Cinemateca Paulo Amorim: fazendo oposição aos blockbusters

Ambiente localizado na Casa de Cultura Mario Quintana abre espaço a filmes “alternativos” nacionais e internacionais

Henrique Bergmann
Redação Beta
3 min readNov 22, 2019

--

Espaço está localizado no térreo da Casa de Cultura. (Foto: Governo do Rio Grande Sul/Divulgação)

Com o intuito de reproduzir produções que fujam do cinema comercial e dos filmes blockbusters (aqueles que estamos acostumados a ver nos shopping centers), as três salas que compõem a Cinemateca Paulo Amorim (além do espaço homônimo, as salas Norberto Lubisco e Eduardo Hirtz), conseguem satisfazer os gostos dos mais diversos amantes da sétima arte. São 35 anos exercendo um papel importante no cenário cultural de Porto Alegre, usando uma abordagem distante de cinemas do mainstream.

“Diferentemente dos cinemas comerciais, a nossa Cinemateca não visa o lucro. Isso nos dá a liberdade de reproduzir filmes com histórias pouco frequentes nas grandes produções de Hollywood ou do cinema nacional, mas que possuem um valor artístico importante”, destaca Mônica Kanitz, programadora da Cinemateca.

A curadoria também busca por produções em praças cinematográficas muitas vezes desconhecidas pelo grande público brasileiro. “Entramos sempre em contato com distribuidoras pequenas no Brasil, que geralmente possuem os direitos de filmes com narrativas que se encaixam no perfil da Cinemateca, além de trazerem filmes de lugares pouco conhecidos pelo grande público que frequenta cinemas, como a Rússia, por exemplo. Tentamos pensar além de Warner, Sony ou Paris Filmes, que são hoje as distribuidoras que detêm a maiorias dos blockbusters e grandes produções de Hollywood”, diz Mônica.

É essa variedade de filmes que atrai pessoas que buscam fugir do lugar-comum visto nas histórias cinematográficas atuais. A funcionária pública aposentada Solange da Silva, amante declarada de cinema, conta que adora frequentar esse tipo de espaço cultural que tenta fugir do lado comercial da arte. “Eu prestigio muito esses filmes que estão, digamos, fora da mídia. Adoro principalmente os filmes franceses”, diz.

Sala Norberto Lubisco possui cerca de 50 lugares para exibições dos filmes. (Foto: Henrique Bergmann/Beta Redação)

O cinema nacional também recebe uma atenção especial. Segundo Mônica, a Cinemateca também realiza o papel de dar visibilidade às produções brasileiras, buscando dar importância para as pequenas produções que não conseguem espaço nos cinemas privados. “Além de filmes de grande visibilidade, como Bacurau, os filmes com públicos-alvo bem restritos e específicos são frequentes nas nossas salas. Buscamos documentários como Diz a ela que me viu chorar, por exemplo, que retrata usuários de crack que vivem na região da Cracolândia em São Paulo. Sabemos que é um nicho pequeno, mas temos consciência que devemos dar espaço para esse tipo de produção”, explica.

Seguindo a ideia de apoiar o cinema nacional, a Cinemateca Paulo Amorim irá exibir, até o dia 27 de novembro, o filme A Vida Invisível, candidato do Brasil a uma vaga de na disputa de Melhor Filme Estrangeiro na próxima edição do Oscar.

Além do cinema nacional, o espaço na Casa de Cultura também é um grande parceiro na divulgação do cinema feito aqui no Rio Grande do Sul. “Damos muita importância ao cinema gaúcho. Os produtores dos filmes do nosso estado, em sua maioria, nos procuram para lançar o filme aqui. Temos quase que uma obrigação de lançar, já que somos um espaço público de cultura”, relata Mônica.

Outro atrativo da Cinemateca é o preço baixo dos ingressos, que variam de R$ 14 a R$ 17. Para a assistente social Isabel Freitas, frequentadora assídua da Cinemateca, a acessibilidade do valor do bilhete se torna o fator mais marcante do espaço. “Para mim, o diferencial é o preço acessível. Acho um roubo pagar mais de R$ 30 por um filme, como se paga nas salas de cinema de shopping, por exemplo”, protesta.

A Cinemateca está localizada na Rua dos Andradas, 736, em Porto Alegre, no térreo da Casa de Cultura Mario Quintana. As sessões são exibidas de terça a domingo. Aqui é possível consultar as produções que estão em cartaz e os próximos lançamentos.

--

--