Circuito de música Dandô fortalece o intercâmbio cultural

Há cinco anos o projeto passa por diferentes cidades do país

Júlia Klaus Bozzetto
Redação Beta
5 min readMay 4, 2018

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Um canto em cada canto. Essa é a proposta do Dandô, circuito de música que chega a Capão da Canoa, pela segunda vez, neste domingo (6). No estilo caravana musical, o projeto reúne um artista local e outro de fora para se apresentarem juntos. O anfitrião desta edição será o músico instrumentista Moises Peres Ramos, que subirá ao palco com o mineiro André Salomão. O show acontece na Casa de Cultura Erico Verissimo, às 19h, e o ingresso terá custo de R$ 10.

Banner de divulgação do Dandô em Capão da Canoa. (Foto: Reprodução/Facebook)

Quem deu início ao projeto foi a cantora Kátya Teixeira, inspirada nos intercâmbios culturais promovidos pelo músico e pesquisador mineiro Dércio Marques, falecido em 2012. O Circuito de Música Dércio Marques, popularmente conhecido como Dandô, completa cinco anos de atividade, em setembro. Entre os outros estados pelos quais já passou estão Paraná, Goiás, Minas Gerais e São Paulo, além do Distrito Federal. Internacionalmente, já levou sua arte a Argentina, Chile, Uruguai, Portugal e Espanha. Em 2014, ganhou o Prêmio Brasil Criativo como melhor projeto de música, na Categoria Artes e Espetáculos.

“Vim de Longe”, canção marcante de Dércio Marques. (Reprodução: SoundCloud)
Apresentação do Dandô em Encruzilhada do Sul. Na foto, Cardo (E), com o baixista Edu Simões. (Foto: Arquivo Pessoal/Cláudia Duarte)

“O Dandô é um circuito colaborativo entre músicos. Artistas recebem artistas. Um apoia o outro”, explica o coordenador regional no Rio Grande do Sul, Cardo Peixoto.

Osório e Maquiné eram os únicos municípios que participavam do circuito no Litoral Norte, mas Capão da Canoa já havia feito anteriormente duas edições improvisadas, que não foram oficializadas. Cardo Peixoto explica que os artistas que acompanhavam os shows nas proximidades demostraram interesse na cidade. “Visitei o local e gostei muito da infraestrutura e do público. Capão será mais uma sede para o compartilhamento das regionalidades”, comenta Cardo.

Dandô em Soledade. Na ocasião, Cardo dividiu o palco com o flautista Fábio Pádua. (Foto: Arquivo Pessoal/ Jorge Augusto Teixeira)

Viviane Dutra é um das organizadoras do circuito em Osório e coordenadora das oficinas da Casa de Cultura Erico Verissimo. Ela explica que o projeto quer incentivar o contato entre músicos e encontros culturais diversos. “O circuito é riquíssimo em história. Valoriza os talentos de cada artista e atua no resgate da cultura local e formação de plateias”, ressalta.

O circuito Dandô será realizado em Capão da Canoa de dois em dois meses e sempre no primeiro domingo do mês.

“Nossa cultura é não consumir cultura. Aqui em Capão ainda temos uma peculiaridade: nossa cidade possui população itinerante, ou seja, pessoas de fora que vêm em busca de emprego e novas possibilidades. O Dandô vem justamente para reavivar as raízes locais e divulgar a música litorânea”, observa Viviane.

O músico anfitrião Moises Peres Ramos diz ser muito importante o intercâmbio e o espaço ofertado. “Fico feliz em poder participar de um projeto onde o compositor tem a oportunidade de mostrar sua obra”, afirma.

Os artistas interessados em participar do circuito devem seguir algumas exigências, como estar em atividade e apresentar trabalhos autorais, pois a identidade e os traços de sua origem compõem a marca do projeto musical. O repertório é variado, desde música popular brasileira até folclore. A organização é feita pelos apoiadores amigos, que se encarregam de divulgar as apresentações, alojar os artistas e conseguir os patrocínios. “Nós preferimos que o Dandô seja abraçado por pessoas que se identifiquem com ele”, completa Cardo.

Os artistas da edição de Capão

André Salomão

André Salomão ancora seu trabalho com composições de MPB. (Foto: Reprodução/ Facebook)

Natural da cidade de Araguari, em Minas Gerais, André é cantor e compositor de MPB e formado em Música pela Bituca Universidade de Música Popular.

Com nove anos de carreira, já fez trabalhos como músico, ator, diretor musical e educador. André é coordenador regional do circuito Dandô no estado mineiro. Seu primeiro disco, Planos e Muros, lançado em maio de 2015, foi premiado entre os melhores do ano nas listas dos sites especializados em música Tramp e Embrulhador. A canção Rica Vida Simples conquistou, em 2016, o terceiro lugar geral do Festival de Música de Barbacena, organizado pelo Instituto Curupira.

O artista também foi vencedor do processo de seleção De Olho no Palco, da Bituca Universidade de Música Popular. Atualmente forma, com mais cinco músicos, o grupo André Salomão e O Filtro de Sons.

Discografia:

  • Lançado ao mar — Ao vivo (2008) — DVD
  • Escutatória — Grupo EMCANTAR (2012) — CD
  • Escutatória — Grupo EMCANTAR (2013) — DVD
  • Planos e Muros (2015) — CD

Moises Peres Ramos

Moises apresentará inéditas composições instrumentais no Dandô. (Foto: Arquivo Pessoal/ Amanda Tozzi)

Com aproximadamente 13 anos, Moises Peres Ramos começou a tocar violão e, em seguida, cavaquinho. No início da carreira, nos anos 90, o músico era voltado para o pagode. Durante oito anos desenvolveu o projeto O Cravo e a Rosa ao lado de sua ex-companheira Patrícia Jacques, que veio a falecer em 2015. Em dupla, participou de vários festivais, feiras do livro e eventos particulares em Capão da Canoa.

Moises trabalhou na Casa de Cultura Erico Verissimo como professor de música, além de dar aulas particulares de cavaquinho e violão. Já fez parcerias com Tonho Crocco, vocalista do grupo gaúcho Ultramen, e com a cantora Nalanda, participante do programa Fama, da Rede Globo.

Recentemente iniciou um projeto de violão solo, que apresenta vários temas, desde Beatles a Renato Teixeira e Caetano Veloso, adaptando as músicas ao toque instrumental. Estuda Música no Centro Universitário Metodista (IPA), de Porto Alegre, e é aluno das oficinas de choro do Santander Cultural.

No domingo, Moises apresentará três choros de sua autoria.

O quê: Circuito de Música Dércio Marques — Dandô

Onde: Casa de Cultura Erico Verissimo em Capão da Canoa (Avenida Flávio Boianovski 787, Zona Nova, Capão da Canoa)

Quando: 6 de maio de 2018

Horário: 19h

Ingresso: R$ 10

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Júlia Klaus Bozzetto
Redação Beta

Estudante de Jornalismo da Unisinos, Colunista do Jornal Matéria de Capa, Assessora de Comunicação da Câmara Municipal de Capão da Canoa, entre outros.