Como foi a eleição de quem não tem a obrigação de votar

Beta Redação conversou com eleitores da terceira idade sobre voto facultativo para entender importância da política

João Teixeira
Redação Beta
3 min readOct 2, 2022

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Maria foi com a amiga Edite realizar a votação para o pleito presidencial (Foto: João Teixeira/Beta Redação)

O domingo de eleição trouxe milhares de eleitores às ruas em Farroupilha, na Serra Gaúcha — a aproximadamente cem quilômetros de Porto Alegre. O agito na cidade começou cedo.

Com 73.758 habitantes, os idosos chamam atenção no dia da votação. Mesmo com conhecimento de que a partir dos 70 anos de idade o voto é facultativo, eleitores da terceira idade não deixam de comparecer às urnas.

Moradora do município, Maria Marrone Dutra, 88 anos, defende seu direito de votação e relata que só vai deixar de votar quando for impedida por sequelas da idade. Por mais que o voto não seja obrigatório, Maria não pensa em desistir tão cedo.

A ex-professora tem envolvimento na política desde jovem, quando um dos irmãos decidiu se candidatar para deputado. Seus pais manifestavam apoio a candidaturas nas ruas. “Sempre tivemos plena liberdade de escolha”, relembra ela.

Dona Maria, como é chamada, se prepara para a votação estudando o perfil dos candidatos há 66 anos. A tradição familiar herdada dos pais também seguiu na família construída junto com o falecido marido. Ela conta que o interesse pelo assunto oportunizou que seu filho e neto tentassem carreira política.

Ao ser questionada sobre a participação e o interesse dos jovens pela política, a farroupilhense retrata não enxergar necessidade do voto de jovens de 16 a 17 anos de idade.

“Com estas idades, vivíamos em comissos, participávamos ativamente, mas hoje em dia a maturidade não permite o interesse e a sabedoria pela política.”, pontua Maria.

Aos 88 anos, Maria não pensa em deixar de contribuir com a votação brasileira (Foto: João Teixeira/Beta Redação)

Mais que uma obrigação

Enquanto a ex-professora participava da votação no CTG Rancho de Gaudérios, Gilberto Postali, 71 anos, aguardava contente e ansioso o momento de teclar os números na urna eletrônica no Colégio Estadual Farroupilha. Eleitor desde 1986, acredita que votar é seu direito constitucional.

“Não abro mão, é um ato de patriotismo”, sentencia.

Ele retrata que existe a importância da participação dos idosos nas eleições, assim como a de qualquer outro eleitor que quer o bem de todos os habitantes do país. Assim como Maria, Gilberto enxerga o afastamento dos jovens da política.

O eleitor reconhece que a política está em cada cidadão, em processos variáveis. Ela direciona, facilita e organiza a vida, mas os eleitores de 16 anos não tem essa percepção. “Estão dando tiros nos próprios pés”, reitera.

Ao observar as filas das sessões eleitorais, percebe-se participação ativa de idosos na política (Foto: João Teixeira/Beta Redação)

Gilberto exalta ainda que a urna eletrônica foi a melhor invenção para dar segurança, rapidez e agilidade na escolha de nossos representantes nos poderes Executivo e Legislativo.

“Não faça do dia da eleição um dia de sacrifício, transforme-o em um dia de alegria de satisfação por poder fazer parte da Democracia de seu país”, orienta Gilberto.

Em outra sessão de votação para o pleito de 2023, no Colégio Estadual Farroupilha, a também ex-professora da cidade Lourdes Verena Dias, 83 anos, se orgulha ao perceber a participação de idosos para contribuir com a melhoria do país.

Lourdes nunca deixou faltar um voto. Vinda de família pouco envolvida na política, traz suas crenças, assim como Gilberto, no direito constitucional. Com a televisão ligada, sempre aproveitou o recurso para conhecer os candidatos e definir seus votos.

“Nunca fiz questão de pedir ajuda para minha família na hora de selecionar o futuro do meu país”, relata. Mesmo com a idade avançada, Lourdes assegura que cada voto, assim como o seu próprio, pode fazer a diferença para o resultado final.

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