Chadwick Boseman deixa um legado de luta e representatividade

Ator estadunidense foi um símbolo da cultura negra americana no cinema

Fabrício Santos
Redação Beta
3 min readSep 11, 2020

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Última postagem em uma rede social de Chadwick Boseman. (Foto: Instagram/Divulgação)

Além de herói nas telas, Chadwick Boseman foi um guerreiro na vida real, ao escolher seguir seus sonhos e ideais enquanto lutava contra um câncer de cólon (parte central do intestino grosso). O protagonista do filme Pantera Negra (2018), cuja história constrói o renascimento do protagonista, símbolo de uma cultura, não venceu a batalha contra a doença que já o acometia durante toda a gravação do longa-metragem.

Boseman ganhou destaque mundial ao dar vida ao príncipe T’Challa na ficção da Marvel. Porém, a representatividade dos papéis do ator, vão muito além do heroísmo e simbologia da personagem dos quadrinhos e cinemas. O americano viveu também diversos outros papéis de relevância para a sétima arte, alavancando a representatividade negra dentro do cinema em filmes como Crime sem saída (2019) e Destacamento Blood (2020).

Atuação de Boseman em Crime sem saída, Pantera Negra e Destacamento Blood. (Arte: Fabrício Santos/Beta Redação)

Pantera Negra (2018)

O ápice da carreira de Boseman. Nos últimos anos, os filmes de heróis, em especial os do Universo da Marvel, têm sido os principais destaques nas bilheterias mundiais. Artistas consagrados começaram a participar do gênero que nunca fora bem visto nas telonas. Outros encontraram nas histórias fantásticas o reconhecimento junto ao grande público. Desconhecido da maioria das pessoas, o ator foi convidado interpretar o personagem Pantera Negra em 2018. O longa-metragem é extremamente necessário e representativo. O filme que tem duração razoável, 135 minutos, conta a história do príncipe T’Challa (Chadwick Boseman) que retorna a Wakanda para a cerimônia de coroação, após a morte do rei T’Chaka (John Kani).

Trailer oficial do filme Pantera Negra (Vídeo: Divulgação)

Ao encenar o líder de um país africano, pobre para o exterior e extremamente rico no continente, Boseman resgata a autoestima da cultura negra no imaginário social. Entre o desafio de suceder ao pai, e as batalhas ao longo do filme, Boseman precisa ser o rei de diferentes culturas dentro de Wakanda, simbolizando a complexidade dos povos negros em sua individualidade, diferente de uma visão coletivista racista que agrupa os povos sob um único ponto de vista. T’Challa precisa se provar de diferentes maneiras para garantir a aceitação daqueles que o seguem. Seja no abraço aos mais próximos ou na firmeza do posicionamento ao lidar com o racismo exterior, ele precisa encontrar a melhor forma de deixar seu legado no mundo. E assim o fez.

Crime sem saída (2019)

É um ótimo filme de ação. Boseman interpreta um policial que começa a investigar um crime e descobre que os envolvidos estão mais perto do que ele imagina. É um longa-metragem de 99 minutos, que envolve a atenção do início ao fim.

Trailer oficial do filme 21 Pontes (Vídeo: Divulgação)

Destacamento Blood (2020)

Um filme que coloca em debate as questões raciais e sociais dos Estados Unidos. Mostra uma visão dos negros em relação à guerra do Vietnã, onde eram enviados para serem o pelotão de frente da batalha. Muitos acabaram morrendo nos confrontos, mas Norman (Chadwick Boseman) sobreviveu. O filme é uma obra de longa duração, tem ao todo 156 minutos.

Ambos os filmes tiveram de Chadwick Boseman uma entrega intensa, fundamental e representativa para o público. Interpretando grandes papéis de homens negros, com atuações fortes e marcantes, Boseman deixa um legado de luta e combate ao racismo.

O ator sempre defendeu esta bandeira. Inclusive, no filme Pantera Negra, ele entrou em divergências com o diretor, pois não aceitava que fosse usado outro idioma além do xhosa, a língua natal de Nelson Mandela e um dos onze idiomas oficiais da África do Sul.

Toda esta trajetória de Boseman deixa uma importante lição, muito bem representada nas telas, da valorização da cultura afro e dos papéis de destaque aos negros. Estes filmes são um legado que Chadwick Boseman deixa ao mundo.

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