Beta Redação promove encontro entre estudantes e jornalistas esportivos

Evento online contou com a participação de Amanda Munhoz, André Silva e Mariana Capra

Joti Skieresinski
Redação Beta
5 min readMay 26, 2021

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Jornalistas responderam perguntas dos alunos na última segunda-feira, 24. (Imagem: Microsoft Teams/Reprodução)

Por Josi Skieresinski, Thiago de Loreto e Émerson Santos

O esporte oferece várias frentes de trabalho para o jornalista que escolher esta editoria. O profissional da área pode atuar como repórter, assessor de imprensa, social media, entre outras possibilidades que reúnem esporte e informação. Nesse contexto, para abordar o assunto, a Beta Redação promoveu um encontro virtual, na segunda-feira, 24, com três profissionais que atuam no jornalismo esportivo.

Os convidados da noite foram Amanda Munhoz, André Silva e Mariana Capra. Juntos eles acumulam experiências em veículos de comunicação, agências de assessoria de imprensa e clubes de futebol de Porto Alegre. Os jornalistas contaram um pouco sobre suas trajetórias profissionais, os desafios da rotina de trabalho e responderam perguntas realizadas pelos repórteres da Beta Esporte.

Jornalismo investigativo nos estádios

Amanda Munhoz trabalha como assessora de imprensa, mas já viveu momentos marcantes também como repórter. Ao lado das jornalistas Kelly Matos, Ohana Constante e Renata de Medeiros, a egressa do curso de Jornalismo da Unisinos lançou o Saia de Redação, projeto que durou três temporadas. “Tínhamos muitas dúvidas. Era uma proposta diferente, mas conseguimos mostrar isso ao público, que adorou”, afirma. Na última temporada o programa entrevistou nomes como Romildo Bolzan, Everton Cebolinha e Edenílson.

A jornalista destaca, entretanto, que é pela representatividade feminina que o Saia de Redação é marcante em sua trajetória. “Justamente por isso gosto de falar com estudantes, para que vejam que é possível para as meninas estar aqui também”, completa.

Outro momento lembrado por Amanda aconteceu em 2015, quando ela e outros repórteres passaram mais de três meses infiltrados na torcida Geral, do Grêmio, e na Popular, do Inter. Os jornalistas flagraram consumo de drogas lícitas e ilícitas nos estádios. Depois da publicação da matéria, Amanda teve que registrar boletins de ocorrência por ameaças de torcedores, sob a alegação de que a repórter estava tentando manchar a imagem dos clubes. “Assinar a matéria é importante. Não tive dúvida em nenhum momento”, afirma, ao comentar a respeito das intimidações que sofreu.

Sobre o período em que trabalhou na Comunicação do Sport Club Internacional, entre setembro de 2019 e abril de 2021, Amanda conta que precisou rever aspectos do seu trabalho como jornalista. “Não era mais jornalismo tradicional, era jornalismo para o Inter. Era preciso entender o torcedor”, disse, ao lembrar que após uma derrota, como a sofrida na final da Copa do Brasil de 2019, o clube se calou nas redes sociais para respeitar o luto dos apaixonados.

Preparação diária para as Olimpíadas

A relação do jornalista André Silva com os Jogos Olímpicos começou em 1984, ano em que foi disputada, em Los Angeles, a vigésima terceira edição do evento multiesportivo global. Na frente da televisão, André revela ter feito a promessa a de que, um dia, estaria numa Olimpíada. Hoje, ele se prepara para embarcar ruma a Tóquio e cobrir a quarta edição consecutiva dos Jogos Olímpicos.

Em relação à preparação para o evento, o jornalista revela que isso acontece todos os dias. “Tento acompanhar todas as modalidades e leio muito”, revela André, que paralelamente realiza a cobertura da dupla Gre-Nal para a Rádio Gaúcha.

André Silva não titubeou ao afirmar que é mais desafiador cobrir os Jogos Olímpicos em comparação à cobertura de uma Copa do Mundo. O jornalista já foi repórter em seis Copas (1998, 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018) e três Olimpíadas (Pequim, Londres e Rio). “A Olimpíada te faz trabalhar 24 horas por dia, já na Copa são quatro jogos diários, com local definido”, afirma André, ao apontar o enorme volume de eventos e deslocamentos num único dia olímpico. “É uma questão física. O evento exige muito mentalmente e fisicamente”, completa.

“A melhor transmissão que fiz em toda minha vida”. Foi assim que André definiu o jogo entre Brasil e Rússia pelas quartas de final do voleibol feminino em Londres, 2012. Naquele dia 7 de agosto, como narrador, ele descreveu por quase três horas os lances de um jogo marcante, como o próprio jornalista definiu. As brasileiras venceram as russas por três sets a dois. “Já ouvi a gravação daquele jogo mais de uma vez”, revela.

Londres também foi especial por outros momentos, como a narração da primeira medalha de ouro do Brasil conquistada naquela edição dos Jogos, logo na primeira manhã de Olimpíada. A judoca Sarah Menezes fez história ao ganhar a primeira medalha dourada para o judô feminino brasileiro. “Eu tenho para mim que a Olimpíada de Londres é aquela em que eu trabalhei da melhor forma possível”, completa o jornalista.

Futebol feminino em pauta

Mariana Capra é a polivalente assessora de Comunicação das Gurias Coloradas. “Comecei como fotógrafa, mas fui adicionando outras funções, fui atrás”, revela, ao falar sobre sua trajetória junto à equipe feminina de futebol do Inter. Ela conta que nos anos anteriores não existia demanda para o futebol feminino por parte da imprensa, mas que as coisas mudaram desde a transmissão da Copa do Mundo de Futebol Feminino pela Globo, em 2019.

Nos anos anteriores, o campeonato estadual feminino era veiculado pela RDC TV e, de acordo com Mari, poucos jogos eram, de fato, transmitidos. “A RDC transmitia um ou dois jogos de Inter e Grêmio e os outros times não apareciam. Aí na final do campeonato chegava a RBS querendo transmitir a partida, sendo que não havia dado nenhum espaço para a competição até ali”, criticou.

“A gente costumava buscar visibilidade para o futebol feminino. Nesse ano, todo dia tem duas ou três pessoas pedindo pauta”, revela Mari. Apesar da demanda maior em relação aos anos anteriores, ela pontua que ainda é preciso atender portais dedicados ao futebol feminino e estudantes, coisas que o masculino não faz mais.

Hoje o Campeonato Brasileiro é transmitido na TV aberta pela Bandeirantes e, mais recentemente, no YouTube pelo canal Desimpedidos. “O Inter ainda não teve nenhum jogo na Band esse ano, o Corinthians teve três”, comenta a assessora. No Desimpedidos, o Grêmio já teve três jogos transmitidos em 2021 e o Internacional teve dois. Além disso, todos os jogos são transmitidos pela CBF TV, canal oficial da entidade na plataforma MyCujoo.

Sobre o planejamento da Comunicação para o futebol feminino, a jornalista afirma que é visível a evolução. Ela destaca o anúncio da contratação de Millene, uma das principais jogadoras do país. “Anunciamos na Rádio Colorada. Foi a primeira entrevista dela como atleta do clube”, finalizou.

Conheça mais sobre a trajetória dos convidados:

(Arte: Josi Skieresinski/Beta Redação)

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Joti Skieresinski
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