Conta de luz mais alta pesa no bolso dos brasileiros
Energia elétrica já acumula inflação de mais de 19% até outubro. Com isso, famílias buscam alternativas para conseguir economizar
Com o preço dos itens essenciais subindo, o dia a dia dos brasileiros não tem sido fácil. Com o aumento em diversos itens como, por exemplo, alimentação e lazer, os brasileiros buscam alternativas para economizar e conseguir pagar suas despesas. Na conta de luz não é diferente, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, até o mês de outubro a energia elétrica já acumulou uma inflação de 19,13%. A região metropolitana de Porto Alegre é a terceira do País que mais teve aumento, com uma inflação acumulada de 21,35%.
Para o aposentado Sebaldo Bach, 72 anos, a rotina tem sido difícil e rigorosa para economizar na energia. Desde o ano passado, Sebaldo, que mora com a filha em uma casa no município de Sapucaia do Sul, tem sentido no bolso os impactos dos aumentos na conta. “Essas tarifas que eles colocam são complicadas, mas consegui diminuir o gasto mudando alguns hábitos: desliguei o freezer, controlei mais as luzes ligadas e acredito que consegui diminuir uns 30 a 40% a conta desse mês”, conta.
Mesmo com a economia, o aposentado tem receio da conta aumentar agora com a chegada do calor. De acordo com Sebaldo, nos últimos dois meses ele começou com essas mudanças, durante o dia somente televisão e geladeira ficam ligadas. “Em uma casa com duas pessoas cheguei a pagar 480 reais, quase 500 reais, tive que economizar em outras coisas, coisas mais supérfluas para conseguir diminuir essa conta. Apenas tendo consciência é que podemos economizar luz e água. No verão é muito difícil, tem que ligar o ar-condicionado, se conseguir manter assim está ótimo”, salienta.
“É ruim não podermos ter os mesmos hábitos, ganhamos cada vez menos e tudo subindo tão rápido assim, está difícil, se continuar assim vamos ter que começar a cortar as coisas necessárias”.
Comércio sente impacto nas contas
As dificuldades com as contas não ficam restritas apenas aos moradores residenciais, os comerciantes também sentem de perto o sufoco com a conta de luz. O empresário, Valmir Paulo Mello, 48 anos, dono do Supermercado Mello, em São Leopoldo, conta que a inflação da luz impacta em todo o funcionamento do comércio. “Todos nós acabamos sendo prejudicados, nós empresários por termos que subir os preços e os clientes por terem que pagar mais caro”, diz.
Segundo Valmir, com a inflação da energia neste ano, ele tem sentido no bolso o impacto. “É difícil quantificar de fato o aumento porque tudo acaba influenciando, o clima, a época. Porém, analisando a média de gasto do ano passado com o final de ano agora, passamos a ter um aumento de 18% no gasto com energia”, relembra Valmir. Para tentar economizar e balancear as contas, o empresário conta que já está negociando a instalação de placas de energia solar.
“Fechamos uma parceria com uma empresa que trabalha com as placas da WEG. Assim realizamos a economia na fatura de energia elétrica, usando uma energia renovável e limpa — que ajuda o sistema elétrico do bairro, agregando sustentabilidade ao negócio”, comenta.
Energia solar é alternativa para algumas famílias
O ano de 2021 tem apresentado grande alta na inflação, dados divulgados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que as tarifas residenciais têm crescido, contudo apresentam a maior taxa de aplicação neste ano. Além de economizar em casa como podem, muitas pessoas estão buscando investir na energia solar. Apesar de ser um investimento alto, quem possui as placas em casa não se arrepende. Como é o caso do engenheiro mecânico, Elias Weber, 45 anos, que colocou a alternativa renovável de energia em casa em 2021.
De acordo com Elias, que mora com outras três pessoas em uma casa em Sapucaia do Sul, foram dois motivos que o influenciaram a investir nas placas: econômico e ecológico. “No momento que eu sinto que eu posso produzir a minha energia, é uma termoelétrica a menos que possa estar ligada, para produção ao equivalente a minha energia. Então eu to trocando uma energia produzida por carvão, por exemplo, que é altamente poluente”, conta.
As placas foram instaladas em dezembro de 2020, porém só começaram a produzir energia em março deste ano. Elias acreditar ter escolhido o momento exato para fazer a troca da produção de energia. “Acentuou bastante agora em 2021 essa questão da crise hídrica no país, acabou que me favoreceu ainda mais. Quando instalamos a previsão do pagamento desse investimento era de quatro anos e oito meses, mas com os valores que a energia está agora o meu retorno será menor, acredito que em quatro anos será pago”, salienta.
Mesmo com as placas, o engenheiro relata que houve um pequeno aumento na sua conta durante os últimos meses, mas muito pequeno se comparado ao que pagava anteriormente de colocar as placas. “Minha fatura nunca foi muito alta, sempre paguei em torno de 300 ou 400 reais, hoje ela é em média 90 reais”, afirma. Elias ainda salienta que em sua casa sempre tiveram hábitos de consumo saudáveis. “Sempre fui aquele chato que brigava por conta das luzes ligadas, hoje já não é mais um problema aqui em casa”, diz.
“Eu vejo que é um investimento muito seguro e recomendável, uma pena que não há um incentivo maior do governo para a adesão das placas”, conta.
Entenda como funcionam as cobranças com as bandeiras tarifárias
Segundo dados da Aneel, as bandeiras tarifárias funcionam da seguinte maneira:
Bandeira verde: condições favoráveis de geração de energia. A tarifa não sofre nenhum acréscimo;
Bandeira amarela: condições de geração menos favoráveis. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,01874 para cada quilowatt-hora (kWh) consumido;
Bandeira vermelha — Patamar 1: condições mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,03971 para cada quilowatt-hora kWh consumido;
Bandeira vermelha — Patamar 2: condições ainda mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,09492 para cada quilowatt-hora kWh consumido;
Bandeira Escassez Hídrica ficará no valor de R$14,20 a cada 100 quilowatt-hora consumido (tarifa vigente até abril de 2022).