Atletas paralímpicos de Porto Alegre são vacinados contra a Covid-19

Mônica Santos e Vanderson Chaves irão representar o Brasil na esgrima nos jogos de Tóquio

Alexsander Machado
Redação Beta
4 min readJun 1, 2021

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Mônica e Vanderson tomaram a primeira dose da vacina da farmacêutica Pfizer. (Foto: Mônica Santos/arquivo pessoal)

O Brasil iniciou há duas semanas a vacinação das delegações e atletas brasileiros que participarão das Olimpíadas e Paralimpíadas de Tóquio, no Japão. No Rio Grande do Sul, dois atletas da esgrima, vinculados ao Grêmio Náutico União, receberam a primeira dose do imunizante da farmacêutica Pfizer.

Mônica Santos e Vanderson Chaves contam como foi a experiência de receberem a vacina e, assim, estarem mais próximos de Tóquio.

Na avaliação de Vanderson, receber a primeira dose foi gratificante, não apenas pelos Jogos Olímpicos, mas pela esperança de vida que esse gesto representa. "Eu poderia pegar o vírus no treino ou no supermercado, mas com a vacina consigo ir para o treino mais tranquilo", destaca o atleta, que permanecerá tomando todos os cuidados necessários para evitar um possível contágio.

Vanderson foi vacinado com a primeira dose na Policlínica Militar de Porto Alegre (PMPA). (Foto: Arquivo pessoal / Vanderson Chaves)

Para Mônica, o cancelamento dos jogos, em função do alastramento da pandemia pelo mundo, foi desanimador. Segundo ela, a preparação para Tóquio envolveu quatro anos de treinos. "Agora, tomar a primeira dose foi uma alegria imensa. Realmente estou muito feliz, relata.

Mônica tomará a segunda dose da vacina no dia 9 de junho, completando a imunização. (Foto: Arquivo pessoal/Mônica Santos)

Inicialmente as competições estavam marcadas para ocorrer entre julho e agosto de 2020, porém, por conta da pandemia, foi necessário realizar o adiamento dos jogos. De acordo com o Comitê Olímpico Internacional (COI), foi definido que as Olimpíadas serão disputadas entre os dias 23 de julho e 8 de agosto de 2021. O mesmo vale para as Paralimpíadas, que serão disputadas entre 24 de agosto e 5 de setembro.

Para que as competições sejam realizadas da forma segura, o COI doou mais de 4 mil doses de vacinas da farmacêutica Pfizer e outras 8 mil da Coronavac para a imunização dos atletas e delegações. De acordo o Ministério da Saúde foram imunizados 1.814 atletas e representantes da comissão técnica com a primeira dose, sendo que a vacinação da segunda dose deve ocorrer no começo de junho. No Rio Grande do Sul, 65 atletas e demais credenciados já tomaram a primeira dose no dia 14 de maio.

A importância da imunização

Com 20 anos e grávida, Mônica Santos foi diagnosticada com hemangioma muscular, doença rara que poderia deixá-la sem o movimento das pernas. A solução era interromper a gravidez e realizar uma cirurgia. Contudo, ela escolheu seguir com a gestação de Paola, atualmente com 18 anos, e encontrou na maternidade a força para superar a difícil adaptação à cadeira de rodas. Foi como cadeirante que, incentivada por um amigo, Mônica conheceu a esgrima. Desde 2012 a atleta integra a Seleção Brasileira, tendo sido a primeira brasileira a conquistar uma medalha internacional para a equipe de esgrima.

Por ser cadeirante e integrar o grupo de risco, Mônica relata o medo que sentiu durante o período em que treinou sem estar imunizada. “Foi bem difícil voltar aos treinos, até por sermos cadeirantes e fazermos parte do grupo de risco. Eu saía com o coração na mão, sempre com medo, mas vale destacar que é preciso seguir com todos os protocolos de segurança”, conta.

Natural de Porto Alegre, Vanderson Chaves, 26 anos, conheceu a esgrima aos 17 anos ao participar de uma entrevista para a seleção da Bolsa Atleta, oferecida pela Prefeitura Municipal para competidores com potencial paralímpico. Foi então que se aproximou do trabalho realizado pela Associação de Servidores da Área de Segurança, Portadores de Deficiência, do RS (ASASEPODE) e começou a praticar esgrima. Vanderson tornou-se cadeirante aos 13 anos, após sofrer um acidente por arma de fogo.

Assim como a Mônica, Vanderson acredita que, caso o COI não tivesse disponibilizado as doses da vacina, as Paralimpíadas não aconteceriam e haveria novo adiamento. “A gente nunca passou por isso antes. É uma catástrofe enorme, mas a vacina chegou para nos salvar e espero que a imunização seja mais rápida”, relata o atleta.

Delegação do Grêmio Náutico União também recebeu a primeira dose da vacina. (Foto: Mônica Santos/arquivo pessoal)

Bem posicionados no ranking mundial da categoria B, combinado florete e sabre, Vanderson e Mônica precisavam aguardar os resultados da etapa da Copa do Mundo e do Regional das Américas, que ocorreriam em São Paulo, em abril, para garantirem vaga em Tóquio. Com o cancelamento das competições devido à pandemia, os esgrimistas do GNU/ASASEPODE foram confirmados nos Jogos Olímpicos devido aos bons resultados obtidos nas competições disputadas até fevereiro de 2020. Esta é a segunda edição seguida dos Jogos Paralímpicos disputada por Vanderson Chaves e Mônica Santos.

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