As estratégias dos novos partidos políticos para se estabelecerem no interior do estado

Novo, Rede e PMB apostam no voluntariado para disseminar ideias e cativar representantes e eleitores.

Laura Gallas
Redação Beta
6 min readMay 11, 2018

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De acordo com a lista oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), atualmente o Brasil possui 35 partidos políticos registrados. Destes, entre os que preservaram a mesma denominação, o primeiro a ser formado foi o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), em 1981. Seguido do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), do Partido Democrático Trabalhista (PDT), e do Partido dos Trabalhadores (PT) — considerados alguns dos mais tradicionais. Ao longo da cena política brasileira, muitas outras siglas e ideologias foram sendo criadas ou tiveram seus nomes alterados. Neste cenário de veteranos , a Beta Redação conversou com representantes de três novos partidos políticos e apresenta quais as estratégias para se estabelecerem no interior do Rio Grande do Sul.

Novo: Voluntariado para multiplicar ideias

Com um posicionamento de direita, o Partido Novo foi estabelecido pelo TSE em 15 de setembro de 2015. De acordo com informações do site do partido, o objetivo é preservar as liberdades individuais, que incentivem o empreendedorismo, e a participação do cidadão na vida política, tendo sua atuação focada nas áreas de educação básica, saúde, segurança, infraestrutura e preservação da moeda.

Segundo a porta-voz da sigla no estado, Caroline Renner, a estruturação nas cidades inicia com um grupo de pessoas interessadas a ajudar a criar rotinas de divulgação do partido na cidade, conforme esse grupo se desenvolve e na medida que cumprem algumas metas, eles podem se tornar núcleos. “Os diretórios municipais serão decorrência do trabalho apresentado pelos núcleos e sempre tendo por base a meritocracia”, explica.

Caroline esclarece que o diferencial do partido é o trabalho voluntário dos filiados e apoiadores que, segundo ela, são pessoas que saíram da sua zona de conforto e querem contribuir para transformar tudo o que precisa ser mudado no Brasil. “Esse tipo de trabalho voluntário é mais eficiente do que aquele que comumente se vê nos demais partidos, pois é feito por pessoas que realmente acreditam na causa e querem fazer a diferença”, aponta.

O Novo conta com filiados em mais de 100 cidades do Rio Grande do Sul, um diretório municipal em Porto Alegre, núcleos em Santa Cruz do Sul e Caxias do Sul, e mais cerca de 70 grupos de trabalho e multiplicadores. O engenheiro Felipe Masotti, de Gramado, conheceu o Novo em um evento de apresentação do projeto em Florianópolis/SC, em 2014, quando a sigla ainda não havia registro no TSE. A partir de então, se interessou pelo assunto, filiando-se ao partido em 2015. “O fato do Novo não fazer uso do Fundo Partidário e Fundo Eleitoral para o financiamento de suas atividades foi uma ótima razão para que eu resolvesse apoiar o partido, que depende apenas de quem realmente acredita no projeto para existir”, relata.

O jovem sempre teve interesse por política e economia, mas nunca havia se identificado de verdade com nenhuma legenda ou ideologia. “Procurava votar no ‘menos pior’, e esta será a primeira eleição em que votarei de fato no que acredito ser a melhor opção — mais do que nos candidatos, mas em todo um projeto coerente. Me identifico em muitos aspectos, especialmente no que diz respeito a luta pela liberdade.”

De acordo com Felipe, o funcionamento do Partido Novo é muito simples: há princípios, ideias e valores que formam a ideologia e a estratégia de longo prazo da instituição. Por outro lado, algumas posições específicas ficam a cargo de cada filiado, sem a interferência do partido. “Acho isso essencial, pois as pessoas não são iguais umas às outras, mas estão unidas em prol de um bem comum — educação, saúde, segurança e economia, de um modo geral, que afeta a todos, indiferentemente de crenças e classes sociais”, completa.

Dificuldades para o partido se estabelecer no interior? Segundo a porta-voz Caroline, o fato de não usarem fundo partidário e ainda não serem muito conhecidos. “Temos o orçamento reduzido para atuarmos em mais regiões, mas conseguimos compensar isso com o uso das redes sociais e do voluntariado engajado”, conclui.

