Aumento da passagem muda rotina dos porto-alegrenses

A Beta Redação conferiu como os usuários do transporte público estão lidando com a mudança do valor para R$ 4,70

Arthur Marques
Redação Beta
2 min readMar 27, 2019

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Porto Alegre lidera o ranking das capitais com passagens mais caras (Foto: Arthur Marques/Beta Redação)

Para a auxiliar de cozinha Rosa de Oliveira, 52 anos, o valor da passagem de ônibus, que anteriormente era de R$ 4,30, já era demasiado. Ela depende de seis passagens por dia para se deslocar do bairro Restinga, na região sul da Capital, até a zona norte. O café preto que tomava diariamente na lancheria próxima a sua residência foi excluído da rotina. “Para mim era como um ritual. Acordava às 8 horas da manhã, tomava meu banho e ia pra lancheria tomar o meu cafezinho. Com o aumento da passagem, cortei esse gasto. Os R$ 2,00 do café agora fazem toda a diferença”, relata a cozinheira.

A cabeleireira Berenice Matos enfrenta um problema ainda maior do que Rosa de Oliveira. Desempregada desde dezembro de 2018, Berê, como é chamada pelos clientes, reclama que, com o aumento da passagem, os empregadores optam por pessoas que residem mais próximo do local de trabalho. “O salão em que eu trabalhava ficava no bairro Bela Vista, e eu moro no Cavalhada. A minha antiga chefe contratou para o meu lugar uma moça que mora no Três Figueiras. Ela me disse que os gastos mensais com passagens para os funcionários seriam menores”, explica a mulher de 53 anos.

Prioridades na hora de contratar

Entre as empresas especializadas em Recursos Humanos, morar perto da empresa tornou-se um requisito mais importante na hora de selecionar novos funcionários. O gerente de recursos humanos Paulo Kern conta o que algumas microempresas exigem na hora de selecionar: “Além das empresas pedirem alguém com experiência, em muitos casos elas me pedem para colocar como prioridade morar nos bairros próximos. Lido com empresas de pequeno porte no ramo comercial e, para muitas, morar próximo é tão importante quanto ter experiência”, compara.

Segundo a Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP), o aumento da passagem se deu pela diminuição do número de passageiros pagantes e também por conta do custo do quilômetro ter aumentado. Porto Alegre está entre as capitais com maior índice de isenções. Enquanto a média nacional gira em torno de 18%, a capital do Rio Grande do Sul tem 31,58%, o que resulta em uma tarifa cada vez mais alta. A ATP atribui a diminuição do número de passageiros ao crescimento do uso de aplicativos de transporte particular.

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