Aumento da demanda pela embalagem de vidro e preço da uva impactam o valor final do vinho gaúcho

Marília Port
Redação Beta
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2 min readMay 12, 2022

Mesmo com produção estadual, a inflação registrada na região metropolitana de Porto Alegre é a maior entre as pesquisadas

Foto: Unsplash

Nos últimos doze meses a variação acumulada da inflação sobre o vinho, na região região metropolitana, foi de 6,23%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de ter ficado abaixo da inflação geral no Brasil (10,38%), o aumento foi o maior registrado pelo IBGE entre as quatro regiões pesquisadas: São Paulo (2,21%), Curitiba (1,22%), Rio de Janeiro (0,21%), além de Porto Alegre.

Múltiplos fatores

Atualmente, o Rio Grande do Sul é o principal produtor de uva do Brasil, cuja produção representa cerca de 49,3% de todo o volume produzido no país. Os gaúchos também respondem por 90% da produção nacional de vinhos e sucos, de acordo com o Atlas Socioeconômico do Estado. Por outro lado, a uva, matéria-prima para produção do vinho, teve um aumento de cerca de 12% no último ano, conforme dados do IBGE.

Outro fator é a alta demanda pela embalagem de vidro, conforme explica o diretor executivo da Associação Gaúcha de Vinicultores, Darci Dani. “Existem muitos tipos de garrafas, […] o preço é variável. O que posso dizer que aumentou mais do que a inflação é o [preço do] vidro. Tem a questão da demanda. O vidro está sendo muito demandado, então as indústrias acabam repassando os valores. Se fosse uma época em que a demanda não estivesse tão forte, aí talvez a indústria absorvesse alguma coisa. Mas este ano estão repassando todos os custos, porque realmente está faltando garrafa”, explica.

Matheus Rechlinski Moreira, estudante de 23 anos, é comprador regular de vinhos gaúchos e percebeu um súbito aumento nos valores do produto. “Foi muito rápido, eu não vi subindo [o preço]. Mas não precisei adaptar o consumo, porque, como já consumia os vinhos de mais baixo custo, continuei consumindo esses, mesmo com o preço aumentando”, ele conta. Matheus integra o grupo dos apreciadores de vinho que aumentaram o consumo da bebida alcoólica durante a pandemia. No ano passado, ele calcula ter consumido cerca de quatro vezes por semana.

Segundo tabela elaborada pela União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), 2021 marcou um aumento de 11,43% na comercialização de vinhos finos elaborados no Rio Grande do Sul no mercado interno, em relação a 2020. Se a comparação for estendida a um período de quatro anos, o crescimento no número de litros comercializados do produto alcança 73,22%, de 2017 a 2021. Apenas em 2021 foram mais de 27 milhões de litros vendidos. Junto com os espumantes, a soma atinge mais de 57 milhões de litros.

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