Comida natural é a nova aposta do mercado pet

Com 112 milhões de animais, Brasil desponta como terceiro país que mais fatura com produtos e serviços dedicados aos mascotes

Rodrigo da Costa Ávalos
Redação Beta
3 min readMay 2, 2018

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Carne, vegetais e legumes são introduzidos na dieta dos animais (Foto: La Pet Cuisine/Divulgação)

As notícias constantemente veiculadas sobre desemprego e retração em diversos setores da economia continuam preocupando a população brasileira, que sente seus reflexos diariamente. No entanto, há um nicho de mercado que parece imune à crise iniciada em meados de 2014: os produtos e serviços para animais de estimação.

Conforme os últimos dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o Brasil conta com a segunda maior população de cães, gatos e aves de estimação do mundo, estimada em mais de 112 milhões de animais, atrás somente dos Estados Unidos, e detém o terceiro maior faturamento a nível mundial no mercado pet.

Além do crescimento contínuo nos últimos anos, o setor ainda guarda trunfos na manga, já que as possibilidades de expansão são enormes e envolvem serviços especializados, transferência para plataformas online e abertura de grandes lojas do segmento.

O maior responsável pela expansão do mercado voltado aos animais de estimação no Brasil é o segmento de “pet food”, ou seja, a comida dos mascotes, que concentrou 67,3% de participação do total de faturamento do ano de 2016 — ultimo ano com os dados consolidados pela Abinpet.

E uma das novidades apresentadas nos últimos anos relacionada à alimentação pet foi o surgimento da comida natural para cães. Nela, alimentos como arroz, legumes, carne e vegetais são introduzidos na dieta dos animais, substituindo as rações tradicionais.

Essa alimentação busca proporcionar maior prazer ao cachorro e melhorar sua saúde e aparência, como explica a veterinária Juliana Noda Bechara Belo, da La Pet Cuisine, empresa paulistana que atua desde 2012 com comida natural para cães e gatos. “Ocorre uma melhora no aspecto do pelo e da pele e redução na queda de pelos e no volume e odor das fezes, por ser um alimento de maior digestibilidade. Também abre a possibilidade de elaboração de dietas específicas para animais com problemas de saúde, que não dispõem de uma ração específica para eles no mercado”, descreve Juliana. Outras capitais brasileiras já começam a contar com empresas que fornecem a comida natural para pets, como a Amipet em Porto Alegre, que além de criar dieta e porções personalizadas para seu cão, também entrega semanalmente nas casas dos clientes.

Átila é tratado com comida natural para cães a um ano e meio. (Foto: Roberta Félix de Souza Xavier)

Um dos que aprovaram a mudança foi Átila, um simpático Shih-tzu que, há um ano e meio migrou da ração para a alimentação natural. No período, o animal teve uma melhora significativa em suas taxas de hemograma, que estavam alteradas devido a um nódulo na glândula suprarrenal.

De acordo com a tutora, Roberta de Souza Xavier, a troca teria sido feita antes, caso ela já conhecesse a alimentação natural para cães. “Comparando com rações de boa qualidade, a alimentação natural é mais cara, mas vale a pena. A saúde do animal se mantêm em ordem, gerando assim uma economia com gastos médicos”, afirma a técnica em Processamento de Dados.

Controle nutricional

A veterinária Paula Santa Helena Normann, da clínica Chatterie, de Porto ALegre, ressalta que todo o alimento para os pets, seja comida natural ou ração seca, deve ser formulado por um nutricionista veterinário e passar por testes de qualidade para poderem ser oferecidos aos animais de estimação. Outra preocupação dos tutores, aponta a veterinária, deve ser o cuidado com o prazo de validade dos alimentos e a correta forma de armazenamento.

Conforme Paula, as rações secas surgiram no século passado justamente para dar maior praticidade e segurança alimentar aos animais, que muitas vezes eram alimentados de forma incorreta “Antigamente - e infelizmente acontecendo até hoje - os animais eram alimentados com as sobras da nossa comida”, lembra, alertando para a necessidade de manter uma dieta equilibrada aos pets.

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