“Masculin Féminin” explora a diversidade masculina

Exposição fotográfica vai até 16 de junho e apresenta 15 obras que visam problematizar os padrões de masculinidade

Graziele Iaronka
Redação Beta
4 min readJun 7, 2019

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O projeto pensado em torno de um ano, ganhou vida em janeiro de 2019. (Foto: Graziele Iaronka/Beta Redação)

Composta pela cor branca e tons avermelhados, as obras da exposição Masculin Féminin, que vai até o dia 16 de junho no Espaço Majestic na Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), em Porto Alegre (RS), apresentam imagens que procuram abordar a diversidade da figura masculina por meio da rigidez e o perfeccionismo da Arte Clássica. Criada pela fotógrafa e estudante de Publicidade e Propaganda da PUCRS Clarissa Menna Barreto, 20 anos, a mostra propõe uma nova forma de representar a diversidade dos gêneros e das sexualidades por meio de detalhes pontuais.

“A própria masculinidade é um tema que vem surgindo na fotografia. Saindo dos padrões, mostrando o que as pessoas realmente são por dentro. Sempre tive contato com a comunidade LGBT, e muitos gays ficam nessa dúvida de ‘o que eu sou?’. Existe realmente um padrão? Por isso, é necessário falar sobre masculinidade sob uma perspectiva fluida, explorar um lado mais andrógino, mais feminino, questionar o que de fato é masculino e feminino”, explica Clarissa.

Apaixonada pela fotografia desde os 15 anos, Clarissa pensou no projeto em torno de um ano, porém, só tirou do caderno de anotações em janeiro deste ano. Segundo a fotógrafa, a vontade de tratar sobre a questão das sexualidades suprimidas é uma forma de debater pontos que muitas vezes não queremos falar. A partir da ideia de discutir sobre diversidade, de celebrar as diferenças, Clarissa convidou o amigo Rafael Dranoff como modelo para produzir as obras da exposição. “Escolhi o Rafael porque ele tem um espírito transgressor, que agregou muito no meu projeto”, enfatiza a artista.

Para Rafael, 21 anos, estudante de Design Visual da UFRGS, que nunca havia feito um ensaio nesse estilo, foi tranquilo e natural. “ Como parte da comunidade LGBT, eu não me enquadro no padrão masculino imposto pela sociedade. Não que exale feminilidade, mas eu sou mais andrógino”, diz Rafael, arrumando a manta sobre os ombros e ajeitando os cabelos.

Utilização das frutas contrastam em meio ao branco do Classicismo. (Foto: Graziele Iaronka/ Beta Redação)

O ensaio foi feito durante uma manhã no quarto de Rafael. Ele conta que, para fazer as fotos, houve uma pesquisa e busca por inspirações. “Referente às posições das fotos, fomos abrindo o Pinterest, olhamos algumas referências. Enquanto isso, Clarissa foi me dirigindo, me ajudando. Buscamos referência na cultura greco-romana, principalmente, porque achamos que as poses iriam combinar com a ideias das frutas”, detalha Rafael.

Inspirada no Classicismo — marcado pelos padrões estéticos da Antiguidade — , a exposição traz três frutas: o morango, o pêssego e a cereja. Segundo a fotógrafa, as frutas e, principalmente, seus fluidos rompem com a visão do que é imposto como normal e ideal. Clarissa ainda ressalta que o líquido, em meio ao branco, às perfeições do Classicismo, gera um certo transtorno, porque dá a ideia de sujeira, não estando dentro do padrão, gerando assim uma reflexão para quem está vendo a imagem.

“Por exemplo, o vermelho grita, contrasta muito com o branco. O pêssego é símbolo da juventude e da imortalidade, da renovação da vida, o charme, feminino, suavidade, virgindade e pureza. Os morangos, ligados a frutas delicadas, apresentam a ideia da inocência e cura. A cereja tem significado ambíguo, pois está relacionada com a virgindade. Apresenta a ideia de maturação e, portanto, como a virgindade, ela tende a ser vista como algo que, mais cedo ou mais tarde, deve ser perdido, trazendo a ideia de que não precisamos sempre ter a mesma ideia, opinião”, detalha Clarissa.

Exposição fica na CCMQ até 16 de junho. (Foto: Graziele Iaronka/ Beta Redação)

Aos olhares dos visitantes da exposição, a reflexão sobre a importância de não existirem padrões para os gêneros e a abertura sobre o diálogo da diversidade são perceptíveis nas obras. “É uma exposição intensa, diferente e ousada. Já tinha visto muitas pessoas tentarem fazer, mas a sensibilidade da Clarissa instiga a pensar sobre isso. É interessante porque é tudo muito fluído, em todos os sentidos”, coloca o jornalista Igor Dreher, 21 anos.

Serviço

Exposição Masculin Féminin

Período: até 16 de junho de 2019

Local: Casa de Cultura Mario Quintana — Espaço Majestic, andar térreo, atrás da Arte Loja.

Horários: Terça a sexta, das 9h às 21h, e de sábado a domingo, das 12h às 21h.

Entrada gratuita

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Graziele Iaronka
Redação Beta

Estudante de Jornalismo e criadora da Costurinhas de Amor