CRÍTICA: Com enredo envolvente, “Bridgerton” é marcada por romance, polêmicas e mistério

Trama de época é a mais assistida da Netflix, com recorde de 82 milhões de acessos em suas primeiras quatro semanas

Thariany Mendelski
Redação Beta
6 min readApr 9, 2021

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Violet Bridgerton e seus oito filhos. (Foto:Divulgação/Netflix)

A família Bridgerton já era bastante conhecida antes mesmo de ser lançada mundialmente pela plataforma de streaming Netflix, no final do ano passado. Criada pela americana Shonda Rhimes, já popular por tramas como Greys Anatomy e Station 19, o novo romance conta com oito episódios de uma hora, foi baseada na obra literária de Julia Quinn. Os livros acompanham a passagem dos irmãos Bridgerton pelo mercado casamenteiro de Londres entre os anos de 1813 e 1827.

A primeira temporada da série é focada na protagonista Daphne Bridgerton, 21 anos, que acaba de ser apresentada à sociedade e está em busca de um marido. A jovem é a primeira filha da família, mas ainda vive na sombra dos irmãos mais velhos e tem problemas em atrair pretendentes por conta da superproteção do primogênito da família, Anthony.

Prestes a atingir a maioridade, Daphne encanta a Rainha Charlotte e se torna a joia rara do ano, ganhando atenção de inúmeros pretendentes que a querem como esposa. Mas, ao assumir o papel de homem da casa após o falecimento do pai, Anthony acaba dificultando esta busca.

Até que, em um dos bailes da alta burguesia londrina, Daphne conhece Simon Basset, duque de Hastings. Apesar de serem opostos, Simon e Daphne fazem um acordo que beneficiaria os dois. O duque decide cortejar Daphne para que ela chame a atenção de mais pretendentes e também livrar Simon das mães das jovens solteiras da época, assim como da misteriosa Lady Whistledown, uma colunista anônima de um folhetim, que está por dentro de todos os babados da alta sociedade.

Ao longo da série, os dois criam uma grande amizade e se apaixonam. Mas aí entra um dos conflitos desenvolvidos na série: de um lado, o sonho da Daphne de criar uma família, de outro, o fato do Duque não querer dar seguimento à linhagem dos Hastings, — devido à negação que sofreu do pai na infância.

Apesar da história de Daphne e Duque ser o centro da produção, a série conta com muitas outras tramas paralelas, o que acaba deixando-a mais dinâmica. É o caso do drama de Marina Thompson, que precisa se casar antes que sua gravidez indesejada venha à tona. A história dela foi uma mudança muito interessante, dividindo o foco com Daphne e Duque.

A presença feminina na série

A Marina é uma personagem muito forte, com opiniões próprias que traz à tona uma discussão importante sobre como a sociedade julga a mulher por ter relações fora do casamento e o homem é perdoado tranquilamente. A história dela também traz muitas discussões sobre a forma como a sociedade vê a mulher quando fica grávida e o abandono pelo homem em que ela é apaixonada.

Daphne Bridgerton se apaixonada por Simon em Bridgerton. (Foto: Divulgação/Netflix)

Outra personagem que merece destaque é Eloise Bridgerton, irmã mais nova de Daphne que acaba chamando a atenção da própria rainha Charlotte em seus esforços para desmascarar Lady Whistledown. Eloise é o oposto da irmã Daphne, e consegue trazer diversidade para a série. Ela é inteligente e quer ter conhecimento de tudo, o que não era bem visto para mulheres daquela época. Eloise luta pela igualdade de gênero desde muito nova.

Eloise rouba a cena diversas vezes, seja por sua ousadia em fumar escondida, seja por sua inocência em tantas coisas, ou por suas falas extremamente femininas! Eloisa investiga quem é Lady Whistledown, sendo a responsável também por cenas de alívio cômico.

A personagem da colunista Lady Whistledown é muito importante nessa primeira temporada da série, é interessante o jeito que ela é amarrada na trama, provocando situações e reviravoltas. Ao longo da série é possível perceber que, apesar de ser uma série de época, existem muitos assuntos que são atuais do nosso dia a dia.

Representatividade na história

Um ponto muito forte da série é a diversidade, trazendo minorias para alta sociedade antiga. A rainha, por exemplo, é uma mulher negra, assim como o duque e outros membros da corte. Também temos personagens LGBTQIA+ e um discurso sobre como era difícil manter esses sentimentos que, na época, eram proibidos e condenados.

A série aborda muito forte a presença das mulheres, elas são diferentes entre si, e trazem olhares diversos sobre o que é ser mulher em uma sociedade extremamente patriarcal. Nenhuma delas tem interesse em ser perfeita e deixar simplesmente que os outros tomem decisões para sua vida. Elas são fortes, com pensamentos próprios e não abaixam a cabeça para ninguém.

Daphne Bridgerton na série Bridgerton da Netflix (Foto:Divulgação/Netflix)

Ao trazer a diversidade, a trama dá conta de um mundo de injustiças, onde questões de aparências precisam ser mantidas pelas pessoas da alta sociedade e as classes sociais inferiores ainda sofrem com a miséria. Temos algumas cenas de machismo e autoritarismo, porém, essas questões são apresentadas com sutileza, deixando o foco nos romances e nas fofocas. Uma diferença em relação ao livro que inspirou a série, é que no romance, os personagens são mais aprofundados, enquanto na série eles são apresentados de maneira mais superficial.

Os leitores comparam Bridgerton no livro e na série

Ao falar sobre a comparação dos livros com a série, os fãs de Bridgerton criticaram bastante o papel de Anthony na série. Segundo eles, nos livros, Anthony não é nem metade do jovem super protetor com Daphne como demonstra na série. Na verdade, ele é parceiro da irmã mais nova e se une com ela para manter pretendentes indesejados bem longe de suas vistas — enquanto se transforma em um tóxico homem com ganas parentais.

Mesmo com todos os pontos positivos da produção para o Netflix, senti falta do contexto do rei e da rainha na história. Nessa primeira temporada tivemos um breve introdutório, mas não é possível entender de fato o que aconteceu na vida deles. Com o intérprete de Colin Bridgerton, a mesma coisa. Talvez por ser mais secundário do que principal nessa temporada, suas características não tenham sido muito desenvolvidas.

A trilha sonora é outro ponto que chama atenção. Entendemos que a produção quis levar um pouco dos tempos atuais, porém, utilizar músicas modernas em versões clássicas para bailes e outras cenas, atrapalhou um pouco a imersão na atmosfera da série. Em alguns momentos, a produção ainda se perde um pouco em seus posicionamentos.

Com uma mistura de romance, drama, luxo e muita sensualidade, Bridgertons é uma série muito bem construída, onde você assiste e não vê o tempo passar. Mesmo com episódios longos, é uma série muito bem feita, com figurinos lindos, mistura de personagens e foco na ideia principal. O enredo de fofocas e intrigas é extremamente instigante mas, ao mesmo tempo, faz pensar.

Apesar de já ter sido anunciada sua segunda temporada, os novos episódios do drama produzido por Shonda Rhimes ainda não começaram a ser gravados. Em comunicado pelas redes sociais, a Netflix anunciou que Simon, duque de Hastings, não estará presente na segunda temporada. A história focará na vida amorosa de Anthony Bridgerton. A Netflix ainda não confirmou o restante do elenco da próxima temporada.

Confira o trailer da primeira temporada de Bridgerton:

Trailer oficial da série Bridgerton (Vídeo: Divulgação/Netflix)

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Thariany Mendelski
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