Compreensível e carinhosa, enfrentava todos os desafios

Nevolanda de Oliveira (1956–2021)

ângelo gabriel santos
Redação Beta
2 min readApr 21, 2021

--

Nevolanda, ao centro, entre o filho Jovane e o marido João Miguel. (Foto: arquivo pessoal).

Durante a adolescência, Nevolanda decidiu sair de Estrela, cidade onde nasceu, no Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, e mudar-se para a capital do Estado, em Porto Alegre, para trabalhar como diarista. Tranquila e gentil, ela conquistava as pessoas através do jeito sutil e delicado de se expressar.

Industriária, Nevolanda passou a vida dedicando-se ao trabalho para alcançar seus objetivos e conquistar seu bem-estar. Seu único filho, Jovane de Oliveira, conta que ela sempre trabalhou "para trazer as coisas para dentro de casa, para tentar dar uma vida boa para ela e para gente”.

O filho lembra das inúmeras horas que a mãe passava trabalhando durante sua infância, e que ela chegava em casa somente à noite. Jovane a esperava acordado. Certo dia, ao retornar de sua jornada na indústria, Nevolanda assustou-se ao ver o trinco da porta de entrada de casa se mexendo. Achou que alguém tinha invadido a residência… mas era seu pequeno filho brincando com a porta, enquanto aguardava o retorno da mãe.

Nevolanda oficializou, em 2007, a união estável com João Miguel de Oliveira, também vítima do novo coronavírus. Os dois estavam juntos há cerca de quatro décadas. O desejo do casal de ter um filho era enorme e, após muitas tentativas, aos 40 anos de idade, ela deu à luz à Jovane.

O filho explica que tanto a mãe, quanto o pai, gostavam muito de praia e queriam conhecer diferentes lugares. Agora aposentada, Nevolanda desejava viajar e passar mais tempo com seu marido. Jovane pesquisava preços de viagens em cruzeiros para os dois, que acabaram não se concretizando. Ela também gostava de passar seu tempo livre regando as plantas e preservando sua horta ao redor da casa.

A industriária será lembrada por sua disposição constante de animar as pessoas, de "colocá-las para cima" quando via que estavam tristes. Carinhosa, dava abraços, tornava-se próxima, conversava e escutava cada um. Será lembrada, também, como uma inspiração: por nunca ter desistido, independentemente de qual tenha sido o desafio.

Nevolanda de Oliveira nasceu em Estrela (RS) e faleceu em São Leopoldo (RS), aos 64 anos, vítima do novo coronavírus.

--

--

ângelo gabriel santos
Redação Beta

aspirante a escritor e jornalista; escrevo sobre o que eu sinto e depois me arrependo.