CRÍTICA: Em remake de “Amor, Sublime Amor”, a coadjuvante Ariana DeBose rouba a cena

Versão dirigida por Spielberg conserta erros do passado e apresenta mulheres fortes na narrativa

Karolina Bley
Redação Beta
4 min readApr 1, 2022

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Ariana DeBose interpreta Anita em “Amor, Sublime Amor”. (Imagem: Reprodução/20th Century Studios)

A nova versão de Amor, Sublime Amor, do diretor Steven Spielberg, certamente deixará os fãs de musicais contentes. O filme — inspirado no romance de 1961 de mesmo nome — conta a história de duas gangues rivais que disputam o controle de um bairro de Nova Iorque do final dos anos 50. De um lado, temos os Jets, estadunidenses brancos, e do outro temos os Sharks, descendentes de porto-riquenhos.

É dentro dessa rivalidade que vemos nascer o amor entre dois jovens: Maria (Rachel Zegler), de origem porto-riquenha e irmã do líder dos Sharks, e Tony (Ansel Elgort), estadunidense que já foi integrante dos Jets. Com a vibe de Romeu e Julieta, o casal se apaixona no instante em que se encontra, contudo, desde o princípio, sabem que precisarão lutar por esse amor, pois estão indo contra as suas famílias e amigos.

Rachel Zegler e Ansel Elgort interpretam os protagonistas Maria e Tony. (Imagem: Reprodução/20th Century Studios)

A produção de Amor, Sublime Amor (2021) foi certeira na hora de corrigir erros da versão de 61. Na seleção de elenco da primeira versão, escolheram atores brancos, os quais tiveram seus rostos pintados em tons de marrom para interpretar os porto-riquenhos. Já no remake, os atores escolhidos para tais personagens são de origem latina. Outra diferença é que as personagens femininas são representadas de maneiras muito mais independentes e maduras.

Spielberg entrega mais um projeto de direção impecável em seu primeiro musical, entretanto, teve seu trabalho facilitado pela equipe que trabalha com toda a parte cenográfica do filme. Os figurinos são belíssimos e caracterizam bem cada grupo de personagens. Enquanto os latinos usam roupas de tons mais vivos, quentes e alegres, os estadunidenses usam cores mais sóbrias e frias. Os cenários, que podem parecer simples, trazem um ar de conforto e são muito bem utilizados a cada cena musical.

Os grupos Jets e Sharks competiam por soberania em bairro de Nova Iorque. (Imagem: Reprodução/20th Century Studios)

Por falar em cenas musicais, as danças de Amor, Sublime Amor, coreografadas por Justin Peck, são contagiantes, muito bem planejadas e performadas. Um destaque especial, tanto para a música quanto para a dança, é “America”. Este é um dos momentos mais marcantes do filme, que traz como vozes principais o irmão de Maria, Bernardo (David Alvarez), e sua noiva, Anita (Ariana DeBose). A música retrata o “sonho americano” de Anita nas terras estadunidenses e de como ela se ilude achando que lá é um local onde será bem acolhida. Em contraponto, Bernardo mostra, durante a música, as desigualdades sociais vividas pelos latinos nos Estados Unidos.

Ariana DeBose e David Alvarez são as principais vozes da canção “America”. (Imagem: Reprodução/20th Century Studios)

Anita é a personagem mais forte e destemida do musical. Um ponto interessante, é que na primeira versão a personagem de Ariana DeBose foi interpretada por Rita Moreno, que retornou para o remake de Spielberg, porém, interpretando Valentina. A personagem de Moreno no filme de 2021 é uma porto-riquenha que se mantém entre as duas gangues, tentando apaziguar a guerra e trazendo conselhos sábios aos homens que só pensam em combates.

Apesar de Rita Moreno ser um ícone do cinema, Ariana DeBose não intimidou-se e soube dar vida a Anita de forma genial, o que garantiu a ela diversos prêmios de Melhor Atriz Coadjuvante, entre eles: o British Academy Film Awards (BAFTA) — considerado o Oscar britânico — , o Globo de Ouro, o Screen Actors Guild (SAG) — prêmio da academia de atores — e o prestigiado Oscar. DeBose consegue entregar comédia, drama e ótimas performances musicais, roubando a cena em diversos momentos do filme. O carisma da personagem Anita acaba deixando a história do casal Maria e Tony desinteressante por boa parte da narrativa.

Rita Moreno interpreta Valentina na versão de 2021 de “Amor, Sublime Amor”. (Imagem: Reprodução/20th Century Studios)

Amor, Sublime Amor entrega o que a maioria dos fãs de musicais gostam: boas músicas, ótimas coreografias, belos figurinos, atores talentosos e capacitados para esse tipo de filme, e um romance jovem dos personagens principais. Para o público que já não aprecia muito os musicais, talvez esse não seja um filme muito atrativo, apesar de ser uma bela obra que deveria ser apreciada por todos.

O filme está disponível na plataforma de streaming Disney+. Assista ao trailer:

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