Até aqui nos ajudou o violão

Um recorte do caminho de um profissional dos palcos

Alessandro Garcia
Redação Beta
4 min readJun 8, 2018

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Jonnas Nunes. (Foto: Mônica Rodrigues)

Jonnas Nunes é nome conhecido na vida noturna do Vale do Sinos e Grande Porto Alegre. O músico de 28 anos, natural de Santana do Livramento, além de lembrado por sua passagem em diversas bandas do circuito alternativo, é protagonista de uma trajetória vitoriosa no ramo musical, onde, ao transpor dificuldades variadas, encontrou o que chama de “seu lugar no mundo”.

Influenciado por bandas como Nirvana, Legião Urbana, Capital Inicial e Engenheiros do Hawaii, Jonnas foi despertado para a música ainda na infância. “Comecei através do meu irmão. Na época, ele tinha um violão que era um objeto intocável, ninguém podia mexer. Assim que ele saía de casa, eu pegava e dedilhava alguns acordes. Com o passar do tempo, ao ver meu interesse, minha mãe me deu meu primeiro violão.”

Aos 15 anos, Jonas teve sua primeira banda. A Defenestrado foi um grupo de punk rock que, apesar de não ter atingido grande expressão, foi experiência importante no sentido de levar ao entendimento da atividade profissional que gostaria de exercer.

(Foto: Jonnas Nunes/Arquivo pessoal)

Ao atingir a maioridade, Jonnas se mudou para Canoas. Nessa época já havia decidido que, para além de um estilo de vida, encararia a música como meio de sustento.

“Já adulto, na primeira vez que falei para minha mãe que queria ser músico profissional, ela me olhou e disse: e vai viver de quê? Lembro que aquilo, ao contrario do que possa parecer, não me soou desanimador, e sim como uma mensagem desafiadora”, diz Jonnas.

Nessa época, o músico já dominava a técnica de instrumentos como violão, flauta, teclado e contrabaixo. Também era assíduo frequentador do circuito cultural alternativo de Canoas. Envolvia-se em grupos de teatro, ministrava aulas de música, participava de feiras de poesia. Assim, não demorou muito para que passasse a receber convites a integrar grupos musicais que emergiam nesse cenário.

“O Renato foi o primeiro cara a me convidar aos palcos. Ele estava lançando seu primeiro CD, Juras de Amor, de 2012. Era uma um superprodução, e precisava montar um superbanda. Me senti honrado em ser lembrado”, pontua Jonnas.

Renato La Rossa e banda. (Foto: Arquivo pessoal)

Esse primeiro contato profissional com os palcos ajudou-o a ganhar notoriedade, levando-o, mais tarde, ao convite em ser membro de bandas como a Vóvó Quantica e Vanilla. Esses grupos o ajudaram a se projetar e desenvolver público próprio.

“Lembro de uma situação inusitada, quando, ao participar com a banda Vanilla da gravação do Radar, programa da TVE, conheci o Marcio Petracco, personagem que sempre fui fã. Aquele foi um momento muito especial.”

Em 2016, Jonas foi co-criador, com a cantora Daiane Nunes, da dupla Vento Outono. Esse projeto teve grande repercussão no Vale do Sinos. Além de presença confirmada nos principais pubs e casas noturnas da região, a dupla participou de programas de televisão e festivais, como o “A Nossa Música”, na cidade de Novo Hamburgo, em dezembro do mesmo ano.

Apesar da grande expressividade que alcançou, a Vento Outono teve curta duração. Na metade do ano seguinte, divergências criativas levaram à dissolução do duo. Foi nesse período que Jonnas optou, de vez, por trabalhar sua carreira solo.

“Minha guinada na música foi no final do ano de 2017. A situação era precária. Na época estava casado, e era um dia em que não tinha dinheiro pra nada; nas prateleiras só tinha arroz. Minha mulher sempre me apoiando, mas dava pra ver que estava desesperada. Foi quando recebi a ligação de um dono de pub dizendo que tinha visto um vídeo meu e que queria me contratar. A partir daí as coisas deslancharam.”

Desde então a carreira solo do músico tem ganhado solidez. Em dezembro do ano passado, na primeira edição do Canoas Rock Festival, Jonnas Nunes foi convidado a abrir o show de ícones do rock gaúcho, os músicos Tchê Gomes (TNT, Tenente Cascavel) e Luciano Preza (Cartolas, Banda Preza), atrações principais da noite.

“O convite mexeu com meus sistemas. Um público extremamente receptivo, entrando na onda.”

Um desejo para o futuro

Quanto ao que espera para os próximos anos, Jonnas diz ter o sonho de em algum momento dividir o palco com seu grande ídolo, o artista Zé Ramalho. No mais, pretende seguir investindo na carreira, buscando solidificá-la cada vez mais.

Por fim, deixa uma mensagem para quem, como ele, almeja viver da música: “Eu encaro a loucura das pessoas como uma dádiva. Porque tem que ser louco para correr atras dos seus sonhos”.

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