Amarelos”, 2017. Madeira, acrílica e vidros; dimensões variáveis. (Foto: Vanessa Fontoura/Beta Redação)
“Vista lateral 1”, 2002, e “The Wardrobe”, 2002 — da série “Paisagem doméstica ou Não me lembro do que dissemos ontem”. (Foto: Vanessa Fontoura/Beta Redação)
Bechara apresenta sua série de desenhos assimétricos sobre casas. (Foto: Vanessa Fontoura/Beta Redação)
“Espera”, 2004 (da série “Temporária”), fotografia. (Foto: Vanessa Fontoura/Beta Redação)

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