CRÍTICA: Maternidade no recomeço da raça humana

Enredo de “I Am Mother”, filme da Netflix, aborda a extinção do homem e a criação de pessoas perfeitas

Daniela Cristófoli
Redação Beta
3 min readApr 2, 2020

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I Am Mother (Reprodução/Netflix.com)

I Am Mother é um filme da Netflix que conta a história de concepção e criação de uma pessoa (identificada somente como Filha) por um robô (Mãe), após a extinção da humanidade. Durante o desenrolar do longa, lançado em 2019, são colocados à prova os valores humanos e apresentadas algumas questões éticas sobre a vida.

Cena do filme I am Mother (Reprodução/ternor.com) .

Um dos temas principais do longa é o desafio da maternidade, apresentado de diferentes ângulos, desde a gestação, com os cuidados básicos de um ser humano, até a sua formação intelectual. A maneira como a robô cria a garota é um exemplo positivo de como os filhos deveriam ser criados pelos seus pais atualmente. Há um recorte especial para a afeição e os sentimentos de confiança envolvidos na relação materna, ainda que esta mãe seja incomum.

No entanto, o tratamento não é perfeito, pois há uma proteção exagerada sobre a Filha, que cresce dentro de um abrigo construído para a recriação da raça humana. O extinto de proteger o que amamos é muito natural — inclusive no reino animal — , mas até que ponto ele é saudável? Quais são os seus limites?

Cena do filme I am Mother (Reprodução/ternor.com).

Estes são questionamentos trazidos no filme e até colocados como alguns dos motivos pelos quais a raça humana foi extinta. A inteligência artificial que comanda os robôs (criada pelos humanos) decidiu por iniciar “do zero” com uma “leva” de humanos perfeitos. Para essa inteligência, éramos pragas que contribuíam para a autoextinção e destruição do planeta Terra. Ao mesmo tempo, os robôs entendem que a vida humana é incrível e deve ser preservada. O maior objetivo era nos proteger de nós mesmos, por mais que isso custasse, inicialmente, nossas vidas.

Cena do filme I am Mother (Reprodução/ternor.com).

Porém, no meio desta trama, é apresentada a terceira personagem, uma mulher que coloca em xeque toda a confiança cultivada entre Mãe e Filha. É ela que levanta dúvidas sobre a extinção dos humanos e dos objetivos na criação da menina. Poderia revelar aqui o motivo real da presença dessa terceira personagem no longa, mas o spoiler provavelmente estragaria o final para os leitores.

Cena do filme I am Mother (Reprodução/ternor.com).

Filmes que apresentam robôs sob essa ótica não são novidade. Apesar de haver outras produções que abordam essa temática, acredito que o diferencial de I Am Mother está na relação materna criada entre robô e humana. Para além do enredo, o filme é impecável na apresentação das máquinas, com efeitos realmente bem empregados. O trabalho artístico não deixa a desejar na atmosfera robótica da trama, com efeito visuais bem detalhados e que conferem à produção imagens muito próximas da realidade.

Este filme realmente é uma pedra preciosa garimpada no catálogo da Netflix, com um final que deixa aquele gostinho de quero mais.

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