Balé: um sonho possível

União Brasileira de Mulheres de São Leopoldo cria projeto Ponta do Pé, que oferece aulas gratuitas de dança para crianças

Eduarda Moraes
Redação Beta
4 min readApr 27, 2018

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Primeiro encontro da turma de balé do Ponta do Pé. (Foto: União Brasileira de Mulheres de São Leopoldo/Divulgação)

Em uma sala improvisada, a vontade de oportunizar os encantos da dança a quem não tem acesso sobrepôs todas as dificuldades. Foi assim que se constituiu o projeto Ponta do Pé, que oferece aulas de balé clássico gratuitas para crianças em São Leopoldo. A ação foi criada pela União Brasileira de Mulheres (UBM) de São Leopoldo, com o objetivo de levar a cultura da dança para todos e aproximar as mães dos alunos, fazendo um trabalho de orientação sobre temas que afligem as mulheres. No entanto, a segunda parte ainda está em planejamento.

A ideia surgiu por incentivo de Salete Souza, presidente da UBM de São Leopoldo e mãe da bailarina e professora Alana Correa, que pratica dança há 12 anos. Alana planejou o projeto e apresentou para as integrantes da entidade, que prontamente aceitaram a proposta. “Vimos as possibilidades que a gente tinha em curto prazo e iniciamos este mês os encontros”, explica a bailarina. Alana conta com a colaboração da também bailarina Mégui Moraes para as aulas. O primeiro encontro com alunos e mães ocorreu no dia 7 de abril, a fim de fazer combinações preparatórias, e as aulas iniciaram no dia 14.

A divulgação do projeto tem sido realizada nas redes sociais, mas o que está fazendo efeito é o antigo “boca a boca”. Elas começaram a divulgar o projeto dentro da própria UBM: as mães convidadas foram contando para parentes e amigas, e a informação foi se espalhando. Na primeira reunião, havia três crianças. Na primeira aula, o número subiu para oito, e agora já são 13 alunos na dança. “Estou muito surpresa. Eu tinha medo de não conseguir fechar uma turma com cinco alunos e agora já vamos ter duas turmas. E as crianças foram super receptivas, estão interessadas e são uns amores. Temos um menino também, e isso me deixa muito feliz”, exalta a professora.

Na segunda aula do Ponta do Pé, as crianças aprenderam passos básicos, posições de pés e braços, além de técnicas da dança. (Foto: União Brasileira de Mulheres de São Leopoldo/Divulgação)

Pequenas bailarinas

Isabella Gross Cantos, 6 anos, faz parte do Ponta do Pé. A pequena já tinha participado de aulas de balé anteriormente, em uma escola privada, mas os altos valores da mensalidade a impediram de continuar. Com o projeto, Isabella pôde voltar para a dança. Sua mãe, Andressa Gross, soube das aulas pela prima, que é integrante da entidade, e decidiu inscrever a filha. “É um projeto bem interessante e que dá oportunidade de incluir todas as crianças, independente da classe social”, comenta Andressa.

Ivanise Helena de Souza, mãe da aluna Brenda de Souza Maria, 6 anos, conheceu o Ponta do Pé em conversas com uma amiga. A pequena bailarina já demonstrava interesse pela dança, embalando-se por qualquer ritmo musical. No momento em que Ivanise comentou sobre as aulas, Brenda logo se animou. “Quando falei da possibilidade, ela ficou radiante. Está achando muito legal e fica ansiosa para as próximas aulas”, diz a mãe. Ela acrescenta que o projeto traz um conhecimento diferenciado, pois está levando a elas o balé clássico.

O voluntariado por amor à dança

Alana Correa, 22 anos, faz parte da Escola de Dança Ballet Sinos desde os 10. Sua entrada no balé foi oportunizada pelos padrinhos, que pagavam a mensalidade na escola. Sem muita demora, Alana arranjou o próprio jeito de se manter na dança. Ganhou uma bolsa e passou a dar aulas para abater o valor. Depois de um tempo, começou a receber como professora, e o balé se tornou, também, uma fonte de renda. A vida de Mégui Moraes na dança iniciou ainda mais cedo, aos 4 anos, quando ingressou no Ballet Sinos. Hoje, com 26, empenha-se em passar o conhecimento para as novas gerações.

Professora Alana, à esquerda, e Mégui, à direita, no Espetáculo de Dança do Ballet Sinos. (Foto: Caroline Müller/Divulgação)

Inspirada na ajuda que recebeu, Alana quer que o projeto proporcione o mesmo para outras crianças. “O Ballet Sinos tem grande influência, porque se não tivessem me apoiado lá no comecinho, talvez hoje outras crianças não estivessem tendo a oportunidade de entrar em contato com a dança, como está acontecendo”, enfatiza.

Como participar

Quem tiver interesse em inscrever seus filhos no projeto pode entrar em contato com Alana pelo telefone (51) 99222–3250. O Ponta do Pé aceita crianças de 6 a 12 anos, dando prioridade para as de baixa renda. As aulas ocorrem nos sábados, das 15h30 às 16h30, em uma sala cedida pelo PCdoB, na sede do partido (Rua São João, 312, Centro, São Leopoldo).

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