Cidade gaúcha com mais votos para Bolsonaro em 2018 mantém preferência pelo candidato

Moradores de Nova Pádua, na Serra Gaúcha, acreditam que o então presidente é uma “pessoa honesta e trabalhadora” e que pandemia e guerra na Europa interferiram no seu mandato

Milena Silocchi
Redação Beta
4 min readOct 2, 2022

--

Paduenses vão às urnas no primeiro turno das eleições neste domingo (Foto: Milena Silocchi/Beta Redação).

Quatro anos depois de eleito, Jair Bolsonaro (PL) continua como o candidato favorito dos paduenses, população que mais lhe rendeu votos, proporcionalmente, em 2018. Neste ano, o primeiro turno registrou 83,98% dos votos válidos ao concorrente pelo Partido Liberal (PL), enquanto Lula (PT) atingiu 10,35%, seguido de Simone Tebet (MDB), com 2,66%, e Ciro Gomes (PDT), com 1,41%. Com isso, Bolsonaro confirmou sua hegemonia, somando 1.672 votos.

Nova Pádua, município localizado na Serra Gaúcha, a pouco mais de 30 km de Caxias do Sul e a 165 km de Porto Alegre, autodeclara-se como o Pequeno Paraíso Italiano. Com população de 2,5 mil habitantes, a cidade vive, na sua maioria, da agricultura.

Diferentemente do que mostram as urnas, as manifestações de apoio a Bolsonaro foram modestas. Com dois locais de votação, um ao lado do outro, poucos eleitores apareceram vestidos com as cores do Brasil, como é de costume dos bolsonaristas manifestos. Ainda assim, era possível encontrar algumas bandeiras espalhadas pelas sacadas das casas, camisetas do partido e adesivos nos carros.

Quando o assunto é votar em Bolsonaro, os comentários se repetem em frases de apoio e avaliações amistosas a respeito do seu mandato. Segundo o servidor público Pedro Quintanilha, de 44 anos, “as pessoas aqui são sérias e muito trabalhadoras. Na hora de votar elas escolhem aquele com quem se identificam, uma pessoa honesta, trabalhadora e que tenha palavra. Ele [Bolsonaro] enfrentou uma guerra com a crise da pandemia. Mesmo assim, tem segurado a economia em nível elevado”, acredita Quintanilha.

Para o agricultor Cleiton Skanavi, 29 anos, o presidente da República foi bom para o setor agrícola através de empréstimos e subsídios para o trabalho rural. “A maioria aqui é agricultor e ele é um cara que se expressa, que coloca o agro como o braço direito do país.” Quando questionado sobre o auxílio aos produtores do campo nas gestões anteriores, Cleiton opina: “Ele [Lula] ajudou, mas ficou em vista o que o Lula fez, uma pessoa que rouba e ainda tem chance de voltar a comandar um país e decidir por milhões de pessoas é estranho”.

Para Alexandre Endless, de 41 anos, os quatro anos foram pouco tempo para avaliar o exercício do cargo por Bolsonaro. Com a proliferação do coronavírus, mais a guerra entre Rússia e Ucrânia, ele acredita ser difícil tirar uma conclusão. Mesmo assim, o 2 de outubro marca a chance de mudanças. Ao seu lado na fila, a gerente administrativa Silveti Marostica, 38 anos, concorda e defende as eleições como o momento de exercer um direito que dá garantia de cobrança por dias melhores.

Entre as 10 pessoas entrevistadas, foi unânime a preferência por Bolsonaro e a aversão a Lula. Mesmo para os que diziam que nenhum deles seria sua primeira escolha, os entrevistados enxergam a cidade como propensa a defender mais uma vez o candidato da direita. Como explicação, justificam a proximidade com os valores da família e do trabalho, além da crescente desconfiança com os governos passados, com o Partido dos Trabalhadores à frente do país.

Os mesários Janaize Bianchini Gonçalves, de 23 anos, e Felipe Vasata, de 34, reforçam a opinião dos moradores. Para eles, a cidade está muito voltada para o agronegócio, o que influencia muito na decisão de escolher o seu representante. Contudo, eles ressaltam uma particularidade nas eleições deste ano e que não envolve o voto, mas sim a biometria. Ambos destacam a dificuldade durante o processo. Com os dedos gastos no campo, a biometria é o passo mais demorado do momento de votação.

Segundo mesários de Nova Pádua, biometria deixa o processo de votação mais lento (Foto: Milena Silocchi/Beta Redação).

Relembre o que aconteceu em 2018

Na eleição anterior, Nova Pádua elegeu o candidato Jair Bolsonaro com 82% dos votos no primeiro turno. Já no segundo, o número aumentou, alcançando o total de 93%, o que correspondeu a 1.770 pessoas. Poucas foram as pessoas que optaram por Fernando Haddad (PT). Foram 86 votos na primeira fase e 134 na segunda.

Assim como os paduenses, outras cidades da região registraram altos índices a favor de Bolsonaro. Em Flores da Cunha, 87,89% dos votos foram para o atual presidente, enquanto 12,11% para Haddad. Próximo dali, Antônio Prado chegou a 85,09% e 14,91%, respectivamente.

--

--

Milena Silocchi
Redação Beta

Estudante de Jornalismo pela Unisinos e bolsista de iniciação científica PROBIC/FAPERGS