O filme “Vingadores: Guerra Infinita” estreou no dia 26 de abril e já conquistou recordes de público. (Foto: Marvel Studios)

CRÍTICA: A concepção de vilão

Sucesso nas bilheterias, “Vingadores: Guerra Infinita” mostra antagonista de forma humanizada

Tiago Assis
Redação Beta
Published in
4 min readMay 10, 2018

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A terceira reunião da equipe nos cinemas foi muito esperada, ainda mais se levarmos em conta que as consequências podem ser devastadoras. Vingadores: Guerra Infinita, que marca os 10 anos de Universo Cinematográfico da Marvel (UCM), foi lançada em 26 de abril e ultrapassou a marca do bilhão de dólares de bilheteria já no início desta semana.

“Thanos exige seu silêncio.” Essa foi a frase adotada pela Marvel no período anterior e durante a estreia de “Vingadores: Guerra Infinita”, com o intuito de combater os spoilers. Portanto, caso ainda não tenha assistido a obra de Anthony e Joe Russo (Russo Brothers), tome cuidado!

Ao longo de 10 anos e 19 filmes de UCM, o mais novo lançamento da Marvel serve como uma espécie de “cereja do bolo” para os fãs de sua mitologia. É o grupo de heróis mais famoso dos cinemas, enfrentando o maior vilão desse universo até então.

É importante lembrar que tivemos outras ameaças no caminho dessa equipe durante a década de atuação da Marvel nos cinemas. Em Os Vingadores (2012), a “pedra no sapato” dos heróis foi Loki, irmão de Thor (membro do grupo). Loki, apesar de ter sido muito bem representado por Tom Hiddleston, não teria a capacidade de ser o maior antagonista dos Vingadores.

Já em Vingadores: Era de Ultron (2015), foi exigida uma nova junção dos heróis para combater uma inteligência artificial que saiu do controle de Tony Stark, o Homem de Ferro (Robert Downey Jr.). Foi importante para fortalecer os laços da equipe, mas, novamente, não poderia ser a maior ameaça do UCM.

Introduzido aos filmes da Marvel em 2012, em uma das cenas pós-créditos de Os Vingadores, Thanos é o prenúncio do fim, não só dos Vingadores, mas também de metade do universo. Um vilão para complicar o equilíbrio desse grupo de heróis, mas que busca exatamente o equilíbrio geral. Seu objetivo é simples: sacrificar metade da vida existente para que a restante “sobreviva” a longo prazo.

“Vingadores: Guerra Infinita” teve maior arrecadação em um final de semana de estreia no Brasil, com R$ 65,1 milhões. Foto: Marvel Studios

Isso tudo caracteriza um genocídio em escalas inimagináveis, não é mesmo? Porém, o ponto mais intrigante do filme não é esse, mas sim o fato de que o sentimentalismo envolvido na história de Thanos pode acabar influenciando nossa “torcida” durante o filme.

Mérito da equipe por trás do desenvolvimento da obra. A partir do momento em que vemos nexo e até mesmo consideramos o objetivo do vilão, significa que o personagem foi bem desenvolvido. Até porque ele foge da ideia do mais puro e natural desprezo.

Sua decisão toma forma e pode ser apontada como uma opção completamente compreensível, mesmo sendo brutal. A partir desse cenário, a palavra “humanidade” ganha grande importância. É sentimento, é envolvimento, é amor. É benevolência, é compaixão, é misericórdia. É sensibilidade, é generosidade, é compreensão.

Vista sempre de forma positiva, se analisarmos o real significado dessa expressão dentro do contexto previamente inserido, somos obrigados a analisar o papel da nossa espécie para com a Terra.

O ser humano tem longo histórico de conflitos, sejam eles entre nós ou com outras espécies. Buscamos nossos objetivos a qualquer custo, mesmo que isso influencie na realidade de outros animais. Não faltam exemplos de seres que foram extintos por causa de atos humanos.

E é isso que assusta: o antagonista foi tão bem trabalhado, tão bem humanizado em alguns aspectos, que é impossível não relacioná-lo com nossas atitudes. A diferença é simplesmente a escala com que lidamos no filme. Estamos falando de um ato que pode culminar no fim da metade da vida existente no universo. E tem nexo.

Thanos explica que fatores como superpopulação, poluição, diferenças de classes e controle de decisões sempre terminam no mesmo cenário: um ambiente doente. Será que podemos comparar isso ao atual contexto de nosso planeta?

É difícil compreender que seu objetivo tem fundamento, ainda mais quando seu método não é o mais pacífico. Só que, mesmo assim, o filme consegue nos fazer refletir quanto a isso.

Joe Russo, diretor de Vingadores: Guerra Infinita, já afirmou, em entrevista para a MCU Exchange, que “todo vilão é um herói em sua própria história”. Isso ficou explícito em Thanos.

Vale lembrar a importância de se assistir aos filmes anteriores do grupo, o que facilita e muito o entendimento da história. Se você não pôde olhar um filme de super-heróis até hoje, talvez essa seja uma boa oportunidade para se interessar sobre o assunto. Questões como esta são analisadas com grande frequência, podendo mudar nossas perspectivas.

O último lançamento da Marvel é visualmente impecável, com uma trilha sonora que não deixa a desejar e, como já estabelecido previamente pelos desenvolvedores do projeto, tem o cuidado para trabalhar da melhor forma possível a imensa lista de personagens.

É claro que nem tudo é perfeito, como a abordagem da “Ordem Negra” (espécie de capangas do vilão durante o filme), que poderiam ter sua origem melhor desenvolvida. As aquisições das “Joias do Poder” e da realidade por parte de Thanos também poderiam ser melhor explicadas.

O longa entrega o que promete, com muitas reviravoltas e com um desenvolvimento acelerado, o que é compressível, vide a quantidade de informações necessárias para a história. Tudo isso com excelentes e impecáveis cenas de lutas.

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