CRÍTICA: Colleen Hoover surpreende com final imprevisível e narrativa perturbante em “Verity”
Na lista dos best-sellers do primeiro semestre nos EUA, a autora está em ascensão no Brasil
Eu nunca imaginei que pudesse sentir medo ao ler um livro. E foi exatamente isso que aconteceu comigo assim que folheei página por página da escrita instigante de Colleen Hoover. Digo isso porque é impossível parar de ler. Mesmo que tente, parece que é mais forte do que você. Essa é Colleen Hoover, a autora do momento que vem ganhando o coração e a atenção de muitos jovens. Ficou famosa no TikTok e a cada lançamento conquista novos admiradores.
Natural do Texas, a escritora de 42 anos é formada em Serviço Social e lançou seu primeiro livro apenas aos 32 anos. No primeiro semestre de 2022, o Publishers Weekly, portal americano, publicou a lista dos livros mais vendidos nos EUA de janeiro a junho. Colleen Hoover foi a grande vendedora da temporada, com cinco títulos entre os dez mais. A autora também aparece em terceiro lugar com Verity. No semestre, cinco títulos da autora venderam nas livrarias americanas quase três milhões de exemplares.
Mas vamos ao que interessa: o que você vai encontrar em Verity? Com certeza, uma história surpreendentemente imprevisível e longe de tudo que você já viu. Pelo menos para mim, que costumo ler histórias “bobinhas” e “clichês”, e me vi assustada em vários momentos. É claro que não é nenhum terror igual aos filmes com situações paranormais, mas como não sou muito adepta desse gênero, qualquer “sustinho” já me arranca borboletas no estômago.
Em pouco mais de 300 páginas, o livro gira em torno de Lowen Ashleigh, uma autora insegura com seu trabalho que não é muito reconhecido pelos leitores. Ela está à beira da falência, prestes a ser despejada do apartamento em que vive. Até que recebe uma proposta para continuar escrevendo os últimos três livros de uma série de sucesso escrita por Verity Crawford, autora best-seller no auge da carreira e super aclamada pelo público. No entanto, ela sofreu um súbito acidente que a deixou impossibilitada de concluir o trabalho.
Para conseguir dar continuidade e entregar aos leitores da escritora um conteúdo de qualidade e no mesmo patamar da autora original, Lowen é convidada pelo marido de Verity a fazer uma “imersão” dentro de documentos e no processo de criação adotado por ela. O que Lowen não imaginava é que encontraria uma série de segredos e jogos psicológicos que estão presentes na família, desde o dia em que a mulher conhece Jeremy, até as tragédias que fazem com que o casal perca as filhas gêmeas e os instantes anteriores ao acidente que a deixa de cama.
No decorrer da história, Lowen descreve as situações perturbantes que vivencia neste período de tempo que está envolvida com a família. Até mesmo um envolvimento emocional com o marido da autora. Jeremy fica cada vez mais próximo de Verity, principalmente por estar cuidando da família sozinho e encontrar nela um ombro amigo para dividir as angústias da casa.
Lowen é pega de surpresa com tantas descobertas por trás da história de Verity. Ela não tem grandes objetivos na vida. Sua carreira não vai bem, sua mãe faleceu recentemente, ela não tem ninguém com quem possa contar. Jeremy é um homem romântico e um pai que toda mãe gostaria de ter para seus filhos. Talvez esses dois personagens acabem não despertando muitos sentimentos, já que são considerados “sem sal”, mas Verity, cuidado, ela vai causar todo tipo de sentimento.
Colleen Hoover tem uma característica marcante na sua escrita. Ela consegue entreter e persuadir de um jeito impressionante. As histórias são sempre impactantes e com um enredo que prende a atenção do leitor do início ao fim. A sensação que eu tenho é que dá vontade de começar o livro e terminar no mesmo dia. É como se você não conseguisse prestar atenção em mais nada enquanto não finaliza a história e descobre o que acontece. Parece exagero, mas eu juro que é viciante ler as obras de Colleen Hoover.
Outro detalhe para destacar é que no livro existem várias cenas bem detalhadas de sexo, e isso não é algo novo para a autora. Nem algo ruim. Para aqueles que gostam desse tipo de abordagem na trama, considero ser um elemento bem importante para complementar a história. Principalmente porque essa característica deixa tudo mais envolvente e tira um pouco do clima de tensão do suspense.
A leitura é densa e vai tomando conta com o avançar dos capítulos. É como se a história fosse ganhando fôlego ao folhear as páginas. Outro ponto importante e bem característico da escrita da autora é que ela costuma contar as histórias por dois pontos de vista. A história vai e volta entre os personagens. E é contada em primeira pessoa.
O enredo causa desconforto em vários momentos, e te faz sentir sensações na pele, o que deixa a leitura fluída e impossível de largar. Quando você fica assustado, quer saber até onde mais essa história é capaz de ir. Quando você se sente com repulsa, quer saber até onde seu estômago é capaz de aguentar. Mas ao se sentir perturbado com tudo o que aconteceu, a história acaba. E aí te restam dois caminhos para escolher, e cabe a você decidir que fim quer para Verity. O final é inesperado porque a história simplesmente acaba, você fica se perguntando o que realmente aconteceu e cria mil teorias malucas para tentar explicar tudo o que leu até ali.
