Burocracia no Novo FIES dificulta o fechamento de contratos
Segundo o Ministério da Educação, no primeiro semestre deste ano, apenas 16% dos financiamentos oferecidos foram firmados
Diante dos altos custos para cursar o ensino privado no país, muitos estudantes optam por financiamentos estudantis para ingressar na universidade. Para participar do programa Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) é preciso passar por diversas etapas após a inscrição: pré-seleção; atestado de, no mínimo, 450 pontos nas provas do Enem; e comprovante de renda familiar de até três salários mínimos ao mês.
Depois da documentação ter sido validada junto à Comissão Permanente de Supervisão e Acompanhamento (CPSA) e na instituição de ensino na qual o estudante deseja financiar os estudos, é necessário levar os documentos ao banco, em até 10 dias, para firmar a contratação. De acordo com o MEC, é nesta etapa que muitos selecionados não conseguem fechar o financiamento.
Carlos Eduardo Fagundes, 22 anos, estudante de Biomedicina da Universidade Feevale, conta que tentou durante dois anos realizar o financiamento, mas que apenas no segundo semestre de 2018 a solicitação foi aprovada. “Eu já tinha feito o Enem e alcançado as notas necessárias, mas a renda da minha família passava da máxima exigida no modelo antigo do financiamento. Somente após a mudança é que consegui financiar e finalmente avançar nos estudos, já que antes eu não tinha condições de pagar todas as disciplinas do semestre”, relata.
Já para Matheus da Silva Kraus, 26 anos, estudante de Administração da UniRitter o processo do Novo FIES ficou mais burocrático e segundo ele “quase impossível de conseguir”. A inscrição foi feita para a modalidade de juros zero e Matheus foi pré-selecionado, cumpriu com os requisitos da nota e renda per capita necessária, porém não conseguiu dar continuidade na instituição financeira. “Eu fui umas 5 vezes no banco, cada vez era um documento que faltava ou que não era suficiente, principalmente para comprovar a renda da minha família”, conta. A falta de tempo de estar em banco e cartório sem prejudicar o seu trabalho foi o que o levou a desistir do FIES. Matheus informa que está em processo de um financiamento de banco privado para dar continuidade nos estudos.
O FIES oferece o custeio das mensalidades em instituições privadas de ensino superior. Em 2018, o programa foi reformulado e passou a ofertar duas modalidades do financiamento. A primeira é o financiamento com juro zero, somente para estudantes com a renda per capita de até três salários mínimos, e o pagamento das prestações fica de acordo com a renda comprovada.
Na segunda modalidade, chamada de P-FIES, o estudante deve ter renda comprovada de até cinco salários mínimos, e o financiamento é feito junto a bancos privados. Nesse caso, os juros não são fixos e as condições de pagamento são de acordo com o tipo de contrato.
Para ambas modalidades é necessário que o candidato tenha participado do Enem, a partir de 2010. De acordo com o MEC, neste primeiro semestre foram ofertadas 100 mil vagas na modalidade juro zero e 450 mil na modalidade P-Fies.
Carlos conseguiu fechar o contrato na segunda modalidade do Novo FIES. Apesar do processo muito burocrático, com inúmeras comprovações e um fiador com renda superior à semestralidade, de acordo com a Feevale, o futuro biomédico faz parte dos 8% dos alunos da universidade que tem os estudos financiados pelo programa. “Anteriormente, os juros eram menores, porém, eu jamais iria conseguir o financiamento por conta da renda. Hoje eu pago um pouco mais, mas, pelos menos, consigo dar continuidade ao curso”, completa.
Dos mais de 159 mil candidatos selecionados, cerca de 50 mil ainda estão em processo de contratação junto à instituição financeira. O prazo para a finalização foi prorrogado até 10 de maio. Segundo o MEC, os critérios para a aprovação nos bancos privados não foram divulgados e variam de acordo com cada instituição.
Entenda as diferenças entre as modalidades:
Para mais informações acesse: http://fies.mec.gov.br/
Central de Atendimento: 0800–616161