CRÍTICA: “Como Cuidar de um Bebê Elefante” retrata linda relação do homem com a natureza

O documentário indiano foi o vencedor da categoria em curta-metragem na 95ª edição do Oscar

Gabriel Jaeger
Redação Beta
3 min readMar 24, 2023

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Foto: Reprodução/Netflix

Diante de lindas imagens e cores vibrantes, o filme Como Cuidar de um Bebê Elefante, disponível na Netflix, busca retratar a história de um casal do sul da Índia que adotou um bebê elefante órfão após ser encontrado quase sem vida na reserva florestal do Parque Mudumulai, na vila de Theppakadu. O documentário, dirigido pela cineasta Kartiki Gonsalves, foi premiado como melhor documentário em curta-metragem no Oscar 2023.

Diferentemente do que o público está acostumado a assistir, os 40 minutos desta obra trazem um estranhamento perante a cultura indiana, em que a natureza é amada e protegida pelos humanos e os animais são extremamente respeitados. O casal Bomman e Bellie, em meio às dificuldades da vida, cuida do elefante Raghu com o maior amor e carinho que pode oferecer. A relação do casal aconteceu a partir deste acontecimento e sentimento de paternidade.

Apesar de não contar detalhadamente como funciona o parque florestal e nem contextualizar sobre a condição de vida dos cuidadores, Gonsalves recompensa o filme com cenas lindíssimas do pôr-do-sol, da beleza da floresta, dos animais que vivem ali e da bela convivência exótica da família. Além disso, essa magia da relação entre eles é vista também na religião. No hinduísmo, os elefantes são animais sagrados por representarem a reencarnação de Ganesh, um deus com cabeça de elefante que simboliza a sabedoria, boa sorte e prosperidade. Em algumas cenas dos rituais religiosos, aparecem diversos elefantes filhotes pintados de giz na cabeça e com colares de flores pendurados.

Momento em que o casal e os elefantes estão prontos para o ritual religioso. Foto: Divulgação/Netflix

Realmente, durante os três anos de gravações, o casal indiano trata o elefante como se fosse um filho, superando o tratamento de várias pessoas com animais domésticos, como gato ou cachorro, por exemplo. Até pelo fato de ser um desafio muito mais difícil, já que o elefante muitas vezes pode ser agressivo. Em um momento do documentário, Bellie afirma que é como cuidar de uma criança, já que o higieniza, alimenta, mima, faz passeios, briga e, até mesmo, pede desculpas. Em momentos de tristeza, o elefante servia como consolação pelas perdas de ambos, o que salienta ainda mais esse laço familiar.

Já na metade para o fim do curta-metragem, Raghu ganha praticamente uma irmã chamada Ammu, que recebe os mesmos cuidados. Inicialmente, há um ciúme do elefante sobre Ammu com seus “pais”, mas essa novidade aumenta ainda mais o amor entre os quatro integrantes da família. Sem precisar de muito esforço, a diretora de Como Cuidar de um Bebê Elefante consegue transmitir toda a rotina dos personagens, nos momentos de alegria e angústia. Eles vivem em uma situação extremamente difícil, mas encantam a todos com a simplicidade, empatia e compaixão que compartilham. É impossível não admirar este amor e a conexão das pessoas com a natureza.

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