Camisas contam a história do Aimoré

Trajetória do Índio Capilé é narrada através dos seus mantos mais marcantes

Juliane Kerschner
Redação Beta
5 min readSep 9, 2019

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Camisas do Aimoré utilizadas na Primeira Divisão do Campeonato Gaúcho nos anos de 1992, 1988, 1993 e 1985. (Foto: Juliane Kerschner/Beta Redação)

A riqueza de um clube está na sua história, eternizada nas camisas utilizadas nos momentos marcantes que provocam memórias saudosas. É também um símbolo e a representação de uma paixão para o torcedor.

No caso do Aimoré, clube leopoldense fundado em 26 de março de 1936 e que se profissionalizou em 1953, as camisas narram a história do clube e sua trajetória no futebol gaúcho e nacional.

Um dos apaixonados pelo Aimoré é o comerciante e colecionador de camisetas de futebol Salomão Furer Junior, 45 anos. O morador de São Leopoldo há 19 anos acumula mais de 6 mil camisas de clubes de futebol de todo o mundo e mais de 150 só do Índio Capilé.

“Quando criança nunca gostei de super-herói, meu negócio sempre foi futebol. Na minha infância, quando começou meu fascínio pelas camisas de futebol, via esses mantos como uniformes de heróis, os meus heróis. Acho que isso é um pouco do que todo apaixonado pelo esporte sente”, explica Salomão.

Parte do acervo de camisetas do Aimoré que integram a coleção de Salomão. (Foto: Juliane Kerschner/Beta Redação)

Edições especiais do Aimoré

Réplica da Camisa de 1959, quando o Aimoré foi vice-campeão da primeira divisão do futebol gaúcho. (Foto: Juliane Kerschner/BetaRedação)

No Estádio Monumental do Cristo Rei há camisas especiais guardadas para futuras gerações terem acesso ao legado do time. Esse é o caso da réplica da camisa de 1956, ano em que o Aimoré foi vice-campeão da primeira divisão do futebol gaúcho. A camisa está assinada por diversos jogadores que marcaram história no Índio.

Modelo especial produzido para a disputa da Copa do Brasil 2018. (Foto: Juliane Kerschner/Beta Redação)

“Temos outro item muito especial, mas é mais recente. O modelo feito especialmente para a nossa participação na Copa do Brasil 2018. Foi um momento vitorioso para o clube e queríamos registrar na nossa história. Para isso, nada melhor que fazer uma camisa. Na peça, fizemos duas faixas em verde e amarelo ao redor do escudo. A que está disponível na entrada da secretaria do Cristo Rei é assinada pelo Felipão, ídolo nacional, que foi zagueiro no Aimoré de 1966 a 1977, primeiro clube que ele jogou. Isso torna essa peça ainda mais especial”, relata o vice-presidente do clube, o pediatra Telmo Hoefel FIlho, 66 anos.

Detalhes preciosos

De acordo com o colecionador Salomão, há detalhes que enriquem uma coleção, mas além disso, ajudam a entender o mundo do futebol em épocas passadas. “A produção de camisas não funcionava como hoje. Por exemplo, tenho três camisas de 1982 do Aimoré, todas do mesmo modelo, mas com o escudo diferente, uma inclusive tem o nome do clube está escrito com ‘Y’. Isso não só agrega à minha coleção, como também mostra que a fabricação dos uniformes não era tão profissional”, explica.

Três escudos diferentes no mesmo modelo. (Foto: Juliane Kerschner/Beta Redação)

Patrocínio

Por anos, clubes foram proibidos de estampar patrocínios nas camisas de futebol, sendo liberado oficialmente no Brasil na década de 1980. No início, era permitido mostrar a marca do patrocinador nas costas em cima do número. “A primeira patrocinadora que tivemos foi a Amapá do Sul, fornecedora de produtos de borracha. A empresa, fundada em 1949, em Novo Hamburgo, também doou o terreno onde foi construído o Estádio Monumental”, conta Salomão.

Salomão segura camisa de 1982 com patrocínio da Amapá do Sul. (Foto: Juliane Kerschner/Beta Redação)

Camisa que marca novos tempos

Salete com a tão sonhada camisa rosa. (Foto: Juliane Kerschner/Beta Redação)

A participação feminina no futebol, assim como em outros esportes, cresceu nos últimos anos. O número de torcedoras capilés nas arquibancadas do Cristo Rei também aumentou e, visando atender a esse público, foi produzido um uniforme rosa do Aimoré em 2019. “Durante um bom tempo as torcedoras do clube queriam essa camisa. Na primeira confraria do Aimoré, em janeiro, reivindicamos novamente, e já para a disputa do Gauchão conseguimos usar a nossa tão sonhada camisa”, relata a secretária executiva do clube, Saleta Susana de Souza, 45 anos.

Riqueza

O colecionador Salomão chegou em São Leopoldo quando o Aimoré estava de portas fechadas, período que se estendeu entre 1998 e 2006. “Logo que o Aimoré abriu as portas novamente, um amigo me trouxe a um jogo e, depois disso, nunca deixei de vir. Sinto que o Aimoré precisa de mim, assim como precisa de cada um dos seus torcedores, diferentemente da dupla GreNal, que um a mais ou a menos não importa”, destaca.

Todas as camisas da coleção do Salomão são negociáveis, exceto as do Aimoré, pois para ele a maior riqueza de um clube é a sua história e as camisas carregam esse sentimento. “Um uniforme usado por um jogador carrega ainda mais emoção, por trás daquele manto tem história, tem suor e valor”, afirma Salomão.

Camisa de 1985 que pertencia a coleção pessoal do jogador Mauro Galvão. (Foto: Juliane Kerschner/Beta Redação)
Salomão e Dr. Telmo exibem itens valiosos da história do clube leopoldense. (Fotos: Juliane Kerschner/Beta Redação)

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