Rede: Autonomia nas cidades

O Rede Sustentabilidade foi instituído partido pelo TSE em 22 de setembro de 2015 e possui uma postura centro-esquerda. Fernanda Martins Correa, de Farroupilha, na Serra Gaúcha, é filiada ao partido desde 2015 e atua como porta-voz feminina estadual da sigla. A jovem destaca que a principal estratégia para o Rede se tornar mais conhecido e constituir novos núcleos pelo interior do estado é acompanhar o trabalho de pessoas que se destacam na comunidade em ações que representam os princípios do partido. A partir disso, elas são contatadas e convidadas para somar e trilhar o caminho juntamente aos demais.

“A principal vantagem da Rede é ter lideranças importantes comprometidas com as bandeiras do partido, como a pré-candidata à Presidência da República Marina Silva, o senador Randolfe Rodrigues ou o deputado federal João Derly. Também, a grande presença da juventude contribuindo nos mais diversos debates”, completa a porta-voz.

Conforme Fernanda explica, a Rede não escolhe as cidades para se estabelecer, pois pensa a política de uma forma horizontal. O objetivo é que os municípios possuam autonomia para levar suas deliberações e opiniões para a estadual e também para a nacional. “Por conta disso, incentivamos a criação de comissões onde já existem simpatizantes e lideranças no partido. Quando algum eleitor demonstra interesse, procuramos ajudar na mobilização”, esclarece, afirmando que todos os filiados são voluntários.

É o caso do autônomo Francisco Portulan, filiado do Rede. Ele afirma que se sentiu atraído pelas propostas do grupo pelo posicionamento sustentável e pela possibilidade de candidaturas independentes. “É um partido que está crescendo com uma boa base”, acredita. Francisco conta que ficou sabendo mais sobre o partido pela televisão, “quando Marina Silva tentou homologar a sigla e foi recusada pelo TSE. Como precisavam de nomes para atingir o coeficiente para homologar o partido, foi formada uma comissão em Canela, quando fui convidado”, relata.

A Rede se estabelece nas cidades por meio de reuniões com pessoas que desejam formar uma comissão. Segundo Fernanda, primeiro ocorre a filiação e em seguida é realizada uma assembleia em que os integrantes do município escolhem seus representantes. Uma ata é encaminhada para o Elo Estadual, que delibera a criação ou não. Após isso, é preciso ser formalizado perante a Justiça Eleitoral e a Receita Federal para obter o CNPJ.

PMB: Educação como caminho para a inclusão social

O Partido da Mulher Brasileira (PMB) surgiu em 2015 e com ele a intenção de fazer com que se reflita e dialogue mais sobre os dados de violência contra a mulher no país. “Não somos só ‘mais um partido’, mas aquele que defende a igualdade e a paz”, relata o porta-voz da sigla no estado, Fernando Portella. A estreia do PMB nas eleições ocorreu em 2016, no entanto, aqui no estado não houve nenhum candidato na época.

Segundo Fernando, a principal dificuldade é a cena política no país. “Infelizmente, é repleto de raposas velhas com discursos bonitos, mas com ações contraditórias”, ressalta. Além da ideologia de igualdade, o PMB acredita na educação como caminho para a inclusão social. “Só a educação dá oportunidades iguais para aqueles que a vida colocou em caminhos diferentes. A educação é a espinha dorsal”, frisa Portella. Apesar da legenda em defender e representar as mulheres, o partido não se afirma feminista.

Uma das estratégias para cativar filiados no interior é formar uma comissão no local com presidente, secretários e tesoureiros. “Diante do momento político atual, pode parecer difícil falar em esperança, só que esse momento pode ser de oportunidade para uma transformação. É hora de a sociedade se mobilizar e fazer boas escolhas”, pontua.

De acordo com porta-voz do grupo político, o crescimento no estado está sendo positivo. “Nós trabalhamos pensando na próxima geração, enquanto os outros trabalham pensando na próxima eleição”, ressalta. Na política, finaliza Portella, não existe espaço vazio: se os bons não se dispuserem a ocupá-los, os maus vão permanecer lá.

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Redação Beta
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