CRÍTICA: A última dança de Michael Jordan

Em 10 episódios, documentário conta a trajetória de uma das maiores dinastias da NBA, que mudou a forma de se jogar basquete

Arthur Mombach Schneider
Redação Beta
4 min readAug 27, 2022

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Michael Jordan foi o grande líder da equipe (Foto: Kip-Koech/Flickr)

Lançado pela Netflix em 2020, o documentário The Last Dance — em português, O Último Arremesso — , dirigido por Jason Hehir, é dividido em 10 episódios e conta a história do grande Chicago Bulls da temporada de 1997/98, que foi a última da equipe. A produção teve o apoio tanto da Netflix, quanto da ESPN.

O Chicago Bulls de Michael Jordan e companhia foi uma das maiores dinastias já vistas na NBA, pois ao longo de oito anos, eles venceram seis vezes a competição, conseguindo por duas vezes conquistar três títulos seguidos. A equipe mudou a forma de jogar basquete e virou referência até os dias de hoje.

Na época, uma equipe de gravação ganhou livre acesso aos bastidores do time, registrando coletivas, vestiários e todo o seu cotidiano. Durante um ano foi gravada uma grande quantidade de cenas exclusivas, que ficaram guardadas por quase duas décadas. Até que os produtores da NBA entraram em contato com Jordan, que era dono dos direitos, com um projeto para a criação do documentário.

Dentre a narrativa, primeiramente o foco está no campeonato de 1997–98, quando o Chicago Bulls estava disputando os playoffs da NBA, na final da conferência leste. A outra narrativa foca na história da equipe, a partir do momento em que Michael Jordan é draftado (selecionado no draft para jogar a NBA) em 1984. A evolução do maior nome do basquete mundial é revelada conforme o passar dos anos e, principalmente, a sua frustração ao perder uma partida importante. Aqui, o documentário acaba colocando um grande foco, que é no fato de Jordan não aceitar a derrota e de que forma ele a usava para que, no ano seguinte, viesse mais forte e mais preparado para conquistar seu objetivo, que é o título da NBA.

Ao longo dos 10 episódios, o documentário detalha a trajetória de Jordan até se tornar o maior jogador de basquete de todos os tempos, mas, além disso, conta todo o processo que levou a ser criada uma das maiores dinastias da NBA. O diretor busca usar a mesma filosofia de jogo do Bulls na série, sendo que Jordan era a estrela, mas ele não joga sozinho. Com isso, ele conta um pouco sobre cada integrante daquele time: Scottie Pippen, Dennis Rodman, Steve Kerr e até mesmo o treinador da equipe Phil Jackson, além de passar a visão de grandes adversários, como Reggie Miler e Isaiah Thomas e também de familiares e pessoas da imprensa.

O Chicago Bulls venceu seis títulos das NBA entre 1991 e 1998 (Foto: Marit & Toomas Hinnosaar/Wikimedia Commons)

Também são mostradas imagens nunca antes vistas dos bastidores dos jogos da equipe, além de comentar das relações que eles tinham com seus parentes e amigos, por exemplo, a de Michael com seu pai e de que forma a morte dele afetou sua vida. Mas isso não acontece apenas com Michael, registra-se também a relação dos outros jogadores com suas famílias.

Aos poucos o documentário vai não apenas contando a história do Chicago Bulls, mas sim a história do basquete, além da forma que Michael Jordan tornou esse esporte em algo mundial. Ele cita a passagem dos atletas em campeonatos de faculdade, cita as Olimpíadas e principalmente a equipe das Olimpíadas de 1992, que foi considerada o Dream Team, por ter unido um grupo de grandes lendas do esporte e também pela facilidade que tinham em vencer as partidas.

Dessa forma a produção, ao juntar essas duas narrativas e levando em conta todo esse contexto que o esporte adquiriu nesse tempo, consegue fazer até mesmo quem não conhece nada de basquete se interessar pelo documentário. E esse é o grande feito de The Last Dance, pois ao longo dos episódios, o diretor sempre sabe a hora certa de pegar o espectador pela mão e explicar o impacto dos eventos que vão se desenrolando. A cada cena das partidas, a produção consegue gerar uma tensão em quem está assistindo, que acaba ficando curioso se de fato aquele arremesso foi certeiro, se de fato os Bulls venceram. Um bom exemplo que deixa o espectador logo no início curioso é o fato de saber se eles venceram ou não o campeonato de 97/98.

Outro ponto positivo é a aproximação da cultura dos anos 90 com muitos detalhes, como músicas, imagens constantes de noticiários e anúncios da época, além da gravação de alguns atores famosos que chegavam para conhecer os atletas, como um jovem Leonardo DiCaprio e Jerry Seinfeld. Dessa forma, o documentário consegue gerar uma sensação de nostalgia para quem viveu esse tempo e para quem está assistindo hoje e não tem ideia de como era no passado.

Um fato curioso é que o documentário foi lançado em plena pandemia do coronavírus, bem no ápice dela. Para quem estava sentindo a falta dos jogos na televisão, ela acabou preenchendo essa falta.

Apesar de tudo de positivo, The Last Dance peca em focar totalmente em Jordan. Mesmo que ele seja a maior estrela, poderia ter se dado uma atenção maior a outros atletas, pois a equipe era de muitas estrelas. Poderia ter sido abordado de que forma eles chegaram na NBA e a trajetória até o Bulls e como foram suas carreiras após sair do time.

O documentário então é uma grande oportunidade para quem não acompanhou a trajetória de Jordan e sua equipe conhecer essa grande história da NBA e, a partir disso, é possível entender o motivo de ele ser considerado o maior jogador de basquete de todos os tempos.

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