Contraturno escolar: o projeto que dá outra cara às horas livres

Mainara Torcheto
Redação Beta
Published in
4 min readMar 27, 2018

Conheça o Centro Desportivo de Atividade Complementar de Farroupilha

Turma da ginástica artística durante apresentação / Foto divulgação: Assessoria de Comunicação Farroupilha

As crianças crescem sabendo da importância de estudar e aprender sobre a história, biologia e matemática. E a regra é praticamente sempre a mesma para todas: ir para a escola pela manhã ou à tarde. Mas, o que fazer no turno em que não estão na escola? Quem sabe jogar videogame, ficar na internet ou até mesmo jogar bola na rua.

Essa é uma realidade que passa longe para aproximadamente 200 crianças e adolescentes de Farroupilha, na Serra Gaúcha. A Secretaria do Esporte, Lazer e Juventude da prefeitura da cidade propõe que elas aprendam brincando, e tenham esse momento como um grande aprendizado na hora do contraturno escolar. A iniciativa, segundo a secretaria, tem registro do projeto em atas desde 1989, mas foi documentado pela legislação em 1996. As atividades ocorrem desde então no Ginásio de Esportes do Cinquentenário. Após mudanças de nome no projeto, hoje ele se chama Centro Desportivo de Atividade Complementar. As crianças têm acesso a duas quadras para prática de esportes com bola, vestiários profissionais com chuveiro, limpeza, professores, transporte,materiais esportivos e custeio das competições.

Turma da ginástica artística durante apresentação / Foto divulgação: Assessoria de Comunicação Farroupilha

Mas, afinal, por que essa oportunidade é tão importante para as crianças?

Segundo a neuropsicóloga Milena Bugs Antunes, a prática de esporte na infância e adolescência é importante para o controle da obesidade e desenvolvimento motor. Entretanto, explica, “há pesquisas que sinalizam que a prática semanal ainda desenvolve a parte socioemocional e cognitiva”. Na prática, desenvolver funções cognitivas auxilia no controle de impulsos, atenção, memória, planejamento, constrói laços afetivos saudáveis e melhora a autoestima.

Manuela tem 8 anos e, segunda sua mãe, é uma das provas disso. A mãe, Jaqueline Paludo Feltrin, conta que percebeu que desde que a filha começou as atividades houve muita mudança no comportamento, desenvoltura e desenvolvimento como um todo. “Quando soubemos da atividade ficamos muito felizes, independente dela ser gratuita, pois é uma atividade que não era comum na nossa idade”, e complementa: “acho maravilhosa essa oportunidade, ela é oferecida a todas as crianças sem distinção de classe social”.

Turma da ginástica artística durante apresentação / Foto divulgação: Assessoria de Comunicação Farroupilha

O Secretário Sedinei Catafesta explica que o projeto Centro Desportivo de Atividade Complementar é um dos únicos do Rio Grande do Sul a garantir atividades de contraturno de forma totalmente gratuita. São, ao todo, seis atividades: futsal, hóquei, xadrez, vôlei, ginástica artística e handebol. A faixa etária para a participação do projeto é de 6 a 16 anos. Todas as crianças que fazem a inscrição tem apoio do Sesi na parceria com o plano seguro para acidentes. A inscrição no Sesi de Farroupilha é essencial para a prática das atividades.

Dentre as modalidades, a Ginástica Artística é uma das que mais faz brilhar os olhos das crianças. Essa não é uma atividade que se aprende na escola, e para aprendizado particular custa caro. Um bom ginasta precisa ter controle do corpo, demonstrando equilíbrio e flexibilidade nos movimentos. Para isso, é preciso muito treino e dedicação. Os professores responsáveis por isso são Marcos de Britto e Catirene Flores.

PRÁTICA QUE ENCANTA

Quem participa apoia. Luana Clarice de Oliveira, 12, está no terceiro ano de treino e está muito satisfeita com os resultados. “Eu aprendi tudo, quando cheguei aqui não sabia nem fazer estrelinha, agora eu já faço até reversão na saída da trave”. Questionada se pretende continuar o projeto, a resposta é rápida: “Claro, eu amo!”. Luana ainda não foi para outras cidades para competir, mas a possibilidade existe. São disponibilizados 1.800km por ano, dividido por modalidade, para levar as crianças para competições.

Turma da ginástica artística da turma de Luana, durante apresentação / Foto divulgação: Assessoria de Comunicação Farroupilha

Morgana Tonin, mãe de Luana, fala com ar de tranquilidade sobre a participação da filha na modalidade. “É ótimo que ela tenha essa oportunidade no turno oposto ao da escola. Também é bastante satisfatório ver que há professores que, acima de tudo, são pessoas bem dispostas a ensinar às crianças uma modalidade diferente das ensinadas na escola”, aponta.

2018

Os planos para 2018 são grandes, afirma Sedinei Catafesta. Ele já está planejando melhorias para a festa de apresentação de final de ano que as turmas fazem. Ainda, a ideia é ampliar o projeto em núcleos e levar a oportunidade para as crianças moradoras de áreas mais precárias e do interior da cidade. Já existe um projeto para o núcleo do Centro Desportivo de Atividades Complementares em um outro bairro da cidade. Algumas das modalidades serão oferecidas a partir do dia 10, quando o núcleo será inaugurado. Mas, para tudo isso dar certo, o secretário afirma: “A pessoa que está em função pública tem que ter vontade, se não não funciona”.

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