Com a vacina em dia, idosos do Programa Viver Bem voltam a se reunir

Leopoldenses acima de 50 anos encontram qualidade de vida na prática de exercícios incentivada pelo poder público

Patrícia Wisnieski
Redação Beta
5 min readDec 13, 2021

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Viver Bem oferece aulas gratuitas de pilates, dança e ginástica. (Imagem: Thales Ferreira/PMSL)

Há duas décadas, São Leopoldo investe na saúde e bem-estar da população idosa através do Projeto Viver Bem, que oferece aulas práticas gratuitas de exercício físico para pessoas acima de 50 anos. Desenvolvido pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Semel), o programa visa fomentar a realização de atividades e garantir qualidade de vida para os leopoldenses com idade mais avançada. “Isso aqui é a minha vida. Foi muito difícil ficar parada neste tempo de pandemia, então, hoje, podendo rever estas colegas depois de tanto tempo, sinto uma enorme alegria”, conta Salete Strack, 67 anos, aluna do projeto desde 2017.

Após quase dois anos sem aulas devido à pandemia de Covid-19, o Viver Bem voltou a fazer parte da rotina de mais de 140 idosos no final de outubro de 2021. O secretário titular da Semel, Douglas Rodrigues da Silva, explica que este é o principal projeto da Prefeitura na área do esporte. “Antes da pandemia, nós tínhamos mais de 450 alunos divididos nos 23 núcleos espalhados pela cidade. Então, o projeto é um bem do município e nós consideramos ele um grande ato para com a nossa população da terceira idade”, afirma.

Entre as aulas oferecidas pelo projeto estão pilates, dança e ginástica, que acontecem todas às segundas, terças, quartas e sextas-feiras pela manhã no Ginásio Municipal Celso Morbach. Por conta da Covid-19, os alunos são divididos em turmas de 25 pessoas, em aulas com duração de uma hora. Douglas ressalta que, até 2020, os idosos podiam se inscrever em todas as aulas, mas como a procura é grande e o protocolo deve ser respeitado, foi imposto o limite de inscrição a uma prática por semana.

“Oferecer atividade física para essas pessoas é uma responsabilidade nossa enquanto poder público, mas esse exercício tem que ser seguro. Se houver qualquer contágio ou qualquer perda dentro do grupo a gente cancela. Estamos aqui para dar qualidade de vida, não criar outro problema”, destaca o secretário. Para fazer parte do programa hoje é preciso ter recebido, no mínimo, duas doses da vacina contra a Covid-19.

“Eu estava ansiosa pelo retorno, pois o exercício físico faz uma falta enorme. Ele ajuda muito na nossa saúde”, expressa Terezinha Peixoto, 65 anos, integrante do Viver Bem há mais de 17 anos. Ela conta que sentiu o impacto da falta das atividades no dia a dia, mas que, para além disso, sentiu saudades da convivência com o grupo. “A gente estava acostumadas a se encontrar toda semana para praticar os exercícios e aí, de repente, tivemos que ficar paradas. Isso foi um impacto muito grande no dia a dia e fez uma falta gigante para mim”, comenta.

Inicialmente, as atividades vão ocorrer apenas no Ginásio Municipal Celso Morbach (Imagem: Thales Ferreira/PMSL)

Atividade física é indispensável acima dos 50 anos

De acordo com a fisioterapeuta e professora do curso de Fisioterapia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Patrícia Martins, 45 anos, a prática de exercícios é essencial em qualquer idade, pois contribui para o bem-estar físico e mental e para a qualidade de vida. Segundo ela, a prática oferece benefícios cardíacos, respiratórios e circulatórios, além de oferecer ganho de força muscular e de flexibilidade e aliviar dores e o estresse.

“Para pessoas acima de 50 anos é indispensável continuar se exercitando para que consigam se manter funcionalmente independentes o maior tempo possível de suas vidas, para que consigam se movimentar e realizar as suas atividades do dia a dia com independência”, explica.

Patrícia é mestre em Gerontologia Biomédica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e diz que, neste sentido, o trabalho do fisioterapeuta é ainda mais importante. “É muito gratificante ser fisioterapeuta e poder trabalhar com pacientes idosos. Nós atuamos desde a promoção da saúde dos velhinhos e prevenção de doenças até a reabilitação, quando essa pessoa necessita de intervenções que possam auxiliá-la na recuperação de alguma lesão”, conta.

Ela explica que, através dos exercícios físicos, é possível tornar o envelhecimento menos doloroso. “Ao promover a facilitação dos movimentos, a melhora da força muscular e da flexibilidade, o exercício físico possibilita o alívio de dores articulares e musculares”, explica Patrícia, que alerta para a necessidade da prática ser acompanhada por um profissional: “O idoso deve realizar uma avaliação com seu médico antes de iniciar os exercícios para ter certeza que essa prática será liberada e indicada para ele”.

No Projeto Viver Bem, o cuidado não é pouco

Além da obrigatoriedade de apresentar atestado médico com a liberação para participar do Viver Bem, os idosos passam por uma espécie de “triagem” antes de iniciar as atividades.

“Na hora de fazer a inscrição, a gente faz um mapeamento da saúde dessa pessoa. Então, a gente sabe onde ela sente dor, se é na articulação, se é muscular, se é óssea, e a gente orienta ela para um exercício específico. Nós não podemos indicar, por exemplo, que uma pessoa com osteoporose faça um exercício com impacto. Nós encaixamos ela para a aula certa e que tenha condições de participar”, salienta o Coordenador do Projeto Viver Bem, João Lucas Rubert.

Ele explica que há uma preocupação da Secretaria em relação ao tipo de exercício indicado para cada pessoa, justamente pelo fato do projeto atender o público com mais idade. “Como a maioria das atividades esportivas são pagas é muito significante a gente conseguir ofertar isso com praticidade. Mas para além disso, temos que ter muita responsabilidade, pois sabemos que este é um público que tem a saúde mais debilitada, com muitas limitações”, reforça João.

O coordenador do Projeto ressalta ainda que um dos principais benefícios do Viver Bem é poder contribuir com a socialização dos idosos. “Além de permitir que eles pratiquem os exercícios, a gente promove a socialização entre esses idosos que, muitas vezes, só têm contato com a família, ou nem isso. Essa troca entre eles torna tudo ainda mais importante, pois a gente sabe o quanto esse contato é essencial”, conclui.

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